Terça-feira, 18 de Março de 2008, 12h:36 -
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Shell estuda produzir álcool no Brasil
Da Redação
A anglo-holandesa Royal Dutch Shell planeja entrar no ramo de produção de ETANOL no Brasil a partir de parcerias. A petroleira está desenvolvendo com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) projetos de pesquisa e desenvolvimento do produto. E já conversa com usineiros. Entre as opções, além da cana, estão resíduos de madeira e cascas de árvores como matéria-prima do combustível. Ainda em fase de estudo, os detalhes do projeto são sigilosos.
O diretor-executivo de abastecimento da matriz, Rob Routs, esteve no Brasil na semana passada para conhecer a produção brasileira. A Shell é a maior comercializadora de ETANOL do mundo, com 5 bilhões de litros comercializados no ano passado. "Muito disso (1,8 bilhão) é proveniente do Brasil. Nós trazemos muito ETANOL do Brasil com o objetivo de trazer para a Europa e outros lugares no mundo onde o produto é misturado com gasolina", disse. "É encorajador ver o que está acontecendo com o ETANOL no Brasil", afirmou o diretor-executivo Rob Routs durante o evento "2008 Strategy Update", realizado ontem em Londres. Na ocasião, a companhia apresentou para jornalistas e analistas do mundo todos seus principais projetos, entre os 50 que estão em andamento.
Maior petrolífera da Europa, a Shell investiu US$ 60 bilhões nos últimos cinco anos.
Por mais diversificação que esteja buscando incorporar ao portfolio - a produção de gás natural crescerá mais que a de petróleo - o grande desafio da empresa é repor as reservas de óleo. No ano passado, a empresa produziu 1,2 bilhão de barris de óleo equivalente e conseguiu repor 1,5 bilhão graças ao desenvolvimento de campos descobertos no Golfo do México (EUA), Austrália, Noruega.
Para continuar o processo de recomposição de reservas, a Shell mira também o Brasil. Além dos campos Ostra, Argonauta e Abalone que vão começar a produzir petróleo pesado neste ou no próximo ano na Bacia de Campos, a empresa possui ainda três blocos localizados na camada pré-sal. O diretor-executivo de exploração e produção da Shell, Malcolm Brinded, destacou o uso de tecnologia própria para explorar óleo e gás a mais de cinco mil metros de profundidade.
O executivo destacou que a empresa conseguiu resultados positivos em áreas da Malásia e do Golfo do México graças ao desenvolvimento de tecnologia avançadas de exploração. "Temos muito interesse nestes projetos", acrescentou o executivo da companhia sobre as concessões das áreas que a Shell possui ao redor do compo de Tupi, na Bacia de Santos. O BM-S-8, no qual a empresa anglo-holandesa é parceira da Petrobras, já começou a ser perfurado.
A Shell é dona, sozinha, de uma área pré-sal na região, o BM-S-54. A companhia estuda quando vai começar a perfurar o bloco e pode antecipar os trabalhos de sísmica. O vice-presidente de exploração e produção para as Américas, Russ Ford, disse que a companhia está decidindo se a sonda de perfuração contratada vai para Santos ou para outros blocos em exploração.
Patrícia Garcia, executiva da Shell no Brasil, lembra que a empresa possui dez áreas de exploração no País. Além disso, o campo de Bijupira-Salema, na Bacia de Campos, já exporta 35 mil barris de petróleo pesado por dia. A produção de mais 100 mil barris diários dos outros três campos na mesma região também será vendida ao exterior.
As maiores apostas da Shell para até 2012 são Canadá, Cazaquistão, Nigéria, Austrália e Qtar, este um dos principais produtores de gás natural liqüefeito (GNL). Diante da aquecida demanda por gás natural, a empresa está construindo cinco plantas de liquefação, capazes de transformar gás do seu estado natural para o estado liqüefeito - duas na Austrália, duas na Rússia e outra no Qtar.
De 2013 a 2015, o GNL responderá por mais de 20% da produção da companhia anglo-holandesa. As reservas provadas de barris de óleo equivalente eram de 11,9 bilhões até o final do ano passado.
O mercado de combustíveis dos países asiáticos também esta na mira da Shell. Rússia, Índia, Malásia, Turquia e, claro, a China receberão investimentos em distribuição e postos de gasolina. A companhia está expandindo a capacidade de produção de uma refinaria nos Estados Unidos de 335 mil barris para 600 mil barris diários processados. Também tem um projeto de construção de uma central petroquímica em Cingapura. (GAZETA MERCANTIL - SP)