Em tempos de crise e polarização, surgiu uma nova figura no folclore político nacional: o Pixpatriota. Um personagem que, sob o manto do patriotismo, transforma vaquinhas digitais em verdadeiras correntes de ouro. Jair Bolsonaro, ex-presidente e condenado por tentativa de golpe de Estado, tornou-se o ícone dessa modalidade de arrecadação, recebendo mais de R$ 19 milhões via Pix em apenas 11 meses—uma média de R$ 56 mil por dia, com mais de 1,2 milhão de transações feitas por apoiadores.
Enquanto o cidadão comum luta para pagar boletos, o ex-mandatário movimentou R$ 30,5 milhões em um único ano. Parte desse montante foi usada para pagar advogados, aplicações financeiras e até repasses milionários à família, como os R$ 2 milhões enviados ao filho Eduardo Bolsonaro para bancar permanência nos Estados Unidos. Tudo isso sob o pretexto de enfrentar um “assédio judicial”.
A retórica é conhecida: “não comprei imóvel, não fiz bagunça”, disse Bolsonaro, ao justificar os valores recebidos. Mas o que se vê é uma engenharia financeira digna de banqueiro suíço, com operações atípicas e suspeitas de lavagem de dinheiro apontadas pela Polícia Federal.
O político que se apresenta como “do povo” parece ter descoberto uma nova forma de capitalizar a fé cega de seus seguidores. Não mais com promessas de reforma ou combate à corrupção, mas com um QR code estampado nas redes sociais. Um verdadeiro Robin Hood às avessas: arrecada dos pobres para sustentar os processos dos ricos.
*Júlio César Cardoso
Servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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