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Cotidiano Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009, 10:59 - A | A

Sexta-feira, 20 de Novembro de 2009, 10h:59 - A | A

ATMS rebate afirmações de vereadores

Marcelo Eduardo - Redação Capital News

Nesta sexta-feira, 20, dia em que se realiza a 8ª Parada da Diversidade Sexual na Capital, a presidente da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), Cris Stephany, rebateu as críticas apresentadas por vereadores quanto ao evento. Os parlamentares não concordaram com o horário da Parada, 16h. “Não era de se esperar outra coisa de quem, afinal, se esforça ao extremo para atrapalhar nosso trabalho”, diz Cris.

O presidente da Câmara, Paulo Siufi, disse que não foi um, nem dois comerciante que o procurou para reclamar. “Não quero acabar com a festa de ninguém. Não sou homofóbico, nem contra, mas não podemos é realizar uma ação que seja contra o interesse dos comerciantes, que atrapalhe a economia da cidade”, afirmou. “Em São Paulo é domingo à tarde, em Nova York é domingo a tarde, em Tóquio, apenas em Campo Grande é sexta-feira, quando os comerciantes mais vendem”, completou.

“Nosso movimento é cívico garantido pela Constituição. Nós não estamos na ilegalidade. Nós procuramos as documentações todas corretas. Eles [vereadores] se mostram ignorantes [no sentido de desconhecimento]. Talvez eles não saibam da história de luta do movimento.

Para Cris, o presidente da Câmara “parece ter usado de homofobia e aponta a religião como desculpa”. “Mas, ele, que é religioso, deveria criticar primeiro o Vaticano que possui padres pedófilos. Nas igrejas católicas, não se proíbe um homossexual de entrar. Na rua vão proibir?”

Cris evita tecer mais comentários, pois afirma não querer “entrar em picuinhas”. “Nosso movimento é sério. É para mostrarmos que temos orgulho. Além disso, estamos fazendo vários serviços à população, como o teste sanguíneo para ver se a pessoa possui HIV. Estamos coletando alimentos não perecíveis para serem doados à Casa das Crianças com AIDS. Então, é um movimento sério.”

Outro que reclamou e se posicionou contrário ao horário do evento, foi o vereador Lídio Lopes (PP), também pastor da igreja Assembleia de Deus. Apesar de dizer que não é contra a opção sexual de ninguém, reclamou sobre o destino dos apoios dados pelo Município e Governo do Estado. “Mas quando a gente corre atrás de apoio para projetos que recuperam a vida das pessoas, como drogas, agente não consegue, no máximo R$1 mil. Mas quando é isso, tem propaganda e mídia financiada pelo dinheiro público semanas antes”, disse ele.

Cris e a associação que representa também possui diversas obras de auxílio. A entidade por várias vezes solicitou à Câmara e Prefeitura título de utilidade pública, mas, fora rejeitado. Quanto ao horário, Lídio colocou em xeque a realização do evento afirmando que a associação conseguiu alvará em pouco tempo. “Quando há a Marcha para Jesus, temos que pedir com seis meses de antecedência. Cris explica que a solicitação à Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) foi feita em fevereiro.

Na Câmara, o vereador Loester Nunes (PDT) – médico ginecologista – defendeu o direito dos homossexuais. “Nós vivemos num estado de direito, numa democracia, e não sou contra o movimento, mas concordo com os senhores na mudança do horário, pois atrapalha o trânsito, os comerciantes.”

Siufi chegou a dizer que os participantes do evento levam cartazes falando sobre sua sexualidade. “Eles levam cartazes dizendo que sou gay enrustido porque voto contra algumas coisas. Mas, sou apenas um chefe de família, cristão convicto e que não jogo pedra em ninguém.”

Cris torna a dizer que “falta conhecimento aos vereadores”. “Não sabem das nossas histórias de luta. E outra coisa. Eles esquecem que muitoshomossexuais votaram neles e que R$ 18 milhões de brasileiros homossexuais também pagam impostos e também devem receber retorno do Poder Público. Quanto ao horário, eles deveriam pensar no horário de expediente deles em que ficam usando o erário [cofre público], que paga o salário deles, para usar de palavras que demonstram preconceito.”

História do movimento

Cris citou o conflito em um bar no bairro de Greenwich Village, na cidade americana de Nova York, em 28 de junho de 1969. O Stone Wall Inn era frequentado por homossexuais e a Polícia constantemente fazia as pessoas dali vítimas de agressões e extorsões. A data ficou marcada pelo início da organização dos gays.
Naquela semana, a atriz Judy Garland (a Dorothy do famoso filme O Mágico de Oz, dos anos 1930), havia morrido. Diversas drag queens se “tornaram” a personagem em homenagem ao ícone. Todavia, em ação truculenta, os policiais chegaram a bater e prender algumas.

Travestis e homossexuais defenderam as drags. Houve três dias de protesto intenso na cidade, marcado pelo grito de “não à intolerância”.

Nesta sexta, a marcha no centro da Capital percorre as ruas 14 de Julho (saindo da praça Ary Coelho), Marechal Cândido Mariano Rondon, 13 de Maio e Barão do Rio Branco com chegada prevista para as 18h na praça do Rádio Clube. (Com colaboração de Nadia Nadalon-estagiária)

Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

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