O bicheiro Gumercindo Rodrigues dos Anjos (o Gugu), 69 anos, flagrado promovendo apostas dentro da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul há duas semanas, por equipe de reportagem da Rede Globo de Televisão, prestou depoimentos no final nesta sexta-feira, 18 de dezembro, na Deops (Delegacia Especializada de Ordem Política e Social), na Capital. Ele confirmou que fazia a atividade ilegal.
Gugu não quis conceder entrevistas à imprensa e permaneceu mudo após saída, apressada, da delegacia.
Ele já foi servidor da Assembleia de 1979 a 2000, quando se aposentou.
“Uma das estratégias dele, segundo seu depoimento, era somente oferecer o jogo do bicho a pessoas que ele via portando o crachá de visitante, para ele oferecer alguma loteria e, dependendo do interesse da pessoa ele fazer o jogo”, explica o delegado Silvano Mota, responsável pelo caso, à TV Morena.
Ao delegado, Gugu disse que não possui nenhum contato com o presidente da Casa de Leis, deputado estadual Jerson Domingos (PMDB). Na reportagem, ele aparece com um crachá de funcionário do gabinete do parlamentar.
Ele teria dito ao delegado que sempre pedia crachá de visitante e não informava exatamente aonde iria. Com o crachá, ele tinha livre acesso.
Ao repórter do Fantástico, na reportagem, Jerson disse: “Para mim, isso é desconhecido. Banca de jogo de bicho aqui na Assembleia Legislativa? Além de ser um absurdo, e eu não ter conhecimento disso, eu vou solicitar à nossa segurança da Assembleia Legislativa. A presidência vai tomar medidas em relação a isso.”
Quando o Capital News indagou aos deputados sobre o assunto e ouviu respostas do tipo: “Não ‘tô’ vendo essa maldade toda [na promoção do jogo do bicho]. É errado? É errado. Mas, tem coisa pior” (Marquinhos Trad – PMDB); ou “Por que nós fomos motivo de uma reportagem? Não podemos ser responsabilizados por atos que não são nossos” (Dione Hashioka – PSDB).
O único dos entrevistados que disse que a imagem da Assembleia fica manchada com isso foi o petista Pedro Kemp. "Jogo do bicho é uma contravenção. Isso não se admite dentro de um Poder Público. Cabe ao Ministério Público fiscalizar. A imagem do Legislativo fica arranhada. Já vi aquele senhor [Gumercindo, o Gugu, mostrado como bicheiro na reportagem] levando jogo para um lado e para o outro aqui. A presença dele na casa é conhecida.” Todavia, o deputado também não informou se, vendo ele “levando jogo para um lado e para o outro”, tomou alguma atitude.
No dia 17, na Assembleia Legislativa, o presidente Jerson Domingos (PMDB), ficou de conversar com a imprensa após o término da sessão extraordinária. Todavia, alegando que sua presença havia sido solicitada pelo governador no evento já citado – realizado em momento concomitante –, ele pediu à sua assessoria que pedisse desculpas aos repórteres, mas não poderia conceder entrevista, pois iria naquele instante para o Centro de Convenções. Jerson Domingos não foi visto no evento de André.
Ao Capital News, o procurador-geral de Justiça do Estado, Miguel Vieira da Silva, solicitou formalmente à Assembleia Legislativa explicações sobre a atuação de um bicheiro dentro da Casa de Leis.
Conforme o procurador, o prazo legal para responder às indagações é de dez dias, mas, a data será postergada “por bom senso”, já que os deputados precisam de “um tempo maior porque tratam de vários assuntos de interesse da sociedade e passam por período de votação de projetos”. “Eu enviei um oficio e, agora, estou aguardando a resposta do presidente, mas, fica para quando ele tiver condições para isso. Porque agora é período de votações e não são cidadãos normais, eles tem outros afazeres.”
Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)
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