A resistência do setor de serviços, que representou 55% do Produto Interno Bruto (PIB) pela ótica da oferta em 2008, é um dos fundamentos para a projeção de crescimento de 0,8% da economia brasileira realizada pelo Banco Central para este ano, afirmou nesta sexta-feira (26) o diretor de Política Econômica da instituição, Mário Mesquita. Para os serviços, a estimativa de crescimento em 2009, do Banco Central, passou de 1,7% para 2,1%, na contramão de outros setores da economia.
Atividade industrial
A projeção do BC para a atividade industrial em 2009, por exemplo, é de uma contração de 2,2% - ante a expectativa anterior (feita em março) de um aumento de 0,1%.
"A atividade industrial, setor mais atingido pela deterioração das expectativas [resultado da crise financeira internacional], deverá recuar 2,2% em 2009, ante o aumento de 0,1% previsto no relatório anterior", informou o BC, por meio do relatório de inflação.
Para a indústria de transformação, a queda deverá ser de 4,2% neste ano, segundo o BC, que antes projetava um recuo menor: de 1,6%. Já a construção civil deverá ter retração de 0,5% em 2009, na avaliação da autoridade monetária, contra a estimativa anterior de um crescimento de 2,7%.
Agropecuária
A agropecuária, por sua vez, deverá ter uma retração de 0,8% neste ano, pior do que a projeção anterior de um recuo de 0,1%. Segundo o BC, essa revisão é um movimento consistente com a incorporação, nas estatísticas, de "adversidades climáticas" - como secas no sul e excesso de chuvas no Norte e Nordeste.
Investimentos
Pela ótica da demanda, o BC informou que a principal revisão do PIB aconteceu nos investimentos. Em março, a autoridade monetária previa um crescimento de 0,7% neste ano, valor que recuou para uma retração de 5,1% nesta sexta-feira.
"A revisão deste componente, o mais sensível variações nas expectativas do produto, esteve associada, em grande parte, ao recuo interanual de 14% observado no primeiro trimestre do ano e às perspectivas limitadas de recuperação dos investimentos em um cenário de ociosidade no nível de utilização da capacidade instalada [parque fabril]", avaliou o BC. Para o consumo das famílias, a projeção de crescimento para este ano passou de 1,6% para 1,5% e, para o consumo do governo, saltou de 2,4% para 2,8%.