O dia 29 de outubro de 2025 ficou marcado pela dor e pela indignação em Mato Grosso do Sul, que alcançou a marca do 32º feminicídio do ano. A vítima, Luana Cristina Ferreira Alves, de 32 anos, moradora de Campo Grande, foi morta de forma brutal. Mãe de cinco filhos, teve a vida interrompida pela violência de gênero — e com ela, somam-se 32 histórias interrompidas, 32 famílias destruídas e dezenas de crianças que crescerão órfãs, vítimas colaterais de um crime que o país ainda não consegue conter.
O caso ganha contornos ainda mais revoltantes porque o assassino confesso era reincidente: em 2022, ele já havia matado a esposa no estado do Mato Grosso, mas estava em liberdade.
De acordo com o Monitor de Violência da Sejusp/MS, Mato Grosso do Sul ocupa o segundo lugar no ranking nacional de feminicídios. No mesmo período de 2024, o estado registrava 26 casos — agora são cinco a mais, um aumento de cerca de 19%.
“Não podemos naturalizar essa tragédia. Cada nome representa uma vida ceifada por um sistema que ainda falha em proteger as mulheres”, afirma a senadora Soraya Thronicke (PODEMOS), vice-líder da Bancada Feminina no Senado Federal.
Entre os casos mais emblemáticos deste ano está o da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada com mais de 40 facadas pelo ex-namorado em Campo Grande — um crime que chocou o estado e escancarou a urgência de políticas públicas eficazes e de uma mudança cultural profunda.
Soraya destaca que o feminicídio é o último estágio de uma cadeia de violências — física, psicológica, moral e patrimonial — e que romper esse ciclo depende do enfrentamento à misoginia e à impunidade.
“Como parlamentar e como mulher, me recuso a aceitar que o medo seja rotina na vida de tantas brasileiras. Estamos falando de mães, filhas, irmãs, amigas — de vidas inteiras interrompidas”, reforça.
A senadora tem atuado diretamente para fortalecer a proteção às mulheres e endurecer a legislação contra agressores. Entre suas propostas estão:
PL 1.814/2021 – cria cursos de defesa pessoal para mulheres em municípios com mais de 50 mil habitantes;
PL 2.083/2022 – endurece punições para quem descumpre medidas protetivas;
Relatoria e aprovação do projeto que criminaliza a misoginia, reconhecendo a violência de gênero como crime de ódio.
“Essas ações são passos importantes, mas nenhuma lei será suficiente se a sociedade continuar calada, indiferente ou omissa. A mudança depende de todos nós — mulheres e homens juntos. Igualdade não é favor, é direito. Proteção não é opção, é dever”, afirma Soraya.
Com um tom de urgência e solidariedade às vítimas, a senadora encerra lembrando os nomes das mulheres assassinadas neste ano.
“Cada nome que repetimos é um grito de resistência e memória. Karina, Vanessa, Juliana, Emiliana, Giseli, Alessandra, Ivone, Thácia, Simone, Olizandra, Graciane, Vanessa e Sophie, Eliane, Doralice, Rose, Michely, Juliete, Cinira, Salvadora, Dahiana, Letícia, Érica, Dayane, Iracema, Gise... Que nenhuma delas seja esquecida.”
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