Quinta-feira, 27 de Dezembro de 2007, 18h:24 -
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Demanda por energia deve elevar pressão sobre preço dos alimentos, diz FGV
Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)
A demanda por energias alternativas deve ter reflexos mais consistentes sobre os preços de alimentos e de produtos agropecuários daqui para a frente, segundo o coordenador de análises econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da Fundação Getulio Vargas, Salomão Quadros.
"O aumento do preço do milho, com a demanda energética, é um movimento que veio para ficar. Essa demanda por energia deve ter reflexos daqui para frente", avalia. "É uma questão de longo prazo, mas a agricultura tem capacidade para atender rápido a demanda. A produção de cana, por exemplo, subiu mais de 10% neste ano", diz Quadros, que deixa em aberto os efeitos do mercado internacional sobre as commodities agrícolas.
A instituição divulgou nesta quinta-feira inflação de 7,75% em 2007 para o IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado). O índice foi o maior registrado desde 2004 (12,41%) e o dobro do anotado ano passado, de 3,83% (o terceiro menor da história).
"Neste ano, o IGP-M foi tão mais alto que em 2006 por alimentos. A cadeia agroalimentar, do campo ao consumidor final, respondeu por cinco pontos percentuais dos 7,75%, ou seja por dois terços da inflação", explica Quadros. No ano, os produtos agrícolas subiram 24,22%, dentro do IPA (Índice de Preços por Atacado). No IPC (Índice de Preços ao Consumidor), a alta da categoria alimentos foi de 10,28% nos 12 meses de 2007.
"Mas a inflação não é só de alimentos", diz o professor, que admite, no entanto, que outros grupos --como serviço e varejo-- tiveram reajustes de preços mais comportados.
"Foi uma inflação muito segmentada em 2007, com muita força dos preços de alimentos", acrescenta.
Apesar da disparada dos preços neste ano, Quadros nega que a inflação esteja fora do controle. Quadros destaca que o IGP-M acumulado nos 12 meses, é "o quinto menor desde 1995, após o Plano Real e o fim do período de inflação acima de 1.000%".
"Preocupa por um lado, por que o índice subiu, mas a alta de preços não é generalizada", avalia.
2008
Já para 2008, Quadros estima IGP menor que este ano. "No Brasil, está sendo esperada uma safra recorde. Vai ter uma atenuação e isso deve aparecer com mais força no IGP e menos para o consumidor. O IPC deve ter menos impacto dos alimentos e mais de serviços", avalia.
Ele defende, porém, a postura mais conservadora do Banco Central, que nas duas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 11,25% ano. "O Banco Central deve manter-se alerta e ficar parado mesmo, nem cortar nem subir a taxa de juros", diz.
"É um cenário que requer cuidado. Há uma meta de inflação, que antes parecia ser facilmente alcançada, mas a folga acabou. Não é para desespero, mas requer atenção".