O dólar comercial fechou em alta pelo segundo dia seguido nesta segunda-feira (5), após a China ter cortado sua meta de crescimento neste ano e dados endossarem preocupações com a atividade na zona do euro. O Banco Central voltou a atuar no mercado de câmbio e os investidores estão na expectativa do anúncio de mais medidas para conter uma nova série de quedas da moeda norte-americana.
A moeda norte-americana avançou 0,24%, cotada a R$ 1,7367 para venda.
Nos primeiros dias de março, o dólar acumula alta de praticamente 1% (0,97%). No ano, contudo, a queda ainda está na casa dos 7,05%.
Na tarde desta segunda-feira, o BC realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista, definindo como corte a taxa de R$ 1,7346.
Atuação do governo
"O dia hoje lá fora não está bom e também pesa a possibilidade de o governo atuar no câmbio. Os últimos recados do governo têm sido muito firmes e o mercado tende a dar uma segurada nas apostas contra o dólar por enquanto", disse o diretor de câmbio da Intercam Corretora, Jaime Ferreira.
O governo tem endurecido o discurso contra a valorização excessiva do real e as políticas expansionistas de países desenvolvidos, que têm inundado o sistema financeiro de dólares e reduzido a competitividade de nações emergentes.
Na Alemanha, a presidente Dilma Rousseff disse que o governo brasileiro estuda novas medidas para proteger o câmbio. Ela afirmou que outras ações estão sendo analisadas, mas negou haver estudo para a imposição de uma "quarentena", que estabeleceria um prazo mínimo de permanência do capital estrangeiro no país.
Apenas na última quinta-feira, o Brasil anunciou duas medidas para frear a depreciação do dólar.
Os analistas da Capital Economics chamaram atenção para o retorno dos fluxos de capital a países da América Latina. Em relatório, eles disseram esperar mais intervenções nos mercados de câmbio por meio de controles de capital e novas restrições a empréstimos bancários.
"Mas a história sugere que, embora tais medidas possam alterar a composição dos fluxos de capital, é improvável que elas evitem todos os problemas", acrescentaram.
Desde o início do ano, já ingressam ao Brasil mais de US$ 12,5 bilhões em termos líquidos, segundo dados do próprio BC.
Mercados internacionais
A alta do dólar nesta segunda também refletiu o mau-humor nos mercados internacionais, em meio a renovadas preocupações com a economia mundial, após a China cortar sua meta de crescimento econômico neste ano e dados referendarem temores com a fraqueza da atividade na zona do euro.
Os dólares australiano e neozelandês, de perfil semelhante ao real, também perdiam terreno frente ao dólar norte-americano. O euro, contudo, sustentava ligeira alta. (Fonte: G1)