Mesmo com previsão inicial de leilão ainda em 2025, o processo de concessão da hidrovia do Rio Paraguai — entre Corumbá e Porto Murtinho — deve ficar para o início de 2026. A modelagem prevê investimento de R$ 43,2 milhões nos primeiros cinco anos e autorização para o vencedor cobrar tarifa de cerca de R$ 1,30 por tonelada transportada. Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), oito empresas demonstraram interesse em disputar a administração do trecho.
As tratativas envolvem também a diplomacia com Paraguai e Bolívia, já que parte da hidrovia atravessa seus territórios. O Paraguai exige análise do projeto por seu Congresso. “Cada país tem sua legislação, mas esse trâmite é mais simples lá do que no Brasil”, afirmou Dino Antunes, secretário nacional de Hidrovias. Ele acredita que a agenda brasileira não será atrasada, destacando que há “um alinhamento técnico bem construído”.
Além das conversas institucionais, a proposta levada ao Tribunal de Contas da União (TCU) passou por consulta pública, em que empresas nacionais e estrangeiras sugeriram ajustes no modelo. Dino garantiu que não haverá mudanças significativas: “Estamos avaliando apenas alguns pontos de alocação de risco. O mercado respondeu bem à proposta”, disse o secretário.
A disputa acontecerá em duas etapas, sendo que na primeira fase a LHG Mining — empresa do grupo J&F e maior usuária da hidrovia — ficará impedida de participar. A medida busca evitar concentração de mercado. Caso não haja interessados, a empresa poderá fazer sua proposta. Atualmente, a LHG transporta 75% das cargas da hidrovia e recentemente comprou 400 barcaças e 21 empurradores, o que deve consolidá-la como a maior operadora da rota.