Dificuldade na comunicação, comportamento auto agressivo e pouca interação social foram os primeiros sinais que a professora Adriana Bellei de 48 anos observou na filha de 13, Gabriella Bellei. Foram quase três anos de luta com realização de exames laboratoriais e de imagem, consultas com psicólogos e fonoaudiólogos até a chegada do diagnóstico, o transtorno do espectro autista em agosto de 2011.
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Ela foi diagnosticada com o transtorno nível 2, para amenizar os sintomas, no início, ela fazia uso de carbamazepina, um anticonvulsivante, antipsicótico e antiepilético que serve para doenças como Epilepsia, Distúrbio afetivo bipolar (para prevenir ou diminuir recorrências), entre outros.
"A minha filha se comunicava pouco e dificilmente se socializava"
Segundo a Adriana, a filha já estava usando a dosagem máxima da medicação e ainda assim, continuava com um comportamento difícil. “A minha filha se comunicava pouco e dificilmente se socializava”, detalha. Por causa disso, a médica havia iniciado o uso de um calmante e estava avaliando entrar com outro fármaco, mas uma boa notícia estava a caminho e iria mudar toda a história da pequena Gabriella.
A professora explica que, por causa da condição da filha participa de vários grupos de pais de pessoas com autismo e outras deficiências e em um deles uma mãe havia comentado sobre um estudo em andamento que estava sendo realizado por um médico e pesquisador, da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Dr. Paulo Fleury.
Acervo pessoal
O uso do canabidiol foi um divisor de águas na qualidade de vida da filha, diz Andreia
O estudo envolvia a produção de um óleo extraído da Cannabis sativa, uma planta da família das Canabiáceas, cultivada em várias regiões do mundo. A Adriana fala que as mães se organizaram e trouxeram o professor e médico para Campo Grande.
Na Capital, ele fez uma palestra e consultou cerca de 30 pessoas com autismo. “Ele foi a nossa esperança. Nos auxiliou com a documentação para pedido na Anvisa, e prescreveu, conforme peculiaridade de cada paciente” .
A Andreia enfatiza que o uso do canabidiol foi um divisor de águas na qualidade de vida da filha, e de quem está no entorno dela também. Assim que ela descobriu, as medicações foram substituídas por apenas 8 gotas do medicamento natural, com o uso a concentração e a comunicação melhoraram e os comportamentos autolesivos diminuíram significativamente. “Ela ainda tem crises nervosas, mas está no momento da adolescência, o que é esperado em qualquer pessoa, com ou sem deficiência”, destaca.
Acervo pessoal
Assim que descobri, as medicações da minha filha foram substituídas por apenas 8 gotas do medicamento natural, relata Andreia
Mato Grosso do Sul não tem autorização para fazer a extração do óleo medicinal, por isso ele é trazido de uma cidade do interior de São Paulo de uma das únicas Associações permitidas a extraírem o óleo, através da Associação Sul-mato-grossense de pesquisa e apoio a canabis medicinal Divina Flor. Por ser importado a média de custo é de 2.500 reais, no local, o óleo custa cerca de R$ 300,00 reais.
A associação foi fundada em dezembro de 2020 com o objetivo de apoiar a Cannabis Medicinal e os pacientes desta medicina milenar. A iniciativa surgiu de um esforço coletivo de pacientes e defensores da Cannabis medicinal no estado que até então, não tinham nenhuma Associação que os representasse.
Atualmente, o local conta com a ajuda de 30 pessoas entre voluntários e funcionários, o Alexandre Onça faz parte da direção executiva e, segundo ele, hoje a Divina Flor atende 480 pessoas com diversas doenças como Alzheimer, câncer, ansiedade, depressão e 350 pets em sua maioria cães e gatos. Além dos associados, pessoas sem condições como de periferias, indígenas, ribeirinhos entre outras já receberam a medicação de forma gratuita.
Tatiane Mulato Calabrez 08/02/2023
Meu filho é convulsivo toma Oxcarbazepina 600mg e gardenal, seu rendimento escolar diminuiu devido a sonolência da reação das medicações. A Dr. mencionou o uso do canadibiol. Gostaria de mais informações de como adquirir esse medicamento.
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