Ricardo Stuckert/PR

Lula lança Plano Safra da Agricultura Familiar: 'Dinheiro para quem mais precisa'
O governo federal anunciou R$ 594,4 bilhões para o Plano Safra 2025/2026, com R$ 78,2 bilhões destinados à agricultura familiar e R$ 516,2 bilhões à agricultura empresarial. Embora os números representem um aumento nominal de 2,89% para a agricultura familiar e 1,49% para a empresarial em relação ao ciclo anterior, o reajuste ficou abaixo da inflação acumulada de 4,73% em 2024, o que representa perda real no poder de financiamento do produtor rural.
Segundo cálculos técnicos, para manter o mesmo poder de compra do ciclo anterior, seriam necessários pelo menos R$ 79,59 bilhões para a agricultura familiar e R$ 532,65 bilhões para a empresarial. A defasagem preocupa produtores, especialmente em um cenário de altos custos de produção e aumento das taxas de juros.
“Na prática, o plano aparenta crescimento, mas não oferece mais força financeira para quem está no campo”, avalia uma liderança do setor.
Outro ponto de tensão é o encarecimento do crédito rural. As taxas de juros subiram, em média, dois pontos percentuais em comparação ao último ano, dificultando o acesso dos produtores ao financiamento necessário para manter e expandir suas atividades.
O setor produtivo também demonstrou preocupação com a falta de informações sobre o Programa de Seguro Rural (PSR). Além de não ter sido apresentado o valor destinado ao programa no novo ciclo, o PSR já havia sofrido um corte expressivo nos recursos restantes do plano anterior, o que afeta diretamente a segurança do produtor diante de eventos climáticos adversos.
Para especialistas e representantes do agronegócio, mais que volume de recursos, é necessário garantir acesso eficiente aos programas, com políticas públicas que cheguem à ponta. A demanda é por uma abordagem que promova a sustentabilidade da atividade rural, com linhas de crédito acessíveis e segurança garantida via seguro rural.
O Plano Safra 2025/2026 já está em vigor, mas a expectativa do setor é que ajustes sejam feitos nos próximos meses para garantir a efetividade das políticas anunciadas.