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Presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Guilherme Bumlai
O setor da pecuária brasileira está em alerta diante da decisão dos Estados Unidos de aplicar novas tarifas sobre a carne bovina importada do Brasil.
A medida, que reacende debates sobre barreiras comerciais, preocupa principalmente pelos impactos imediatos na remuneração dos pecuaristas, segundo avalia o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul, Guilherme Bumlai.
Durante entrevista para o programa Tribuna Livre da Capital FM, Bumlai classificou a situação como uma guerra comercial, e considerou “previsível” a manifestação da Associação Americana de Pecuaristas, que recentemente se posicionou favorável ao aumento das tarifas sobre a carne brasileira.
“Eles estão no menor rebanho da história, com preços elevados. Não querem a entrada da carne brasileira porque isso pressiona o mercado deles para baixo. Estão defendendo o produto deles. O que não podemos admitir é o ataque ao nosso sistema sanitário e ambiental”, afirmou.
Segundo ele, o Brasil possui um dos melhores sistemas de controle sanitário do mundo e um nível de responsabilidade ambiental que poucos países alcançam. “Hoje, nenhum frigorífico compra carne de propriedades com pendência ambiental. Há um sistema de cruzamento de dados, e se tiver problema, a carne não entra”, reforçou.
Impacto ao produtor rural
Bumlai também alertou que o impacto real do tarifário é menor do que se propaga: os Estados Unidos representam apenas 2% das exportações brasileiras de carne bovina. Apesar disso, o anúncio da tarifa causou queda imediata de 10% a 12% no valor da arroba, penalizando diretamente o pecuarista.
“O prejuízo direto é para o produtor, que viu o valor da @ despencar logo após o anúncio. Isso não é proporcional à importância do mercado americano. E o pior: os frigoríficos estão aproveitando o momento para aumentar suas margens, pressionando ainda mais o preço pago ao produtor”, denunciou, Presidente da Acrissul.
Outro ponto levantado por Guilherme é que apenas 54 frigoríficos brasileiros são habilitados para exportar aos EUA, dentro de um universo de mais de 700. “Mesmo assim, todos estão se aproveitando da situação para forçar a queda da arroba. Estamos em articulação com outras entidades estaduais para orientar o produtor a segurar o boi e vender só o necessário, evitando ampliar ainda mais as perdas”.
Seca agrava cenário e pressiona o campo
Deurico/Capital News

O anúncio da tarifa causou queda imediata de 10% a 12% no valor da arroba, penalizando o pecuarista
A aproximação do mês de agosto traz mais um desafio para o setor: a entressafra e a seca, que reduzem a disponibilidade de pastagem e animais prontos para o abate. “Era o momento em que a arroba deveria estar subindo, por conta da escassez de oferta. Mas o que estamos vendo é o contrário: queda contínua no valor, e frigoríficos postergando compras para ‘sentir o fundo do poço’”, lamentou Bumlai.
Segundo ele, a orientação para o produtor é clara: “É hora de cautela. Vender o mínimo necessário para honrar compromissos e resistir à pressão do mercado”.
Tribuna Livre - 23/07/2025