Donos dos frigoríficos Bertin, Marfrig e outros da Capital e do interior de Mato Grosso do Sul não chegaram a um acordo com os empregados em reunião realizada ontem na sede do sindicato patronal dos proprietários de frigoríficos. Os patrões começaram com uma proposta de 4% de reposição salarial e 1% no mês de julho. Depois, acabaram oferecendo os 5% de uma só vez.
Os empregados, que sustentavam a proposta de um piso salarial de R$ 530,00 e um aumento de 12% (mesmo dado pelo governo para o salário mínimo) para quem ganha acima desse valor, acabaram apresentando uma contra proposta de piso de R$ 500,00 e reposição salarial de 10%.
As duas categorias ficaram de voltar a sentar na segunda-feira (23). Entretanto, até lá, não está descartada a greve no frigorífico Bertin, em Naviraí, segundo revelou o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Mato Grosso do Sul (FTIA/MS), Vilson Gimenes Gregório.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Naviraí, Algemiro Lopes, informou que ainda esta semana convocará uma assembléia geral da categoria para apresentar esse quadro indefinido hoje na sede do sindicato patronal. “Se a categoria optar por paralisar imediatamente as atividades, faremos isso com o apoio da Federação e da CUT (Central Única dos Trabalhadores)”, afiançou.
No encontro de ontem, representantes de pelo menos oito frigoríficos de Mato Grosso do Sul (a maioria, pequenos e médios) estiveram reunidos com lideranças sindicais do setor laboral. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Bataguassu, Raimundo Nonato do Nascimento, também esteve presente à reunião.
O encontro foi uma solicitação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que esteve em Bataguassu na semana passada procurando intermediar as negociações entre patrões e empregados, através de suas respectivas entidades de classe. O tribunal, segundo ele, solicitou que a greve deflagrada em Bataguassu fosse suspensa até essa reunião de hoje. “Portanto, não está descartada a possibilidade de voltarmos a qualquer momento à greve”, comentou o sindicalista.
Empréstimo de R$ 1 bi
Representantes do frigorífico Bertin, presentes à reunião confirmaram que a empresa está procurando empréstimos bancários para amenizar a situação financeira que atravessam. Segundo Vilson Gregório, só o Bertin estaria pleiteando R$ 300 milhões. Somados ao que outros grandes frigoríficos do Estado estariam pleiteando, a soma ultrapassa R$ 1 bilhão e esse dinheiro, segundo sindicalistas, seria subsidiado em nome de um socorro à crise financeira dos frigoríficos.
Na reunião sindicalistas comentaram também que o Bertin, o Marfrig e outros dois frigoríficos do Estado pegaram, só no ano passado, R$ 4,5 bilhões. A informação, segundo Vilson Gregório, está estampada também no editorial do jornal Correio do Estado de sábado (14) onde o veículo de comunicação tece duras críticas aos frigoríficos que enfrentam hoje uma crise provocada por eles mesmos. “Então, não cabe ao trabalhador arcar com esse ônus”, comentou o sindicalista.