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Economia Quinta-feira, 03 de Janeiro de 2008, 07:22 - A | A

Quinta-feira, 03 de Janeiro de 2008, 07h:22 - A | A

\"Não é um bom começo\", diz Garibaldi sobre CPMF

Invertia

Mal o governo federal anunciou o pacote para compensar a perda da CPMF e a repercussão foi imediata no meio político. Mesmo longe de Brasília, deputados e senadores mandaram o recado: desse jeito o governo vai ter problemas para aprovar o Orçamento para 2008. A oposição, que derrubou a CPMF mas também ajudou o governo a aprovar a Desvinculação de Receitas da União, acusa o Palácio do Planalto de traição. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi taxativo em meio ao tiroteio: "Não é um bom começo".

Para compensar a perda dos R$ 40 bilhões previstos com o que viria da arrecadação do "imposto do cheque", o governo anunciou que cortará R$ 20 bilhões em gastos - mas não avisou onde ainda - e compensará R$ 10 bilhões com aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras, o IOF, e a Contribuição Social Sobre Lucro Líquido.

Preocupado, Garibaldi Alves disse que o governo corre o risco de começar uma relação com o Legislativo este ano pior do que o clima gerado pela crise em 2007. E disse que o único caminho para remediar isso é o Planalto abrir espaço para a oposição participar do debate sobre os cortes nos gastos.

"Creio que esse anúncio deveria ter sido antecedido por entendimentos entre as lideranças do governo e da oposição", explicou Garibaldi Alves. "O confronto não interessa. O governo não tem como cortar, e a oposição não tem como contribuir porque não é chamada. O governo não pode simplesmente pegar uma tesoura e cortar, mas procurar essa saída com os adversários."

Por mais diplomática que seja, a sugestão do presidente do Senado já esbarra na grita da oposição. Os líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), acusou o governo de traição e disse que o partido vai endurecer o discurso e dificultar a vida do Planalto no início do Ano Legislativa mês que vem.

"Sobre os cortes, o governo poderia se apresentar assim: Vamos encerrar as atividades do ministério tal", ironizou Agripino. "O governo anuncia aumento de cortes com aumento de impostos, isso é gesto de traição."

Num acordo com a oposição para aprovar a DRU em plenário no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo os adversários, prometera não aumentar a carga tributária. Agora, mais uma vez será alvo da artilharia da oposição.

Traição foi a palavra usada também pelo líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

"Me sinto traído. Houve rompimento do acordo feito com a oposição", lamentou Virgílio. "Somos contra o aumento de carga tributária, venha de onde vier. Isso mostra que o governo não quer parar de gastar, nem tem compromisso com a austeridade."

Nesse cenário já previsto de nova guerra entre Planalto e Congresso, o presidente do Senado, rescaldado, embora tenha proposto o diálogo, disse que não levará esse pedido a Lula.

"Não vou propor porque só se propõe quando é chamado. De qualquer maneira, não é bom fazer isso (os cortes nos gastos) às escuras", observou Garibaldi Alves. "Minha opinião é que se chamem os líderes da oposição para participar. O governo tem os seus interlocutores para dialogar, para que pudéssemos iniciar o ano sem o tumulto do ano passado."

Orçamento
A oposição já sabe como vai pressionar o governo a aumentar o corte de gastos para que não sacrifique mais a população com aumento de impostos, como anunciado ontem. Ameaça obstruir a votação do Orçamento de 2008, que ficou para este ano justamente por causa da queda da CPMF.

"Será um repúdio total", avisou o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Carlos Pannunzio (SP). "Para aprovar a DRU, o governo fez um acordo com a oposição, e não honrou o compromisso. Se o governo quer discutir, seria muito prudente debater com a oposição, porque ainda não foi aprovado o Orçamento para 2008."

O líder do DEM no Senado foi mais duro no discurso:

"Anunciamos desde já que vamos armar barricadas contra a aprovação do Orçamento."

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