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Economia Sábado, 11 de Outubro de 2025, 09:02 - A | A

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MS 48 anos

Economia criativa impulsiona novas fronteiras de exportação em Mato Grosso do Sul

Empresas locais conquistam mercados internacionais com apoio do Sebrae e políticas de fomento do Governo do Estado

Elaine Oliveira
Capital News

Álvaro Rezende/Secom

Economia criativa impulsiona novas fronteiras de exportação em Mato Grosso do Sul

Segundo Roza, a calcita possui mais de mil utilidades: vai de insumo para ração animal à indústria de remédios, tintas, cimentos e outros produtos.

Nem só de grãos e carnes vive o Mato Grosso do Sul. O Estado, que completa quase cinco décadas de criação, vem ampliando suas fronteiras econômicas e abrindo espaço para setores antes pouco explorados, como o da economia criativa e da mineração sustentável. Com produtos que vão de pedras preciosas e bolsas de luxo inspiradas no Pantanal a peças de artesanato indígena exportadas para o Japão, o Estado mostra que a criatividade também é um ativo de exportação.

Um dos exemplos dessa transformação é a Bella Pedra Cristal, empresa de mineração sediada em Campo Grande e comandada por Júnior Franco Roza. A companhia tem se destacado pela exportação de minerais sul-mato-grossenses para países como Japão, Portugal, Suíça e Dubai.

Álvaro Rezende/Secom

Economia criativa impulsiona novas fronteiras de exportação em Mato Grosso do Sul

Segundo Roza, a calcita possui mais de mil utilidades: vai de insumo para ração animal à indústria de remédios, tintas, cimentos e outros produtos

“Cada pedra tem sua própria história e particularidade. É fascinante imaginar como essas formações se originam. A calcita da nossa mina, em Bodoquena, é única no mundo, com manchas geométricas resultantes da contaminação natural por ferro, alumínio e até ouro. Batizamos de Calcita Millennium pela exclusividade”, explica Roza.

O empresário conta que o apoio do Sebrae/MS foi fundamental para a expansão internacional.

“Participamos do programa Exporta Mais, que abriu nossa mente. Aprendemos os caminhos e o processo correto para exportar. As vendas cresceram muito, dentro e fora do país”, afirma.

De acordo com o Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), Mato Grosso do Sul possui 6.690 artesãos ativos, reflexo de um setor em crescimento que une tradição e inovação.

A superintendente de Economia Criativa da Setesc, Luciana Azambuja Roca, reforça o papel estratégico desse segmento.

“A economia criativa é uma das grandes forças do nosso desenvolvimento. Além de ser fonte de renda, tem potencial para exportar cultura e produtos locais, como artesanato, moda, música e audiovisual”, explica.

Luciana adianta que o Estado prepara o Panorama da Economia Criativa, levantamento que vai mapear empreendimentos e profissionais do setor. Também está em andamento uma parceria internacional com territórios do Paraguai, Argentina e Chile, ao longo do Corredor Bioceânico, para ampliar oportunidades.

“Acreditamos que a economia criativa pode movimentar a Rota para além da logística, valorizando nossa cultura regional e fortalecendo o intercâmbio cultural”, completa.

Do Pantanal para o mundo

Divulgação

Economia criativa impulsiona novas fronteiras de exportação em Mato Grosso do Sul

Marca Zanir Furtado na Semana de Moda de Paris 2025. Marca conquista passarelas internacionais

Inspirada no Pantanal, a marca Zanir Furtado transformou bolsas e acessórios de couro em peças de luxo reconhecidas internacionalmente. Criada em Rio Negro, a empresa capacita mulheres e jovens locais, e hoje exporta seus produtos para diferentes países.

“Moda não é glamour, é empreendedorismo. Aprendi isso no Empretec, programa do Sebrae. Meu propósito é gerar oportunidades e empoderar pessoas”, afirma Zanir.

A marca — primeira no mundo inspirada no Pantanal — já desfilou na Semana de Moda de Paris 2025 e foi escolhida para presentear a princesa Kako do Japão, com uma bolsa que hoje integra o acervo real japonês.

Fibra Morena: sustentabilidade e reconhecimento internacional

Álvaro Rezende/Secom

Economia criativa impulsiona novas fronteiras de exportação em Mato Grosso do Sul

Um case de sucesso e artesãos ganhadores da 5ª edição do prêmio TOP 100 do Sebrae

 

Outro case de sucesso é o da Fibra Morena, coletivo de artesãs liderado por Lucimar Maldonado. Com foco na sustentabilidade, o grupo trabalha com fibras naturais, como bananeira, buriti e taboa, transformando-as em acessórios e objetos decorativos. A empresa já exporta para Japão e Irlanda e reúne mais de 30 artesãos em Miranda e Campo Grande.

A trajetória da Fibra Morena inclui conquistas importantes, como o Prêmio Top 100 Sebrae, que reconhece as melhores práticas de artesanato do país, e a participação na COP30, onde suas peças representarão o artesanato sul-mato-grossense nos presentes oficiais do evento.

“A partir do prêmio, muitas portas se abriram. Hoje temos mais de 60 clientes, a maioria fora do Estado. O artesanato é a expressão da nossa identidade e sustentabilidade”, afirma Lucimar.

Álvaro Rezende/Secom

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A trajetória da Fibra Morena ganha um novo capítulo: a participação na COP30, em novembro

Apoio institucional

A analista técnica do Sebrae/MS, Daniele Muniz, destaca o trabalho de capacitação e apoio comercial promovido pela instituição.

“Oferecemos desde cursos de gestão e design até participação em feiras e rodadas de negócios. A Semana do Artesão, por exemplo, movimentou R$ 700 mil em apenas três horas neste ano”, revela.

Com o fortalecimento da economia criativa, Mato Grosso do Sul mostra que sua vocação exportadora vai muito além do agronegócio. Do subsolo às passarelas internacionais, das oficinas artesanais ao mercado digital, o Estado se consolida como um celeiro de inovação, talento e identidade cultural, levando ao mundo o que tem de mais genuíno: sua criatividade.

Álvaro Rezende/Secom

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Daniele Muniz, analista-técnica do Sebrae/MS

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