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Saúde e Bem Estar Terça-feira, 27 de Junho de 2023, 18:16 - A | A

Terça-feira, 27 de Junho de 2023, 18h:16 - A | A

Junho Violeta

Campanha alerta população sobre a prevenção da Ceratocone, doença oftalmológica

SES ressalta a importância da doação de córnea

Livia Bezerra
Capital News

Bruno Rezende

Campanha alerta população sobre a prevenção da Ceratocone, doença oftalmológica

De janeiro até agora, foram realizados 79 transplantes de córneas em Mato Grosso do Sul

Criada para a prevenção da Ceratocone, doença oftalmológica que afeta a estrutura da córnea, a campanha ‘Junho Violeta’ está lembrando a população sobre a importância da doação do tecido essencial para a visão. A campanha é realizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso do Sul (CET/MS), que promovem um importante trabalho de captação.

A córnea é uma estrutura transparente que cobre toda a frente do globo ocular, um tecido fino e translúcido para que a luz possa entrar e chegar no fundo do olho, onde as imagens são processadas e enviadas para o cérebro.

Divulgação/SES

Campanha alerta população sobre a prevenção da Ceratocone, doença oftalmológica

A córnea é uma camada fina e transparente que cobre toda a frente do globo ocular

Em Mato Grosso do Sul, o Banco de Olhos da Santa Casa de Campo Grande é responsável pela captação, processamento, conservação e liberação do tecido ocular humano para realização do transplante de córneas. Após a doação da família, o banco é o responsável por todo o processo a ser realizado, incluindo a avaliação e exames de sorologia do tecido ocular doado, feito por uma equipe especializada.

O diretor do banco de olhos do hospital, Marcos Rogério Piccinin, explica que várias doenças podem comprometer a córnea, o que pode a deixar opaca ou deformada. “Algumas doenças podem deixar a córnea opaca, às vezes deformada e nessas situações pode ser necessário um transplante de córnea, trocar essa córnea, trocar essa camada do olho para que a pessoa volte a enxergar”.

De janeiro até agora foram realizados 79 transplantes de córneas no Estado e, segundo a CET/MS, 427 pacientes ainda aguardam na fila para o transplante. “Atualmente estamos em uma situação não confortável, está demorando de um a dois anos para conseguirmos uma córnea para fazer o transplante. Então, é fundamental que as pessoas se conscientizem da necessidade de doar as córneas dos pacientes, dos seus entes queridos que se foram”, alerta o médico.

“Só dessa forma, através da doação, que vamos conseguir novamente zerar a fila, não deixar paciente sofrendo por um, dois anos para conseguir uma córnea e dar uma qualidade de vida melhor a essas pessoas que estão passando tantas necessidades por não conseguir enxergar”, acrescenta.

Conforme a coordenadora da CET/MS, Claire Carmen Miozzo, a cada dez entrevistas realizadas, entre sete e oito famílias negam a doação, seja pela falta de conhecimento ou comunicação. “Quem doa é a família, então a família tem que saber que você é um doador de órgãos e tecidos. A primeira coisa que precisa ser feita é conversar com a sua família, se a sua família não souber que você é doador, ela vai dizer não. Uma única conversa com menos de dois minutos feita em vida, salva várias vidas. Muitas famílias doam mesmo sem saber da vontade da pessoa”.

Na fase inicial da Ceratocone, é possível controlar a doença, segundo explica o médico oftalmologista Vitor Montanholi Martins. “Procedimentos mais simples fazem com que a pessoa enxergue e controle a doença. Agora, em casos mais graves, o transplante de córnea acaba sendo o último tratamento para devolver a visão para esses pacientes”.

Divulgação/SES

Campanha alerta população sobre a prevenção da Ceratocone, doença oftalmológica

Josiane Pereira possui a doença desde que nasceu

Quem teve sua qualidade de vida renovada após três transplantes de córneas é a gerente de Cadastro e Lotação da SES, Josiane Pereira, que possui a doença desde quando nasceu. “Eu nasci com uma deformidade genética chamada Ceratocone, fui tratada como astigmatismo até os 14 anos, em seguida passei por um especialista na doença e iniciei tratamento com lentes rígidas. Mas o meu caso é mais grave e as lentes não paravam, e aos 20 anos passei pelo meu primeiro transplante de córnea”, conta.

Foram os transplantes que fizeram com que Josiane conseguisse seguir em frente, tendo uma vida normal. Hoje ela comemora: “Essas doações me proporcionaram possibilidades. Fiz faculdade, tenho pós-graduação, estou terminando o mestrado e trabalho o dia inteiro na frente do computador. Ainda hoje uso óculos com 17,5 graus, não vivo sem o óculos, mas o transplante funciona, é algo que soluciona a vida da pessoa. A minha, não tenho nem o que falar. A minha vida é normal, tiveram uns períodos de convalescênça devido à cirurgia, você precisa passar pelo processo de recuperação, mas não impediu de fazer qualquer coisa”.

Agora, aos 45 anos, ela passa por exames para, mais uma vez, entrar na fila do quarto transplante de córnea a ser realizado.

Importância do diálogo

É fundamental existir um diálogo entre o doador e a família, para que as pessoas também entendam o quão importante é ser um doador de córnea. “As pessoas não conversam sobre a doação de órgãos e tecidos, quando morrem, cabe a família autorizar a doação. Durante a acolhida entrevistamos o familiar e damos o direito de a família decidir pela doação. Muitas vezes, quando dizem ‘não’, a maioria é porque desconhece a vontade de quem foi a óbito. Se isso for deixado claro em vida com a família, ela vai autorizar”, explica Claire.

O serviço de acolhimento é realizado por pessoas treinadas, que passam por capacitações da Central de Transplantes, a fim da família entender todo o processo de morte encefálica e o direito de autorizar ou não a doação de órgãos e tecidos. No caso das córneas, elas podem ser transplantadas em até 14 dias após a doação. Então, não deixe de informar seus familiares o seu desejo de ser um doador de órgãos e tecidos. Doe e salve vidas!

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