A criação de ovinos em Mato Grosso do Sul caminha de forma regular nos últimos três anos e deve manter 2012 no mesmo patamar estável de 15 mil cabeças abatidas ao ano. Pode haver um crescimento neste ano, mas será pouco, levando em conta ou em comparação com o que o Estado já abateu nestes seis primeiros meses. Os criadores Sul-mato-grossenses já abateram 8,7 mil cabeças de ovinos neste primeiro semestre, conforme dados da ARCO (Associação Brasileira de Criadores de Ovinos).
O número dos próximos seis meses deve ter a mais, a mesma cifra do total atual, chegando a aproximadamente a 16 mil abates. Se comparando com os últimos anos, como desde 2008, que anualmente o total foi de 15 mil cabeças abatidas, acarretará no crescimento mínimo neste ano. “Nesse primeiro semestre de 2012, MS apresenta o número de abate regular de 8,7 mil cabeças de ovinos. Caso dobre os números neste outros seis meses, chegaremos a um aumento, mas de um crescimento mínimo”, estima Paulo Afonso Schwab, presidente da ARCO.
O presidente, que é palestrante do Programa Proovinos MS, realizado pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural/MS) e pela Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de MS), afirma que o Estado acompanha a criação nacional e que mesmo sendo um Estado novo na área, repetirá um cenário dos últimos 40 anos de produção nacional de ovinos. “O rebanho de ovelhas e cabras no Brasil, nas últimas quatro décadas, se manteve no país, oscilando ora pra cima, ora pra baixo, mas não passando dos cerca de 18 milhões”, disse.
De acordo com os dados divulgados por Paulo Afonso, o rebanho ovino brasileiro em 1970 apontava para média de 17,6 milhões de cabeças, e em 2010 fechou com 17,3 milhões. Enquanto que o bovino no mesmo período cresceu de 78,5 milhões de cabeças, para 209,5 milhões em 2010.
Valorização de todo o material do animal
O presidente da ARCO aponta que o setor oficialmente vem se mantendo com mesmo números, mas que isto se mostra muito importante pela estabilidade e ainda por ter um campo de aumento futuro e valorização de todo o produto. Hoje não somente a carne é comercializada, mas todo o material do animal, antes e após seu abate.
“Com um abate informal aproximado a 74 mil toneladas, com importação igual a 7,8 mil toneladas e uma produção inspecionada de 6,15 mil toneladas, não só a carne ovina tem se valorizado no mercado, como todos os outros componentes do animal. A lã, a pele, o leite e seus derivados, como os queijos, que compõe peças de grandes valores agregados. E não dispensamos nem os ossos, a lanolina, vísceras e até o esterco”, diz Paulo. Ele também apontou o Brasil como detentor de 26 raças diferentes de ovinos e que as considera as melhores do mundo.
Para o presidente do conselho administrativo do Senar/MS, Ademar Silva Júnior, Mato Grosso do Sul é um Estado jovem, que se desenvolveu com o binômio soja e boi, mas que hoje podemos verificar um mercado de oportunidades para o agronegócio. “A ovelha pantaneira talvez seja a base da economia da atividade pecuária do Centro-Oeste, uma vez que já é um animal adaptado ao clima e solo de MS. Podemos ter a base genética da ovelha pantaneira que futuramente poderá ganhar o mercado nacional e internacional.
A importação brasileira de carne ovina em 1997 movimentava o equivalente a US$ 6 milhões, enquanto que nos últimos três, saltou e fez circular cerca de US$ 23 milhões. Apesar dessa movimentação nos últimos 20 anos o rebanho mundial diminui 8%, mas o volume da carne aumentou 27%.
Baixo consumo nacional
Atualmente o consumo de carne ovina gira em torno de 88 mil toneladas no Brasil, sendo que o brasileiro tem uma média de consumo de 0,40 kg dessa carne por pessoa ao ano, número inferior das demais espécies, bem como a carne bonina que é consumida em média 37,4 kg por pessoa ao ano, enquanto a média de consumo de carne de aves e suína giram e torno de 43 e 14 kg, respectivamente. “Temos demanda de todo o mundo, todos querem carne ovina e o preço é muito vantajoso para o produtor. Existe um baixo consumo devido a falta de hábito do consumidor, irregularidade de oferta, a má qualidade do produto à venda e a má apresentação comercial do produto”, diz Paulo Schwab.
“A tendência do mercado internacional caminha a favor da segurança alimentar, o respeito com o meio ambiente e aos animais, além da saúde e bem estar dos consumidores”, finaliza.