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ENTREVISTA Sexta-feira, 06 de Maio de 2011, 07:18 - A | A

Sexta-feira, 06 de Maio de 2011, 07h:18 - A | A

Auxiliar novos empresários é uma das preocupações da nova gestão da Associação Comercial de Campo Grande

Jackeline Oliveira - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O fechamento precoce de empresas é uma das preocupações da nova gestão da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), Omar Pedro de Andrade Aukar, pelo próximo triênio 2011/2014, conforme declarou em entrevista exclusiva ao Capital News. O objetivo é tentar reduzir a mortalidade das empresas que estão começando, já que muitos jovens se tornam empreendedores, por falta de oportunidade de trabalho.

A posse será no dia 12 de maio.

Segundo ele, o trabalho será no sentido de alertar essas pessoas que estão começando a empreender, não o caminho do sucesso, mas pelo menos dizer quais os melhores caminhos. Ele cita como exemplo positivo a criação de uma rede, unindo supermercados pequenos de Campo Grande para competir de igual com as grandes redes supermercadistas.

Com relação aos sites de vendas coletivas, Aukar destaca que a tendência é direcionarem mais para serviço do que para produtos, pois é difícil dar desconto para um produto que tem um custo de fabricação, como é feito no caso dos serviços. No entanto, o e-commerce é preciso olha com cautela, pois as vendas vêm aumentando a cada ano e quem não se adequar as novas tecnologias vão ficar de fora do mercado. “Não adianta brigar contra a tecnologia. Quem não se adequar a tecnologia vai ficar de fora”.

Confira a entrevista na íntegra:

CAPITAL NEWS: Quais as expectativas para próxima gestão como presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande?
OMAR AUKAR:
A gente internamente tem um planejamento estratégico estabelecido e todos os anos ele é atualizado e implementado. Aquilo que foi executado sai fora e aquilo que a gente sente a necessidade de executar passa a fazer parte desse planejamento estratégico.

Nos próximos três anos, de uma forma macro, a gente quer focar principalmente no sentido de tentar reduzir a mortalidade das empresas que estão começando. Se você for ver bem o mercado, as boas oportunidades de emprego com esse processo de globalização, elas estão indo embora, estão batendo asas, então isso acaba obrigando os jovens a empreender, ele tem de virar empreendedor, porque se ele não tem onde trabalhar, ou ele vai embora de Mato Grosso do Sul ou vai fazer alguma coisa aqui e empreender.

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Foto: Deurico/Capital News

CAPITAL NEWS: Qual o projeto que deve ser feito para auxiliar esses novos empreendedores em Mato Grosso do Sul?
OMAR AUKAR:
No início de carreira, apesar de você ter várias entidades que dão orientação, como exemplo, o Sebrae, que faz um trabalho belíssimo, a gente vê as pessoas pecando e muitas vezes esse pecado por falta de informação acaba sendo a variável que faz com que assim a empresa venha a sucumbir de forma prematura. A gente quer trabalhar muito no sentido de abrir para essas pessoas que estão começando a empreender, não o caminho do sucesso, mas pelo menos dizer para essas pessoas o seguinte: jovem não vai por aqui, que por aqui você se lasca, não passa aí, esse aí é o caminho do inferno, e esse a gente conhece bem.

Então existem algumas alternativas que a gente ainda está estudando. Temos um exemplo que acho muito legal chamado Rede Econômica. O que é a rede econômica? Os pequenos supermercados começaram a não conseguir competir com os grandes supermercados, porque o grande comprava em grande volume que eles conseguiam preço bom e que deixava o pequeno fora da competição. Desta forma, os pequenos se juntaram, montaram esse negócio chamado rede econômica, passaram a ter um comprador só para todos, ou seja, o comprador dele ficou tão grande quanto o dos grandes supermercados e aí esse comprador consegue produtos num preço tão competitivo quanto é o deles. Isso acabou dando uma sobrevida, uma estruturação, uma melhoria, um horizonte novo para esses pequenos supermercados, quando na realidade o destino deles era acabar. Então, assim a gente quer ver se é possível usar alternativas como essa para tentar fazer com que pequenos possam não sofrer tanto no começo, para não ser penalizado.

CAPITAL NEWS: Quais as principais dificuldades do pequeno empreendedor?
OMAR AUKAR:
Se você for a uma pequena empresa, a grande maioria delas vai ter dentro de uma gavetinha um monte de cheque sem fundos e a única maneira deles cobrarem seria por meio de um advogado. No entanto, o valor do cheque não justifica contratar advogado para cobrar e isso implica em perda. Então se a Associação Comercial puder estruturar um processo de cobrança judicial aonde ela possa cobrar para esses pequenos de uma forma como a rede econômica, desenvolvendo um trabalho único, a gente vai poder dar uma alternativa para essas pessoas deixarem de perder uma coisa que hoje ela não tem alternativa. A gente pode tentar minimizar os efeitos disso.

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Foto: Deurico/Capital News

CAPITAL NEWS: Os impostos também têm contribuído para impedir o sucesso dos novos empresários?
OMAR AUKAR:
Para quem está começando pega o Simples Nacional, que é uma operação que ajuda o pequeno empresário. Mas quando você sai do Simples é que você passa a ter uma carga tributária pesadíssima. Então, o micro e pequeno empresário que está no Simples conta com essa medida que está no Congresso Nacional hoje que tende a expandir o limite do Simples, que hoje é R$ 2,4 milhões por ano para R$ 3,6 milhões, pois esses R$ 2,4 milhões foi estabelecido há uns cinco anos, a própria inflação já corroeu esse processo. A proposta está no Congresso Nacional e deve ser aprovado até julho. Essa é uma das expectativas que a gente tem.

CAPITAL NEWS: Falando em imposto, a cobrança do ICMS sobre as compras on line será partilhada entre os Estados de origem e destino, qual sua opinião sobre isso?
OMAR AUKAR:
As venda na Internet explodiu nos últimos dois anos, então não existia nem legislação para isso. O ICMS vai continuar sendo o mesmo, mas ele vai ser repartido, uma parte para o Estado de origem da compra e uma parte para o Estado de destino.

CAPITAL NEWS: Os sites de compras coletivas modificaram o perfil do consumidor campo-grandense ou eles continuam buscando as lojas físicas para as compras?
OMAR AUKAR:
Esses sites de compras coletivas na realidade estão fazendo uma mídia muito pesada, mas o percentual que isso significa para o comércio ainda é muito incipiente, não dá para você fazer nenhuma avaliação ainda, e a tendência dos sites de venda coletiva é que eles se direcionem muito mais para serviço do que para produtos. Quando você fabrica um celular, ele custar R$ 100,00 e se você for vender ele abaixo de R$ 100,00 você está tomando prejuízo. Então ninguém vai trabalhar para bancar prejuízo. As pessoas trabalham porque elas querem ter um ganho e um site de venda coletiva tende a se direcionar para a prestação de serviço. Por exemplo, uma cabeleireira pode falar que atende cinco clientes por dia , mas se forem 20, ela pode fazer 30% mais barato. Esse é o processo do site de venda coletiva.

CAPITAL NEWS: E as vendas de produtos pela internet interferem nos negócios locais?
OMAR AUKAR:
Agora a venda da internet é diferente, ela é pesada. A venda da internet tem mais do que dobrado a cada ano, isso significa que está enxugando os comércios. As pessoas estão comprando pela internet, eletrodoméstico, livros, DVDs e um monte de coisas. Há três anos, tínhamos três agências da TAM, uma no Aeroporto e duas no Centro. Hoje temos apenas uma, pois está tudo pela internet e muitas outras coisas vão nessa direção.

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Foto: Deurico/Arquivo Capital News

CAPITAL NEWS: A associação tem alguma medida para auxiliar os empresários a criar os próprios sites das lojas?
OMAR AUKAR:
Tem sim. Já temos aqui no Estado cinco ou seis sites de vendas. São sites pequenos, modestos, mas já é um começo e hoje o Sebrae, por exemplo, tem uma linha de consultoria e financiamento para quem quer entrar nesse segmento. Eu mesmo tenho interesse de entrar nesse segmento, porque acho que quem ficar fora disso vai ficar fora do mercado.

Hoje você mora em Campo Grande, imagina que você foi convidado para uma festa sábado, ai você fala, poxa não tenho roupa, aqui em Campo Grande, você tem um monte de opções, tem um monte de alternativas para você ir, se produzir e ficar legal num preço competitivo, agora imagina o seguinte, a mulher que mora em Iguatemi, ela vai procurar aonde, me fala? Você acha que ela não tem bom gosto, mas ela não tem alternativa, só que quando ela entra na telinha ali, pronto a alternativa dela está ali. Então qualquer coisa que ela comprar em Campo Grande, no mesmo dia você coloca no ônibus e chega lá pra ela. Não adianta brigar contra a tecnologia. Quem está no comércio, dependendo do tipo de produto que vende, caso não se adequar a tecnologia vai ficar de fora.

CAPITAL NEWS: Quais as expectativas para o dia das mães?
OMAR AUKAR:
Apesar da redução do prazo de financiamento, aumento do IOF, aumento da taxa de juros, as vendas vem num patamar consistente de crescimento, não com os mesmo percentuais que vinham antes, porque estava muito forte, mas continua crescendo. A inadimplência continua baixa, só tivemos pico no mês de março, mas no geral, a inadimplência continua baixa, o que significa que o comércio de uma maneira geral vai facilitar o crédito, facilitando o consumo.

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Foto: Deurico/Arquivo Capital News


Por Jackeline Oliveira - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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