Acervo pessoal
Com sorriso no rosto, nunca questionou o acidente
Quase dez anos, esse foi o tempo que a escritora e professora, Gabriela Schell Marques de 27 anos levou para escrever o livro da sua história. Com o título “Ative a força que esta dentro de você”, a jovem que sofreu um acidente aonde teve 60% do corpo queimado conta o que passou e aprendeu.
Gabriela é daquelas pessoas que até te irrita de tão querida que é. Ela transmite uma paz tão infinita, uma alegria, que quem não a conhece pensa que a vida dela é perfeita, que nunca passou desafios. Perfeita a vida é, para ela, como ela enxerga: com gratidão e bom humor, mas desafios, ah! Esses ela viveu de monte.
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No livro: “Ative a força que esta dentro de você”, Gabriela conta sua história
Filha única da Maribel Aparecida Schell e Ramão Oliveira Marques, a jovem nasceu em Amambai, município que fica 300 quilômetros de Campo Grande, interior do Estado. A infância e adolescência da escritora foram tranquilas, na conversa, ela confidenciou a nós, com exclusividade, que tinha um medo.“Nunca contei em outro lugar, mas na minha adolescência eu tinha muito medo de morrer, também tinha um complexo com minhas orelhas”, relembra.
Gabriela morou no município até os 17 anos e depois, se mudou para Dourados, aonde iniciou a faculdade e se formou em Educação Física. O acidente ocorreu no dia 7 de outubro de 2013, aos 18 anos, ela namorava e morava com os tios.
Naquele dia, Gabriela havia ido para a casa do namorado, os dois tentavam ligar uma moto quando o incêndio aconteceu. O casal foi atingido pelas chamas, o namorado conseguiu contê-las rolando no chão, já Gabriela, não fez o mesmo e teve 60% do corpo queimado. A sogra foi quem a socorreu. “Na hora do acidente, em vez de eu apagar o fogo eu aumentei, porque comecei a me abanar. Minha sogra ouviu os gritos e veio me socorrer”, detalhou.
"A gratidão fez eu levar a situação do acidente na tranquilidade sem questionar, sem se revoltar, só viver o processo"
Gabriela fala que não teve dificuldades em aceitar o que aconteceu. No livro, ela conta detalhes do acidente e o que aprendeu com isso, por meio de códigos. “O primeiro código é sobre a minha sogra, quando ela apagou o fogo. A minha ação foi olhar para o teto e apenas agradecer a Deus por ter me deixado viva. Pois de verdade, para mim, a gratidão fez eu levar a situação do acidente na tranquilidade sem questionar, sem se revoltar, só viver o processo”, destacou.
"Eu chegava chorar só em saber que estava no dia de eu tomar banho"
Um processo bem doloroso, ela lembra. As dores intensas das queimaduras por vezes a fizeram gritar pedindo morfina. A hora do banho, para ela, era a hora mais difícil, isso porque era o momento que os enfermeiros tiravam as ataduras, limpavam a pele. “A dor realmente é surreal. Eu chegava chorar só em saber que estava no dia de eu tomar banho. Na ala dos queimados nós tomávamos banho um dia sim e outro não”, relembra.
Outro desafio foi quando o hospital deu alta e decidiu que ela seguisse o tratamento em casa. “Eu entrei em colapso com a minha mente, porque era dentro do hospital que eu recebia morfina”, destacou.
Escrever um livro não era parte dos planos da jovem até no ano passado tudo mudar. Ela fala que por muitos anos escutou pessoas falarem que sua história daria um livro, mas ela sempre ignorava porque achava as suas ações normais.
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Gabriela levou quase dez anos para escrever o livro da sua história
No final de 2021 tudo mudou e ela se viu escrevendo o livro da sua trajetória. Em 24 horas ela escreveu o livro detalhando cada situação que viveu, como foi o acidente, fato que a acompanhou por muito tempo.
No livro, além do relato de toda a experiência, ela deixa claro, por meio de doze códigos o que aprendeu com tudo. Esse é o principal objetivo dela, passar para os leitores o que aprendeu com isso. “O leitor não precisa passar por tudo o que eu passei para aprender o que eu aprendi é só ler de coração aberto e adquirir o conhecimento”, destaca.
Gabriela fala que enxerga a vida com muito amor de Deus. Para ela, a alegria deve ser celebrada e os problemas, aprendizado. “Como eu aprendi e levo comigo a história da fênix. É uma ave da mitologia grega onde ela morre no fogo e renasce através das próprias cinzas dela. Só que no renascer ela acaba renascendo muito mais forte”.
"Devemos cuidar da saúde para estar bem mas entender que o principal é a mente e o espírito e não o corpo em si"
A professora é casada e têm um filho de três anos, ela se vê como uma mulher plena, repleta de paz por compreender o que as situações difíceis trazem. Ela destaca que quando acontece algo entende o porquê, e automaticamente aprende com cada situação. “Hoje compreendi que quando for minha hora de morrer irá acontecer que a morte não é o fim e sim o início da vida eterna, bom está e a minha visão. Ah! sobre as orelhas, após o acidente e ter 60% do meu corpo cheio de cicatrizes eu vejo o corpo de outra forma, vejo que devemos cuidar da saúde para estar bem mas entender que o principal é a mente e o espírito e não o corpo em si”, finalizou.
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A escritora ao lado do marido e filho
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“levo comigo a história da fênix, uma ave que morre no fogo e renasce através das próprias cinzas. Ao renascer, renasce muito mais forte”
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Gabriela, ao lado do Marido
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