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Política Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008, 08:20 - A | A

Quinta-feira, 27 de Novembro de 2008, 08h:20 - A | A

PMDB é o Muro de Berlim de Lula

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Artigo do Leitor:

O PMDB tornou-se, ao longo de duas décadas, o “partidão” nacional. Abrigando sob um mesmo teto as raposas e as galinhas, deixou de ser um “partido-em-cima-do-muro” para tornar-se o próprio muro. Nesse caso, o “PMDBzão” é o verdadeiro Muro de Berlim do governo Lula. Recheada de políticos doutrinados pela cartilha do “leilão eleitoral”, a casa de Dr. Ulysses já faz rufar os tambores para o “samba do crioulo doido” que promete ser o pleito presidencial de 2010.

Os principais caciques políticos do partido já estão tirando suas bandeiras de campanha do armário. Além do pecuarista dourado Renan Calheiros, que ressurgiu das cinzas e quer voltar a dominar o Congresso Nacional, o ministro baiano da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, já abriram as asas em direção ao Palácio do Planalto. Isso sem falar no governador tucano Aécio Neves, que pode migrar para o PMDB e garantir seu nome como majoritário na disputa. Até a ex-governadora e recém-eleita prefeita de Campos/RJ, Rosinha Garotinho, já ventilou seu desejo de tornar-se a primeira “presidenta” do Brasil.

O primeiro tempo desse jogo, parafraseando as metáforas lulísticas, o PMDB já venceu. Conquistou um sem fim de prefeituras nas eleições de outubro, controla um orçamento federal que alcança R$ 235 bilhões (quase 10% do PIB), tentaculou oito ministérios e tudo isso sem perder o hábito de bailar no salão ora com a mulher, ora com a amante. A goleada parece irreversível.

Até o conceituado ministro da Saúde, José Gomes Temporão, não foi capaz de resistir ao “charme” peemedebista. Após um entrevero federal entre o ministro e a FUNASA – Fundação Nacional de Saúde – sobre a gestão da instituição (em especial a assistência à saúde de 400 mil indígenas), que está com o PMDB e Temporão classificou como “de baixa qualidade e corrupta”, o presidente Lula foi pressionado e orientou seu ministro a voltar atrás e dar o assunto por encerrado, injetando R$ 1,6 bilhão na fundação. No fim, cachimbos à mão, ficou tudo no universo do “dito-pelo-não-dito”.

O segundo tempo tem data marcada para começar: fevereiro de 2009, quando irão tomar posse os próximos presidentes da Câmara e do Senado. Um acordo, selado há dois anos entre PT e PMDB, garantia o deputado Michel Temer e o senador Tião Viana como os novos presidentes das Casas. No entanto, os obreiros dos senadores Renan Calheiros e José Sarney e do deputado Jader Barbalho colocaram mais alguns tijolos no muro que divide a base governista: querem Sarney na presidência do Congresso Nacional.

Quem vê de longe pode até pensar que o PMDB é um partido desorganizado ou sem um senso comum capaz de guiá-lo rumo aos cântaros do poder, mas não é assim que a banda toca. Como muito bem diz a cientista política Lucia Hippolito, “o PMDB não é partido para amadores”. Além de demonstrar força e influência, o “partidão” quer chancelar em definitivo seu retorno ao gabinete principal do Palácio do Planalto, com ou sem Dilma.

Enquanto o PT segue na tentativa de manter-se no poder e o PSDB alinhava seu retorno à Presidência, o PMDB, mesmo que de forma nada brilhante, investe maciços esforços na construção de seu vínculo com a governabilidade. Hoje, no Brasil, qualquer tentativa de governo tem de passar pelo PMDB. As eleições de 2010, tal qual a novíssima Reforma Ortográfica, tendem a habilitar o “partidão” a tornar-se oficialmente sinônimo de governabilidade nos dicionários de Língua Portuguesa. E quem quiser, que aprenda o idioma político nacional!

O presidente Lula deveria colocar as barbas de molho e ficar de olhos bem abertos com as raposas e as galinhas do PMDB, afinal, aquele que conseguir “derrubar” esse muro, tem grandes chances de tornar-se o favorito à sucessão presidencial. Caso contrário, Lula pode tornar-se o famoso Sapo Arrogante da célebre história infantil: ao ser expulso da Festa no Céu, despencou das nuvens bradando ao que estava embaixo: “Oh! Lavadeira, abre o lençol que está caindo um anjo... sai debaixo pedra, senão eu te esborracho!”.

HELDER CALDEIRA - Articulista Político e Estudante de Direito - Rio de Janeiro – RJ

Obs: O Capital News, abre espaço para seus leitores, como o estudante Helder do Rio de Janeiro, que envio um artigo sobre sua visão da política Nacional. Informamos que seu artigo foi publicado na integra, com a autorização do leitor, a responsabilidade e total do mesmo.

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