Ele completa 54 anos no dia 28 deste mês. Nascido em Aquidauana, filho de boliviano com paraguaia, Inocêncio Arce Salazar, traz um sotaque que não nega suas origens. “O sangue puxa”, disse Inocêncio. Conhecido como Tucho no meio esportivo, ele foi zelador, massagista e espécie de quebra-galho do Operário Futebol Clube e mora, há 26 anos, no Poliesportivo do clube. Nesta quinta-feira (12), Tucho recebeu a visita de um oficial de justiça com uma ordem de despejo em mãos. O novo dono do imóvel deu prazo de cinco dias para Tucho e sua família saírem da casa.
Daqui a uma semana, no dia 19, Inocêncio completa 26 anos na sede, ocupando uma área dos 50.389,06 metros quadrados da sede do clube. Hoje, Tucho mora com a mulher, Maria Josefa França, de 51 anos, que durante dez anos era responsável por lavar os uniformes dos jogadores do Operário. Junto com o casal, mora uma neta com 11 anos, e na casa ao lado, a filha Ana Paula, de 27 anos, com seus dois filhos menores.
A família sobrevive hoje com uma renda de quase R$ 500,00. Sem salário, durante um tempo, Inocêncio chegou a alugar o campo de futebol para os veteranos do clube, o que gerava uma renda mensal de R$ 420,0. A situação do zelador do clube é precária. “Eu sempre cuidei daqui e não tenho salário”, disse Inocêncio. Questionado como sobrevive com uma renda abaixo de um salário mínimo, o zelador apenas responde: “só pela graça e misericórdia de Deus”.
Ele afirmou ao Capital News que a área foi à leilão e arrematada por um empresário, Paulo Roberto Ferreira Alves. “Quem comprou deu uma entrada de R$ 220 mil e disse que não ia pagar mais porque estava em dúvida, mas pagou as parcelas para o juiz e a última foi paga em agosto”, contou Inocêncio.
“Hoje, mandou um oficial de justiça para desocupar e disse eu se eu falasse alguma coisa, alterando minha voz, iria comunicar à polícia, me levava preso e colocava minhas coisas na rua, se eu não concordasse em sair daqui”, afirmou Tucho. Sem ter para onde ir e sem condições de pagar um aluguel, o zelador conversou com o novo proprietário da área que deu um prazo de cinco dias para que Inocêncio desocupe a casa.
Tucho explicou que em 1996 um juiz determinou ao escrivão que desse baixa em sua Carteira de Trabalho para que ele pudesse retirar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Seguindo o trâmite legal deu entrada na documentação quando descobriu que não havia sido depositado nenhum valor. Na época, o presidente do clube, Roberto Wolf, assinou novamente sua carteira, mas depois de três meses recebeu nova baixa e ficou sem salário mais uma vez.
O advogado de Inocêncio, que preferiu não se identificar, explicou que está tentando reverter a situação do zelador. Segundo o representante de Inocêncio corre uma ação de usucapião que está na fase de recurso e que não houve uma decisão, entretanto, outro juiz emitiu o parecer da emissão da posse se observar que ainda existe um processo que está sendo julgado.
Segundo o advogado a possibilidade de Inocêncio permanecer no local é de 50%, uma vez que existe jurisprudência favorável. Sobre o processo trabalhista, o advogado afirmou que houve um acordo, mas o valor foi mínimo se considerar todas as ações e benfeitorias que Tucho empreendeu no local.

O zelador e massagista recebeu baixa em sua carteira em 1996, e descobriu que o clube não efetuou nenhum depósito
Foto: Deurico/Arquivo CapitalNews
Helio 13/12/2013
Tucho ta dando uma de esperto....querendo levar a àrea toda na esperteza...trabalha velho
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