Mato Grosso do Sul lidera o ranking nacional de número de jovens que cometem suicídio. Atualmente o estado está em 2 º lugar no ranking nacional de suicídios, perdendo somente para o estado do Rio Grande do Sul.
De acordo com os dados do CVV de Campo Grande (Centro de Valorização à Vida), Mato Grosso do Sul corresponde ao índice alarmante de 13% de suicídios para cada 100 mil habitantes por ano. “É um índice assustador, se compararmos com o Brasil que é de 4.5% de suicídios por 100 mil habitantes por ano e o Rio Grande do Sul com 16,6%” diz o coordenador de divulgação do CVV de Campo Grande, Roberto Sinai.
Desde o dia 8 deste mês até o dia 13, a 4ª Semana de Valorização a Vida, e o CVV realiza hoje em Campo Grande, o Fórum de Prevenção ao Suicídio, no auditório da Unimed, às 19h30. O evento é em celebração ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O fórum será aberto ao público e contará com a participação de representantes das Associações médicas da Capital, como a Associação de médicos de Campo Grande, Associação de Psiquiatria e o Conselho regional de Medicina.
“Todos o anos realizamos várias ações na semana de valorização, mas esse ano resolvemos nos concentrar no dia 10 de setembro fazendo esse fórum para discutir o tema suicídio. Queremos aproximar a população para que ela possa entender, identificar e prevenir” diz o coordenador. “Hoje podemos dividir o suicídio em três fases: A ideação, onde a pessoa começa a conversar sobre maneiras de se matar de forma despretensiosa, ainda que na brincadeira. Em seguida temos a Maturação, onde a pessoa passa para uma abordagem bruta sobre o assunto, começa a fazer parte de sua conversa e do seu comportamento o ato suicida e depois a fase de Gatilho, que é onde o indivíduo se encontra sem esperança. O CVV atua como uma válvula de escape para essas pessoas. Queremos que a pessoa desabafe para que as suas agonias não se acumulem” afirma Roberto.
Atualmente o CVV de Campo Grande trabalha com aproximadamente 30 voluntários sendo o número ideal 84 voluntários. “Atendemos com esse número, cerca de 2.800 ligações por dia, mas deixamos de atender aproximadamente 5 mil.” Diz Roberto. A unidade de Campo Grande está em atividade há oito anos.
A Organização Mundial da Saúde define 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Segundo a entidade, o tema deve ser abordado como um sério problema de saúde pública. Os números explicam a preocupação: cerca de três mil pessoas cometem suicídio todos os dias e ao menos 60 mil tentam, mas não conseguem. Trata-se da terceira causa de morte mais comum entre jovens (15-35 anos) de todo o mundo.
Apesar da relevância e da incidência, levantamentos da OMS indicam que o problema é negligenciado. Ao contrário de outras causas externas de óbito, como acidentes de trânsito e homicídios, o número de casos cresceu 60% nos últimos 45 anos.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a mortalidade por suicídios é baixa (4,5/100.00 habitantes), mas existem locais que apresentam taxas duas vezes superiores à média nacional, como é o caso do Rio Grande do Sul. Nesse Estado, em determinadas faixas etárias, as taxas chegam a 30,2/100.000.
Cerca de 90% das pessoas que cometem suicídio têm algum transtorno mental. Por isso, segundo especialistas, é possível prevenir boa parte as tentativas de suicídio. Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, João Alberto Carvalho, o tratamento especializado é essencial. “Pessoas com doenças como depressão e alcoolismo têm chances maiores de desenvolver ideação suicida. É preciso reconhecer os casos de risco e intervir de forma adequada, para evitar conseqüências mais graves”, explica.
Jefferson Gonçalves - Capital News (www.capitalnews.com.br)
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