Enquanto o número de endividados cresce no Brasil, varejistas registram melhora nos pagamentos e redução das dívidas desde junho
A inadimplência, que ocorre quando uma pessoa deixa de cumprir suas obrigações financeiras, segue em alta no Brasil. Um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que quase 72 milhões de brasileiros estavam com dívidas em atraso ao fim de setembro, aumento de 8,91% em relação ao ano passado.
Embora o cenário nacional seja de avanço nos atrasos, o crediário no varejo apresenta um movimento distinto. Desde junho, o índice vem caindo de forma contínua e chegou a 7,99% em outubro.
Os dados são do Índice de Inadimplência desenvolvido pelo Meu Crediário, que monitora dívidas feitas no varejo que já atingiram 90 dias de atraso.
Dados revelam queda na inadimplência do varejo
Desde junho, quando registrou pico próximo de 10%, o atraso no pagamento de compras parceladas apresenta redução mês a mês. Com o indicador abaixo de 8%, a expectativa é de um fim de ano com menor nível de endividamento nesse tipo de crédito.
O índice ainda está acima do registrado no mesmo período de 2024, quando a inadimplência estava em 6,99%. Porém, o cenário é mais favorável em comparação com 2023, quando os atrasos batiam 8,81%.
Segundo Roque Pellizzaro Júnior, executivo do SPC Brasil, em entrevista ao jornal “O Tempo”, a inadimplência no país está relacionada, entre outros fatores, ao impacto das redes sociais e ao consumo mais impulsivo.
No caso do crediário, por ser um modelo mais tradicional, esse comportamento não se repete com a mesma intensidade. Especialistas apontam que o Brasil enfrenta uma inadimplência estrutural, decorrente da falta de integração entre poder público e mercado na prevenção do endividamento.
Jovens lideram atrasos no crediário
A idade é outro ponto que diferencia os perfis de endividamento. No contexto geral do país, pessoas entre 30 e 39 anos representam quase 24% das dívidas atrasadas.
Já no crediário do varejo, os mais jovens concentram a maior parte da inadimplência. Aproximadamente 15% dos devedores têm entre 18 e 25 anos.
Os índices caem de maneira progressiva conforme a faixa etária aumenta, chegando a 4,91% entre pessoas com mais de 66 anos. O dado sugere que o controle financeiro tende a melhorar ao longo da vida.
Desafios e perspectivas para o setor
Ao todo, a pesquisa da CNDL com o SPC indica que 43% da população adulta do país está endividada. Apesar disso, houve desaceleração em relação a agosto, ainda que com leve alta de 0,21%.
No crediário do varejo, a média de 2025 está em 8,20%, e os números variam de acordo com o tipo de produto. Nos setores de roupas e calçados, o índice chega a 9,03%, enquanto em móveis está em 6,43%, reflexo de um crédito mais restrito neste último.
Para os lojistas, a inadimplência controlada melhora o fluxo de caixa, reduz perdas com cobranças e juros e aumenta a confiança para oferecer prazos e condições de pagamento mais atrativas.
Mesmo assim, especialistas reforçam a necessidade de cautela. O desafio do varejo para encerrar 2025 será manter a queda da inadimplência sem restringir o acesso ao crédito, buscando um ambiente mais estável e consumidores mais conscientes.

