Uma das maiores extensões úmidas e contínuas do planeta, conhecida pela grande diversidade de sua flora e fauna, o Pantanal, é berço de uma espécie de cavalo que se destaca por ser “à prova d’água”. Trata-se do cavalo pantaneiro, raça que tanto durante as cheias quanto à seca, está pronta para atender a população local em todas as necessidades: carregar carga, puxar barcos nos rios, cavalgar e até mesmo, disputar torneios. A fama tornou o animal conhecido no Brasil e no mundo. Seu comércio está cada vez mais fomentado.
O que mais chama a atenção no cavalo pantaneiro é a sua capacidade de permanecer seis meses com as patas submersas, durante as cheias no Pantanal. “Ao contrário de outras raças, o casco dele apenas amolece dentro da água, mas não cai. Na seca ele volta a endurecer de novo”, conta o vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro, Cristóvão Afonso da Silva.
Dono de um plantel com 110 animais em Poconé (MT), o manejo do pantaneiro é uma tradição herdada de seu avô, criador dos primeiros animais da família. Atualmente, Silva trabalha no melhoramento genético do animal, além de fornecer cavalos para o turismo, competições e leilões.
Seleção natural
Silva explica que a versatilidade é um dos pontos fortes desse animal. No Pantanal, não é raro vê-lo sendo utilizado para puxar barcos durante a seca, quando as embarcações não conseguem flutuar no rio. Nas comitivas, ele agüenta até 120 dias de estrada e com suplementação alimentar, esse tempo pode aumentar para 150 dias.
Tanta resistência é fruto de uma adaptação natural do cavalo ao clima do Pantanal. Introduzido na região durante a Guerra do Paraguai, os cavalos pantaneiros foram muito usados pelos índios Guaicurus. Hoje, após o processo de seleção natural, o cavalo é considerado meio anfíbio, sendo o único capaz de puxar capim de dentro das águas para a própria alimentação.
Mas não é só no dia a dia dos pantaneiros que a raça se destaca. O cavalo também é muito utilizado nos esportes, principalmente em provas de rédeas. Por ser dócil, é frequente nas pousadas onde os turistas podem cavalgá-lo sem medo, ou em escolas de ecoterapia.
Raça
No Brasil, existem cerca de 110 mil cavalos pantaneirosO cavalo pantaneiro tem porte médio, corpo alongado e crina curta. Possui os sentidos muito aguçados, principalmente a visão, graças à angulação dos olhos.
Sua alimentação é barata, já que por ser criado no campo, se alimenta basicamente de gramíneas. Mas a complementação com ração também é benéfica.
Atualmente, existem no Brasil cerca de 110 mil cavalos pantaneiros, localizados principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Acre e Rondônia.
O custo aproximado de um animal é de R$ 16 mil, mas alguns exemplares já ultrapassaram os R$ 50 mil nos leilões. “Em algumas fazendas você consegue comprar uma égua por R$ 8 mil. Aí é só fazer o melhoramento genético da raça para ter um rebanho com mais qualidade”, sugere Silva. (Fonte: Camponews)