A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) deixou de ser apenas um desconforto estomacal para se tornar um desafio de saúde pública, com impactos que vão do aparelho digestivo às vias respiratórias. “O refluxo deixou de ser um simples incômodo gástrico para se tornar um problema com impactos respiratórios, metabólicos e emocionais importantes”, alerta o cirurgião Wilson Cantero, especialista em aparelho digestivo e cirurgia bariátrica.
Segundo o médico, além da queimação, a DRGE pode provocar tosse crônica, sinusite, dor na arcada dentária e até problemas auditivos. Estudos recentes apontam causas multifatoriais, como obesidade, hábitos alimentares ruins e até predisposição genética. “Alterações no gene GPR35 foram ligadas à maior suscetibilidade ao refluxo ácido”, cita Cantero, com base em pesquisa publicada no Journal of Gastroenterology.
Com o avanço tecnológico, exames mais precisos como a impedância-pHmetria esofágica e a manometria têm sido fundamentais para diagnóstico de casos complexos. “Hoje conseguimos detectar episódios de refluxo ácido e não ácido com mais clareza e precisão”, explica.
Para além da medicação, o tratamento inclui perda de peso, alimentação equilibrada e corte de bebidas com cafeína como café, chimarrão e tereré. Casos mais graves, que não respondem aos remédios, podem ser tratados com cirurgia. “A fundoplicatura laparoscópica e o sistema LINX devolvem qualidade de vida a quem sofre com sintomas persistentes”, destaca.
A medicina também avança com uso de probióticos como Lactobacillus reuteri e terapias biológicas para controlar inflamações, além do uso de inteligência artificial para personalizar o cuidado.
“Tratar cedo evita complicações como úlceras, esofagite e até câncer de esôfago. A boa notícia é que temos, hoje, muito mais recursos para tratar com eficácia”, conclui o Dr. Wilson Cantero.