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Justiça Quarta-feira, 18 de Junho de 2025, 14:07 - A | A

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Paraguaios são resgatados em condições análogas à escravidão em fazenda de Bonito

Trabalhadores viviam em barracos improvisados, sem registro, saneamento ou equipamentos de segurança

Viviane Freitas
Capital News

Durante inspeção realizada pelo Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul (MPT-MS), sete trabalhadores paraguaios foram resgatados de uma fazenda de gado em Bonito, a 259 km de Campo Grande. A operação contou com apoio da Polícia Militar Ambiental e da Polícia do Ministério Público da União. Eles foram encontrados em situação degradante, caracterizada como escravidão contemporânea.

De acordo com o MPT-MS, os trabalhadores estavam em condições precárias: dormiam em barracos improvisados com lonas e galhos, sem acesso a banheiros, energia elétrica ou água potável. “Já chegamos devendo”, relatou um dos trabalhadores, explicando que a viagem do Paraguai até a fazenda foi custeada pelo empregador, criando uma dívida inicial. O banho era tomado ao ar livre e a água era coletada de um córrego em galões reutilizados de óleo.

Os homens não tinham registro em carteira e exerciam atividades como manutenção de cercas e uso de motosserra, sem qualquer capacitação ou equipamentos de proteção. Recebiam entre R$ 100 e R$ 150 por diária, ou R$ 20 por poste instalado. Enquanto isso, funcionários brasileiros da fazenda tinham a situação regularizada e ficavam próximos à sede, enquanto os estrangeiros trabalhavam em áreas afastadas.

Após o flagrante, três Termos de Ajuste de Conduta (TACs) foram firmados com o proprietário, que se comprometeu a pagar entre R$ 60 mil e R$ 90 mil por trabalhador a título de indenização por danos morais. O acordo também prevê pagamento retroativo do FGTS, registro formal dos trabalhadores, custeio das verbas rescisórias e despesas de retorno ao país de origem. As obrigações foram firmadas na presença de auditores-fiscais e do procurador do Trabalho, Paulo Douglas Almeida de Moraes.

O fazendeiro também assumiu 20 compromissos para evitar a repetição das irregularidades, como fornecimento de EPIs, realização de exames médicos, estrutura adequada de moradia e alimentação, e proibição de manter funcionários sem vínculo formal. Em caso de descumprimento, as multas podem chegar a R$ 9 mil por infração, além da possibilidade de dobrar o valor em casos de acidente grave ou morte.

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