As mudanças viárias implantadas pela Prefeitura de Campo Grande no bairro Cidade Jardim e região do Parque dos Poderes têm gerado ampla insatisfação entre os moradores, especialmente nas ruas Antúrio, Gardênia, Junquilhos e Centáurea. Apesar de o município afirmar que o reordenamento atendeu a solicitações de frequentadores e foi baseado em estudos técnicos da Agetran, o que se vê nas ruas e nos grupos de moradores é uma série de críticas sobre impactos negativos na mobilidade urbana local.
As mudanças, que estabeleceram mão única em várias vias com o objetivo de permitir estacionamento em ambos os lados e manter uma faixa central de circulação, resultaram, segundo relatos, em transtornos no acesso ao bairro, aumento do tráfego, risco de acidentes e sensação de insegurança.
“A Antúrio virou pista de corrida esburacada. Aos domingos, não consigo sair da garagem por causa dos carros dos dois lados. Aqui só piorou”, relatou uma moradora que preferiu não se identificar.
Moradora da Antúrio, Marta Coutinho também manifestou frustração com a nova realidade.
“Tá bem complicada a Antúrio, bem como o resto das outras ruas. Ela virou o único acesso de entrada no bairro, tanto pra moradores quanto pra quem vem do Parque dos Poderes, da Avenida do Poeta, da João Arinos... Antes era tranquila, porque todos podiam entrar e sair pelas diversas ruas de mão dupla. A maioria dos moradores nem foi consultada — só souberam das mudanças depois que elas aconteceram”, afirmou.
“O melhor seria voltar ao que era, regularizando apenas a questão dos estacionamentos em um lado da rua”, sugeriu Marta.
No grupo de vizinhos, outros moradores apontam pontos críticos na execução do projeto. Há reclamações sobre a falta de sinalização, ruas com asfalto deteriorado, e concentração do tráfego em poucas vias.
“Nunca vi pintarem ruas sem tapar os buracos antes. A não ser que vão justificar o gasto pintando de novo depois, ou pior: não vão arrumar nunca”, comentou um dos moradores.
Carlos Eduardo, morador da região, apontou a expansão comercial como fator ignorado nas decisões técnicas:
“No Cidade Jardim, permitiu-se a instalação de comércios e serviços, e isso repercute no trânsito. Ouvi falar que a Agetran considerou argumentos técnicos, mas na prática criaram problema onde não tinha e agravaram o que já existia.”
Morador da Rua Junquilhos, ele também destacou que os acessos ao bairro e ao Parque dos Poderes foram comprometidos:
“No meu dia a dia, piorou o acesso ao Parque e à Afonso Pena. Em teoria há duas ruas de acesso, mas na prática só temos a Imbé. E o trânsito da João Arinos agora se concentra todo na Junquilhos, que se junta com o da Raúl Pires Barbosa, forçando todo mundo a acessar o Parque apenas pela Imbé.”
Em outra mensagem, um morador acrescenta:
“Até agora não vi ninguém dizer que aprovou. A Centáurea está um caos, o trânsito está perigoso. De manhã é um horror pra sair com as crianças pra escola.”
Dentre as sugestões da comunidade estão a instalação de quebra-molas, a proibição de estacionamento em um dos lados da Antúrio, e a volta de alguns trechos ao sistema de mão dupla, especialmente para desafogar vias sobrecarregadas como a Centáurea.
“Se o bairro como um todo teve melhoras, não vou criticar por completo. Mas no mínimo deveriam fazer uma nova reunião para ouvir quem foi prejudicado”, defendeu uma moradora.
A comunidade agora cobra da Prefeitura de Campo Grande um canal efetivo de diálogo, para que a mobilidade seja ajustada com base na vivência real dos moradores, e não apenas em modelos teóricos que, segundo os relatos, não têm funcionado na prática.