Apesar de a Polícia Federal ter ido hoje cedo à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para cumprir o mandado de reintegração de posse da sede do local, onde mais de mil sem-terras, entre crianças, adultos e idosos - membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetagri) – estão ocupados há cinco dias, os manifestantes afirmam que não irão deixar o local até que o governo providencie um abrigo para as mais de 500 famílias.
“Se não arranjarem um lugar para a gente nós ocuparemos o canteiro central da Afonso Pena”, afirmou o presidente da CUT, Alexandre Costa, que informou ainda que a polícia prometeu voltar lá, ainda na tarde de hoje, para cumprir definitivamente o mandado de reintegração. “Não temos onde colocar toda essa gente e se eles nos obrigarem a sair daqui sem nos colocarem em outro local, vai haver briga”, defendeu.
Os sem-terra reivindicam que sejam cumpridas as metas de reforma agrária em Mato Grosso do Sul, que segundo os manifestantes estão paradas e sendo realizadas de maneira insuficiente. O presidente da CUT destaca duas áreas que já são do Incra, mas que até agora não foram divididas e sorteadas entre as famílias: a Fazenda Indaiá, em Aquidauana, que pretende abrigar 400 famílias e a Santo Antônio, em Itaquiraí, onde cerca de 1,3 mil famílias esperam ser assentadas.
“Isso é uma vergonha. O Incra aqui do Estado não está cumprindo suas metas e não está aplicando todos os créditos enviados pelo governo federal na reforma agrária”, acusou Costa.
Em reunião na manhã de hoje, apenas as polícias civil e militar conversaram com os manifestantes, tentando convencê-los a se retirarem do local.
Com o superintendente regional do órgão, Flodoaldo Alves, os sem-terra não se reuniram “e nem queremos. Conversamos com ele o ano inteiro e ele não fez nada por nós. Estamos agora aguardando o representante de Brasília para dar um ponto final nessa situação”, defende o presidente da CUT, se referindo ao representante do Incra na capital federal, Celso Lisboa de Lacerda, que chega em Campo Grande na quarta-feira para estudar a situação e chegar a um acordo.