Além do Rio Taquari, que desde a década de 70 está passando por um processo de assoreamento, agora é a vez dos olhos se voltarem para o córrego Urucum, que faz parte do Maciço do Urucum, em Corumbá. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) investiga as causas de o córrego estar secando. E o pior: pode desaparecer.
Conforme o instituto, a atividade mineradora do local, além de outras intervenções industriais e agropecuárias na região podem ser as causas mais fortes, mas como o caso ainda está em estudo, os Ibamas de Brasília e Mato Grosso do Sul se reuniram hoje em Campo Grande para traçar as estratégias e definir regras para detectar a fonte desse problema.
Como a mineração é a atividade mais forte da região, outro córrego também fará parte do estudo: o Arigolândia, que também faz parte do complexo do Maciço do Urucum. Nesse caso, ao invés de estar secado, o local apresenta altos índices de manganês e ferro nas análises feitas em sua água.
De acordo com o Ibama, toda essa região que engloba a Morraria de Urucum precisa ser melhor estudada e monitorada já que abriga uma série de nascentes, que formam a bacia hidrográfica do município de Corumbá.
Eles consideram que o principal impacto já sentido na região é a diminuição da vazão de água dos córregos que formam essa micro-bacia.
Responsáveis
Muitas mineradoras estão instaladas na região e consomem três vezes mais água na produção de minério de ferro do que todo o consumo de água da cidade de Corumbá, que tem mais de 90 mil habitantes.
Apesar de toda essa realidade, essas empresas têm planos de ampliar a produção e extração de minérios no Maciço, o que não é ilegal nem danoso, caso seja feita de modo sustentável e com respeito ao meio-ambiente.
A Mineração Urucum, por exemplo, uma das empresas que opera no Maciço, já foi multada por descumprir medidas contidas na licença de operação da empresa registrada no Ibama.
Após a multa a empresa aceitou assinar um Termo de Ajustamento e Conduta (TAC) com o Ibama, o Ministério Público Estadual (MPE/MS) e o Departamento Nacional de Produção Mineral. A maior parte das medidas contidas no TAC foi adotada pela mineradora, mas o risco de desaparecimento do córrego Urucum permanece.
Por causa disso, a área técnica do Ibama está avaliando o conjunto de medidas adotadas até agora pela mineradora para estancar o processo de secagem das águas do córrego Urucum. O desaparecimento do córrego é objeto também de dois inquéritos ambientais civis que estão em mãos da Promotoria de Meio Ambiente de Corumbá.