As ações de Mato Grosso do Sul no processo de transição energética foram apresentadas nesta terça-feira (2) durante o painel “Estados pelo Clima – O uso do biogás e do biometano como estratégia na agenda de descarbonização”, realizado no 12º Fórum do Biogás, em São Paulo. O evento, promovido pela ABiogás, reuniu cerca de 1,2 mil participantes, entre executivos, autoridades e especialistas, discutindo tendências, inovações e oportunidades de negócios no setor.
Biometano: elo entre agro e energia
O secretário da Semadesc, Jaime Verruck, destacou o papel estratégico do biometano na frota a diesel e sua relevância para a descarbonização.
“No início, quando se discutiam políticas públicas, a palavra biometano sequer aparecia. Hoje, ele conecta agro e energia no Brasil e cumpre papel decisivo na transição energética”, afirmou.
Segundo Verruck, o biometano se compara ao etanol, que substituiu a gasolina e renovou a frota brasileira, representando agora uma alternativa sustentável para veículos pesados.
Incentivos e políticas estaduais
Durante o painel, foram apresentadas medidas adotadas pelo Estado para impulsionar o setor:
Redução quase integral da carga tributária para comercialização de biometano e aquisição de equipamentos;
Crédito presumido acumulado, que liberou R$ 600 milhões ao setor sucroenergético em 2024;
Linhas exclusivas do FCO com juros de 8,5% ao ano para projetos de biogás e biometano;
Financiamento de projetos de ciência e tecnologia para ampliar a base de insumos, incluindo a vinhaça da cana;
Política de remuneração de produtores rurais que transformam biogás em biometano e comercializam excedentes;
Editais de compra pública para estimular a oferta do biometano.
Desde 2017, Mato Grosso do Sul adota o Plano MS Carbono Neutro 2030, tratando a sustentabilidade como vantagem competitiva. Já foram substituídos 5 milhões de hectares de áreas degradadas por produção agrícola e silvipastoril, e mais de R$ 1 bilhão em projetos de energia renovável estão em andamento.
Inovação e testes de frota
Como exemplo de inovação, Verruck citou a parceria com a Suzano e empresas espanholas para testar caminhões movidos a gás em estradas não pavimentadas, transportando celulose e eucalipto. Segundo ele, a iniciativa amplia a frota a gás natural e prepara o caminho para a entrada definitiva do biometano como alternativa energética central para o Estado, fortalecendo competitividade e inovação.
“O biometano não é apenas uma alternativa energética, mas um vetor de competitividade e inovação para Mato Grosso do Sul”, finalizou o secretário.