Os pequenos e médios frigoríficos, responsáveis pelo consumo interno de carne bovina da Capital e municípios do interior de Mato Grosso do Sul, são os maiores prejudicados na atual fase da crise da carne que assola o setor neste segundo semestre de 2008. Eles são responsáveis também pela maioria dos mais de 2 mil processos trabalhistas gerados pelo setor até agora.
A avaliação é do presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Campo Grande, Rinaldo de Souza Salomão, que pede o empenho das autoridades, principalmente os governos federal e estadual, para aliviar temporariamente o peso tributário e outros débitos que esse segmento precisa recolher aos cofres públicos.
Preocupado com essa situação de Mato Grosso do Sul, onde centenas de trabalhadores estão desempregados, o presidente da CNTA – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação e Afins, Artur Bueno de Camargo, veio a Campo Grande para conversar com lideranças sindicais sobre o problema.
Depois de inteirar-se inclusive sobre a situação de alguns frigoríficos que estão tentando a todo custo retornar ao mercado, Arthur Bueno concluiu que os governos (federal e estadual) devem ajuda-los, inclusive renegociando dívidas, se necessário. “Os governos precisam intervir e ajudar de fato os frigoríficos a retornarem às suas atividades”, comentou o presidente da CNTA.
Rinaldo Salomão explicou que os pequenos e médios frigoríficos não estão conseguindo competir com os grandes, voltados para exportação, porque eles (os grandes) não se importam em pagar caro pela arroba do boi para vender para fora. O sindicalista questionou até a possibilidade de se estabelecer quotas de oferta de gado para abastecer o mercado interno e externo num período como esse, de crise.
“O consumidor está sendo o maior prejudicado pois está tendo que pagar caro pelo quilo da carne que deverá subir ainda mais até o final do ano”, comentou Rinaldo. Ele disse que a oferta de gado ainda é pequena. Tanto que alguns frigoríficos do Estado, com capacidade para abater 16 mil cabeças/mês, estão abatendo hoje apenas 5 mil/mês.
Caminhoneiros
A crise da carne está atingindo também caminhoneiros autônomos que estão sem trabalho e, consequentemente, com dificuldades para pagar prestações dos veículos. Para se ter idéia do número desses profissionais, Rinaldo Salomão contou para o presidente da CNTA, que pelo menos 60 caminhões eram necessários para atendimento a cada frigorífico de médio porte no Estado e diante do fechamento de unidades em Bataiporã, Aparecida do Taboado, Porto Murtinho, Paranaíba, Três Lagoas, Coxim, Itaquiraí e Campo Grande (2), dá para ter idéia do tamanho do problema gerado para os caminhoneiros.
Rinaldo explicou que os frigoríficos dos três primeiros municípios (Bataiporã, Aparecida do Taboado e Porto Murtinho) estão fechados temporariamente, pois deram férias coletivas para seus mais de 900 funcionários. Nas demais regiões mencionadas, foram fechados definitivamente e novos proprietários deverão entrar no mercado.
O presidente da CNTA, Artur Bueno de Camargo ouviu atentamente as reivindicações dos sindicalistas e espera que o governo estadual tome algumas medidas para evitar o fechamento definitivo desses estabelecimentos. E que ajude aqueles que estão em dificuldades financeiras para retomar às negociações.
Em Brasília ele deverá voltar a conversar com o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, sobre o problema de Mato Grosso do Sul.