A palestra que abriu o Showtec 2012, em Maracaju, realizada nesta quarta-feira (25) pelo engenheiro agrônomo Marcos Fava Neves, foi um dos eventos mais aguardados desta edição da exposição de tecnologia agropecuária. Com o tema Agricultura Brasileira: Profissionalização, competitividade e sustentabilidade, o engenheiro demonstrou que o crescimento da agropecuária no país deu um enorme salto nos últimos 15 anos.
De acordo com Fava neves, as exportações brasileiras cresceram de US$ 20 bilhões em 2004, para a projeção de US$ 100 bilhões em 2012 e em 2020, a previsão é de que alcance US$ 200 bilhões: “O mundo está esperando pelos nossos produtos”, completou.
O engenheiro afirmou que pretende compartilhar uma visão muito otimista da agricultura brasileira e que seu papel é difundir informação e levar estratégias para o agronegócio brasileiro.
“Quando participei pela primeira vez do Congresso Mundial de Agronegócio, no ano de 1994 em Caracas, o Brasil era irrelevante para o mercado. Passados dezessete anos, o Brasil é o principal país que vai falar nos eventos mundiais de agronegócio. Nós pagávamos para ir assistir, hoje nós somos pagos para falar no Congresso. Isso é fruto do trabalho do agricultor brasileiro”, disse Fava.
Conforme informou Marcos Fava, quem traz o dinheiro para o Brasil é a agricultura: “As exportações pularam de US$ 76 para US$ 95 bilhões em um ano. O saldo da balança comercial pulou de US$ 63 para US$ 77 bilhões em apenas um ano também. O caixa do Brasil é o agronegócio”.
De acordo com o engenheiro agrônomo, o Brasil está em uma posição de vantagem em relação aos outros países porque a produção é muito diversificada e os mercados também, além de ter muita área para desenvolver e não ter muito endividamento.
“A China despontou como o principal comprador do agro brasileiro. Mas mesmo com o enorme crescimento, nós não representamos quase nada do que a China compra, só 2,6%. Nós podemos crescer em cima disso. Temos que trabalhar em conjunto para redução de custos, em cooperativas, cujas exportações passaram de US$ 2 bilhões em 2005 para US$ 6 bilhões em 2011”, explicou.
Fava disse em sua palestra que quem está bem hoje no mundo é quem trabalha com commodities: “O Brasil está sentado numa bomba de energia, que é o que o mundo precisa hoje em dia. Somos líderes mundiais em produtividade de soja, 3.300 kg por hectare. O algodão brasileiro também é lider. Em relação ao milho, temos que alcançar os americanos, porque nossa produtividade ainda é baixa”.
Para o engenheiro, o uso de tecnologia no campo ainda é pouco no Brasil. Ele afirma que o produtor tem que reduzir os custos e trabalhar com mais eficiência, e destacou 8 estratégias para tanto: produção de plantas, produção animal, uso e gestão da terra, gestão de risco, gestão do lixo e resíduos, difusão de tecnologia, logística e governo.
O assunto polêmico da palestra esteve relacionado à demarcação de terras indígenas. Segundo Fava, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) quer 20% do território nacional para dividir entre 450.000 índios: “Isso é muito ruim para todos a médio e longo prazo. Delimitar não é a palavra, temos que integrar, as pessoas são todas iguais. O produtor rural tem que se unir com os índios, não temos que fazer reserva, isolá-los. Também temos de ter menos tolerância com as invasões ilegais. Isso evita que o desenvolvimento venha”.
Marcos Fava Neves é professor na Universidade de São Paulo (USP), coordenador do PENSA – Programa de Agronegócios da USP (planejamento estratégico para empresas e sistemas produtivos de 2005 a 2007) e criador do Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estrategia). É autor/co-autor e organizador de 17 livros no Brasil, Argentina e União Européia. Sua obra caracteriza-se pela proposta de métodos (frameworks) para solução de problemas empresariais e pela inserção internacional, principalmente no que se refere aos produtos agropecuários.

As projeções de Fava para o agronegócio no país é otimista
Foto: Larissa Almeida/Capital News