Enquanto o Brasil registrou uma queda de 5,1% na produção de cana-de-açúcar na safra 2024/2025, Mato Grosso do Sul manteve um desempenho estável, acompanhando a leve alta de 0,2% observada em toda a Região Centro-Oeste. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a região colheu 145,3 milhões de toneladas nesta safra, número próximo ao recorde anterior.
Mato Grosso do Sul é um dos principais estados produtores de cana na região e tem mostrado consistência mesmo diante de um cenário nacional marcado por estiagens, altas temperaturas e queimadas, que afetaram fortemente os canaviais da Região Sudeste.
Segundo a Conab, o Centro-Oeste teve crescimento de 4% na área plantada, totalizando 1,85 milhão de hectares. A produtividade, no entanto, caiu 3,7%, ficando em 78.540 quilos por hectare. A combinação de maior área e produtividade ainda relativamente alta ajudou a sustentar os bons números.
Cenário nacional impactado pelo clima
No país, a produção total de cana ficou em 676,96 milhões de toneladas – a segunda maior da história. No entanto, a queda foi puxada principalmente pela Região Sudeste, que colheu 439,6 milhões de toneladas – 6,3% a menos que no ciclo anterior. “O fogo consumiu vários talhões de cana em plena produção”, alertou a Conab.
Etanol e açúcar
Mesmo com a queda na produção de cana, a fabricação total de etanol subiu 4,4%, alcançando 37,2 bilhões de litros. O bom resultado foi puxado pelo etanol de milho, cuja produção atingiu 7,84 bilhões de litros – alta expressiva de 32,4% em relação ao ciclo passado.
Mato Grosso do Sul tem papel relevante nesse cenário, já que concentra diversas unidades produtoras de etanol de milho e está entre os estados com maior investimento nessa rota tecnológica. A tendência é de crescimento, com novas plantas e ampliações em operação.
Já a produção de açúcar no país caiu 3,4%, totalizando 44,1 milhões de toneladas. Ainda assim, esse volume representa a segunda maior safra do adoçante já registrada no Brasil. O mercado aquecido favoreceu a destinação da matéria-prima para o açúcar, segundo a Conab.
Exportações seguem fortes
Apesar da estabilidade nos volumes embarcados (35,1 milhões de toneladas de açúcar), a receita das exportações caiu 8,2%, somando US$ 16,7 bilhões, devido à queda nos preços internacionais.
No caso do etanol, os embarques foram de 1,75 bilhão de litros, o que representa uma redução de 31% frente à safra anterior.
Potencial de crescimento
Com estabilidade mesmo em um ciclo marcado por adversidades climáticas, Mato Grosso do Sul mostra que tem potencial para crescer ainda mais na produção de cana e seus derivados, especialmente com o avanço da produção de etanol de milho. O desempenho da safra reforça a importância do estado na matriz agroindustrial do Brasil e no fornecimento de bioenergia.