Avanço da inteligência artificial aumenta demanda por eletricidade em centros de dados
Em um mundo onde mais de 90% das informações já são digitais, os data centers são as estruturas responsáveis pelo processamento desses dados. Eles são essenciais, por exemplo, para manter a internet funcionando.
A digitalização trouxe avanços consideráveis em diversas áreas ao redor do mundo, mas tem um custo. Segundo um estudo da Agência Internacional de Energia, o consumo de eletricidade nos data centers deve dobrar até 2030.
Especialistas apontam que esse aumento está relacionado, principalmente, ao uso da inteligência artificial. A tendência é que essas estruturas passem a consumir mais energia do que países inteiros, como o Japão, uma das maiores economias globais.
Estudo detalha aumento no consumo de energia
Atualmente, os centros de dados representam 1,5% de toda a eletricidade consumida no mundo. Com a nova estimativa, essa participação pode chegar a cerca de 3% nos próximos cinco anos.
De acordo com a análise divulgada em 2024, essas estruturas consomem hoje 415 terawatts-hora (TWh) por ano. A projeção para 2030 é de 945 TWh, um crescimento causado principalmente pelo avanço da IA.
Embora as tecnologias de inteligência artificial representem um grande progresso em vários setores, seu funcionamento exige uma infraestrutura mais robusta, o que eleva o consumo de energia.
Por exemplo, para que um assistente virtual como o ChatGPT possa responder a uma pergunta, há um pequeno gasto energético envolvido. Em larga escala, essa operação representa um desafio em termos de sustentabilidade energética.
Estados Unidos e China lideram o aumento
Segundo o relatório, Estados Unidos e China serão responsáveis por 80% do aumento projetado no consumo global de energia pelos data centers.
Nos Estados Unidos, a alta prevista é de 130% em relação aos níveis de 2024. Já na China, a estimativa é ainda maior, com um crescimento de 175%. A Europa também deve ganhar espaço, com aumento estimado de 70% no consumo.
Esses países, que lideram as economias globais, também estão à frente nos avanços tecnológicos. Ambos têm um papel central no desenvolvimento e na aplicação de soluções baseadas em inteligência artificial.
A rivalidade comercial entre China e Estados Unidos, marcada por disputas tarifárias, também se reflete no setor tecnológico. O recente lançamento do DeepSeek pela China, por exemplo, causou impacto no mercado e afetou as ações da OpenAI, responsável pelo ChatGPT.
Campanha destaca impacto ambiental e soluções sustentáveis
A projeção de aumento no consumo de energia fez parte de uma campanha divulgada pela Hostinger, com o objetivo de informar sobre os impactos ambientais dos data centers e apresentar alternativas sustentáveis para reduzir esse consumo.
A própria Hostinger, que atua no setor de hospedagem de sites, utiliza IA e depende de data centers. De acordo com Rafael Hertel, gerente nacional da empresa, desde o ano passado, 100% da energia utilizada nesses centros vem de fontes renováveis. Novas metas de sustentabilidade também estão em desenvolvimento.
“Na Hostinger, acreditamos que inovação sem sustentabilidade deixou de ser uma opção. Concluir a transição para 100% de energia renovável em nossos data centers em 2024 é reflexo de um compromisso contínuo com a eficiência e o planeta. Nosso papel é liderar pelo exemplo, mostrando que é possível oferecer performance e escalabilidade com responsabilidade ambiental”, explica Rafael.
Esse tipo de energia, como a solar, não se esgota e evita as limitações associadas a fontes não renováveis. Com a previsão de dobrar a demanda energética até 2030, essas iniciativas se tornam cada vez mais urgentes para um futuro equilibrado, sem diminuir os avanços tecnológicos.