Mesmo durante os anos de pandemia, quando o crédito emergencial serviu como alívio temporário, a inadimplência das empresas em Mato Grosso do Sul não recuou. Desde 2016, os números seguem em trajetória de alta, passando de 49 mil empresas negativadas para 108.667 em julho de 2025. O crescimento é de 27% em um ano, um dos maiores do país, de acordo com a Serasa Experian.
A economista da Serasa, Camila Abdelmalack, atribui o recorde a fatores como juros elevados e acesso mais restrito ao crédito. “As empresas têm contraído dívidas cada vez mais altas. O ambiente econômico atual reduz as margens de lucro e dificulta renegociações”, explica. Segundo ela, o segundo semestre pode ser ainda mais desafiador. “A desaceleração da economia vai pressionar ainda mais os pequenos negócios.”
A dívida média por empresa em Mato Grosso do Sul chega a R$ 25.962,53, com oito contas em atraso por CNPJ. Já o valor médio por débito — o chamado tíquete médio — passou de R$ 2.853,98 em julho do ano passado para R$ 3.225,85 neste ano, um aumento de 13%. Apesar de o número de débitos por empresa ter se mantido estável, os valores ficaram mais altos, agravando o impacto no caixa.
O avanço local reflete um movimento nacional. Segundo o Capital News, o Brasil ultrapassou a marca de oito milhões de empresas inadimplentes, com dívidas que somam R$ 193,4 bilhões. Pequenas e médias empresas representam a maioria, principalmente no setor de serviços. Entre os riscos apontados para os próximos meses estão o aumento no custo da energia, variações cambiais e incertezas na concessão de crédito.
