Segunda-feira, 29 de Abril de 2024


Reportagem Especial Sábado, 05 de Novembro de 2022, 08:34 - A | A

Sábado, 05 de Novembro de 2022, 08h:34 - A | A

Reportagem Especial

Maconha medicinal: o uso dessa terapia alternativa em crianças

Mãe relata os benefícios do canadibiol no tratamento da filha. “foi um divisor de águas na qualidade de vida da filha”, diz Andreia

Renata Santos
Especial para o Capital News

Acervo pessoal

Maconha medicinal: o uso dessa terapia alternativa em crianças

A professora Andreia ao lado da filha Gabriella

Dificuldade na comunicação, comportamento auto agressivo e pouca interação social foram os primeiros sinais que a professora Adriana Bellei de 48 anos observou na filha de 13, Gabriella Bellei. Foram quase três anos de luta com realização de exames laboratoriais e de imagem, consultas com psicólogos e fonoaudiólogos até a chegada do diagnóstico, o transtorno do espectro autista em agosto de 2011.

O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades. Ela foi diagnosticada com o transtorno nível 2, para amenizar os sintomas, no início, ela fazia uso de carbamazepina, um anticonvulsivante, antipsicótico e antiepilético que serve para doenças como Epilepsia, Distúrbio afetivo bipolar (para prevenir ou diminuir recorrências), entre outros.

"A minha filha se comunicava pouco e dificilmente se socializava"

 

Segundo a Adriana, a filha já estava usando a dosagem máxima da medicação e ainda assim, continuava com um comportamento difícil. “A minha filha se comunicava pouco e dificilmente se socializava”, detalha. Por causa disso, a médica havia iniciado o uso de um calmante e estava avaliando entrar com outro fármaco, mas uma boa notícia estava a caminho e iria mudar toda a história da pequena Gabriella.

A professora explica que, por causa da condição da filha participa de vários grupos de pais de pessoas com autismo e outras deficiências e em um deles uma mãe havia comentado sobre um estudo em andamento que estava sendo realizado por um médico e pesquisador, da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Dr. Paulo Fleury.

 

Acervo pessoal

Maconha medicinal: o uso dessa terapia alternativa em crianças

O uso do canabidiol foi um divisor de águas na qualidade de vida da filha, diz Andreia

O estudo envolvia a produção de um óleo extraído da Cannabis sativa, uma planta da família das Canabiáceas, cultivada em várias regiões do mundo. A Adriana fala que as mães se organizaram e trouxeram o professor e médico para Campo Grande.  

Na Capital, ele fez uma palestra e consultou cerca de 30 pessoas com autismo. “Ele foi a nossa esperança. Nos auxiliou com a documentação para pedido na Anvisa, e prescreveu, conforme peculiaridade de cada paciente” .

A Andreia enfatiza que o uso do canabidiol foi um divisor de águas na qualidade de vida da filha, e de quem está no entorno dela também. Assim que ela descobriu, as medicações foram substituídas por apenas 8 gotas do medicamento natural, com o uso a concentração e a comunicação melhoraram e os comportamentos autolesivos diminuíram significativamente. “Ela ainda tem crises nervosas, mas está no momento da adolescência, o que é esperado em qualquer pessoa, com ou sem deficiência”, destaca.

Acervo pessoal

Maconha medicinal: o uso dessa terapia alternativa em crianças

Assim que descobri, as medicações da minha filha foram substituídas por apenas 8 gotas do medicamento natural, relata Andreia

Mato Grosso do Sul não tem autorização para fazer a extração do óleo medicinal, por isso ele é trazido de uma cidade do interior de São Paulo de uma das únicas Associações permitidas a extraírem o óleo, através da Associação Sul-mato-grossense de pesquisa e apoio a canabis medicinal Divina Flor. Por ser importado a média de custo é de 2.500 reais, no local, o óleo custa cerca de R$ 300,00 reais.  

A associação foi fundada em dezembro de 2020 com o objetivo de apoiar a Cannabis Medicinal e os pacientes desta medicina milenar. A iniciativa surgiu de um esforço coletivo de pacientes e defensores da Cannabis medicinal no estado que até então, não tinham nenhuma Associação que os representasse.  

Atualmente, o local conta com a ajuda de 30 pessoas entre voluntários e funcionários, o Alexandre Onça faz parte da direção executiva e, segundo ele, hoje a Divina Flor atende 480 pessoas com diversas doenças como Alzheimer, câncer, ansiedade, depressão e 350 pets em sua maioria cães e gatos. Além dos associados, pessoas sem condições como de periferias, indígenas, ribeirinhos entre outras já receberam a medicação de forma gratuita.

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Tatiane Mulato Calabrez 08/02/2023

Meu filho é convulsivo toma Oxcarbazepina 600mg e gardenal, seu rendimento escolar diminuiu devido a sonolência da reação das medicações. A Dr. mencionou o uso do canadibiol. Gostaria de mais informações de como adquirir esse medicamento.

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