Álvaro Rezende/Secom

Segundo Roza, a calcita possui mais de mil utilidades: vai de insumo para ração animal à indústria de remédios, tintas, cimentos e outros produtos.
Nem só de grãos e carnes vive o Mato Grosso do Sul. O Estado, que completa quase cinco décadas de criação, vem ampliando suas fronteiras econômicas e abrindo espaço para setores antes pouco explorados, como o da economia criativa e da mineração sustentável. Com produtos que vão de pedras preciosas e bolsas de luxo inspiradas no Pantanal a peças de artesanato indígena exportadas para o Japão, o Estado mostra que a criatividade também é um ativo de exportação.
Um dos exemplos dessa transformação é a Bella Pedra Cristal, empresa de mineração sediada em Campo Grande e comandada por Júnior Franco Roza. A companhia tem se destacado pela exportação de minerais sul-mato-grossenses para países como Japão, Portugal, Suíça e Dubai.
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Segundo Roza, a calcita possui mais de mil utilidades: vai de insumo para ração animal à indústria de remédios, tintas, cimentos e outros produtos
“Cada pedra tem sua própria história e particularidade. É fascinante imaginar como essas formações se originam. A calcita da nossa mina, em Bodoquena, é única no mundo, com manchas geométricas resultantes da contaminação natural por ferro, alumínio e até ouro. Batizamos de Calcita Millennium pela exclusividade”, explica Roza.
O empresário conta que o apoio do Sebrae/MS foi fundamental para a expansão internacional.
“Participamos do programa Exporta Mais, que abriu nossa mente. Aprendemos os caminhos e o processo correto para exportar. As vendas cresceram muito, dentro e fora do país”, afirma.
De acordo com o Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (Sicab), Mato Grosso do Sul possui 6.690 artesãos ativos, reflexo de um setor em crescimento que une tradição e inovação.
A superintendente de Economia Criativa da Setesc, Luciana Azambuja Roca, reforça o papel estratégico desse segmento.
“A economia criativa é uma das grandes forças do nosso desenvolvimento. Além de ser fonte de renda, tem potencial para exportar cultura e produtos locais, como artesanato, moda, música e audiovisual”, explica.
Luciana adianta que o Estado prepara o Panorama da Economia Criativa, levantamento que vai mapear empreendimentos e profissionais do setor. Também está em andamento uma parceria internacional com territórios do Paraguai, Argentina e Chile, ao longo do Corredor Bioceânico, para ampliar oportunidades.
“Acreditamos que a economia criativa pode movimentar a Rota para além da logística, valorizando nossa cultura regional e fortalecendo o intercâmbio cultural”, completa.
Do Pantanal para o mundo
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Marca Zanir Furtado na Semana de Moda de Paris 2025. Marca conquista passarelas internacionais
Inspirada no Pantanal, a marca Zanir Furtado transformou bolsas e acessórios de couro em peças de luxo reconhecidas internacionalmente. Criada em Rio Negro, a empresa capacita mulheres e jovens locais, e hoje exporta seus produtos para diferentes países.
“Moda não é glamour, é empreendedorismo. Aprendi isso no Empretec, programa do Sebrae. Meu propósito é gerar oportunidades e empoderar pessoas”, afirma Zanir.
A marca — primeira no mundo inspirada no Pantanal — já desfilou na Semana de Moda de Paris 2025 e foi escolhida para presentear a princesa Kako do Japão, com uma bolsa que hoje integra o acervo real japonês.
Fibra Morena: sustentabilidade e reconhecimento internacional
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Um case de sucesso e artesãos ganhadores da 5ª edição do prêmio TOP 100 do Sebrae
Outro case de sucesso é o da Fibra Morena, coletivo de artesãs liderado por Lucimar Maldonado. Com foco na sustentabilidade, o grupo trabalha com fibras naturais, como bananeira, buriti e taboa, transformando-as em acessórios e objetos decorativos. A empresa já exporta para Japão e Irlanda e reúne mais de 30 artesãos em Miranda e Campo Grande.
A trajetória da Fibra Morena inclui conquistas importantes, como o Prêmio Top 100 Sebrae, que reconhece as melhores práticas de artesanato do país, e a participação na COP30, onde suas peças representarão o artesanato sul-mato-grossense nos presentes oficiais do evento.
“A partir do prêmio, muitas portas se abriram. Hoje temos mais de 60 clientes, a maioria fora do Estado. O artesanato é a expressão da nossa identidade e sustentabilidade”, afirma Lucimar.
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A trajetória da Fibra Morena ganha um novo capítulo: a participação na COP30, em novembro
Apoio institucional
A analista técnica do Sebrae/MS, Daniele Muniz, destaca o trabalho de capacitação e apoio comercial promovido pela instituição.
“Oferecemos desde cursos de gestão e design até participação em feiras e rodadas de negócios. A Semana do Artesão, por exemplo, movimentou R$ 700 mil em apenas três horas neste ano”, revela.
Com o fortalecimento da economia criativa, Mato Grosso do Sul mostra que sua vocação exportadora vai muito além do agronegócio. Do subsolo às passarelas internacionais, das oficinas artesanais ao mercado digital, o Estado se consolida como um celeiro de inovação, talento e identidade cultural, levando ao mundo o que tem de mais genuíno: sua criatividade.