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Rosangela Ferreira
Um papel em branco, uma caneta e emoções transbordando o peito. Foi assim que a professora Rosangela Ferreira da Silva, da rede municipal de Campo Grande (MS), reencontrou na escrita um caminho de expressão, cura e arte. Aos 38 anos, ela foi selecionada para integrar a Coletânea Nacional de Literatura Brasiliê, que será lançada na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 22 de junho.
Moradora do bairro Los Angeles, periferia da capital sul-mato-grossense, Rosangela assina dois textos na obra: o conto O menino que não gostava de cortar as unhas e a poesia Mato Grosso DO SUL, uma crítica bem-humorada à recorrente confusão entre Mato Grosso do Sul e o vizinho Mato Grosso. “É uma forma leve de dizer que temos identidade, cultura e história próprias”, afirma a autora.
O projeto reúne autores de 23 estados e do Distrito Federal, com textos nas categorias conto, crônica e poesia. Rosangela participará de sessão de autógrafos no estande da editora, ao lado de outros escritores da coletânea.
Raízes simples e amor pelos livros
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Rosangela Ferreira
Filha de um funileiro e pintor, e de Angelina — que trabalhou como diarista —, Rosangela foi alfabetizada antes mesmo de frequentar a escola. Ainda criança, acompanhava a mãe nos dias de faxina e aproveitava para ler os livros disponíveis nas casas onde ela trabalhava. “Era para eu ajudar, mas acabava me perdendo nas histórias”, relembra.
Desde então, escrever tornou-se um modo de existir. “Sempre tive dificuldade de verbalizar o que sentia. Escrevia cartas, versos, letras de música, poesias...”, conta. Após quase uma década de bloqueio criativo, retomou a escrita como forma de superação. “Hoje escrevo o que sinto — ou o que ouço de outras pessoas. Me aproprio das histórias e transformo em versos.”
Escrever para transformar
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Rosangela Ferreira
Apaixonada por educação, Rosangela vê na leitura uma ferramenta de transformação social. “Ler nos leva a lugares incríveis, desenvolve nossa imaginação e nos ensina a escrever, pensar e ser melhores. Quero que meus alunos entendam que escrever também pode ser uma forma de libertação”, afirma.
Além da participação na Bienal, a professora comemora o lançamento de seu primeiro livro solo: Sentimentos em Palavras: A todos (as) que já amei, publicado em 2024 pela Caravana Grupo Editorial. A obra reúne poesias dedicadas a pessoas marcantes em sua trajetória e está disponível para compra no site da editora.
“Quero publicar mais livros e continuar escrevendo sobre as dores e alegrias da vida — minhas e das pessoas ao meu redor”, conclui Rosangela, que embarca para o Rio com os pés no chão e o coração cheio de sonhos.
