Campo Grande 00:00:00 Sexta-feira, 13 de Junho de 2025


Legislativo Quinta-feira, 12 de Junho de 2025, 09:22 - A | A

Quinta-feira, 12 de Junho de 2025, 09h:22 - A | A

Motorista denuncia jornada exaustiva no transporte de Campo Grande

Ex-funcionário afirma que sistema é desumano e ônibus são perigosos

Viviane Freitas
Capital News

O ex-motorista Weslei Conrado Moreli, que trabalhou de 2019 a 2024 no Consórcio Guaicurus, afirmou que “o transporte público de Campo Grande é desumano”. Ele foi o primeiro a depor na CPI do Transporte Coletivo na última quarta-feira (11), relatando jornadas abusivas, falta de condições mínimas de descanso e ônibus em péssimo estado.

Segundo Weslei, a jornada prevista era de 7h20, mas era comum trabalhar até 11 horas por dia, com pausas de apenas cinco minutos nos terminais. “A gente pegava algum salgado pra comer e comia dentro do ônibus”, contou. Ele pediu demissão devido ao estresse e aos impactos na saúde, e hoje trabalha como motorista em Florianópolis, onde afirma que o salário e as condições são muito melhores.

O ex-motorista também relatou acúmulo de funções sem pagamento adicional. “Fui contratado como manobrista, mas muitas vezes dirigia ônibus de linha sem receber a mais”, disse. Mesmo após ser promovido a motorista, continuava realizando as tarefas de manobrista. Ele afirmou que essa prática era comum nas empresas do consórcio.

Sobre os veículos, Weslei classificou-os como “sucata” e alertou para os riscos à população. “Em dia de chuva, molha dentro. Os elevadores falham, os freios também. Já vi temperatura de 42°C no painel com ônibus lotado”, relatou. Ele também criticou a ausência de seguro e disse que, em casos de acidentes, os motoristas são responsabilizados. “Descontam do salário o que deveria ser pago pelo seguro”, denunciou.

A CPI já recebeu mais de 600 denúncias. Para Weslei, o sentimento dos usuários é de abandono. “A gente vê o olhar dos clientes pedindo socorro. Uma senhora me perguntou chorando se o ônibus ainda ia passar. Isso adoece a gente”, concluiu. As investigações continuam para apurar responsabilidades e propor melhorias ao sistema.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS