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Opinião Quarta-feira, 30 de Julho de 2025, 12:11 - A | A

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Opinião

Profissionalização rural: por que a gestão de pessoas é o novo diferencial competitivo do agro

Por Daniela Correa*

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Em um setor cada vez mais exposto a riscos regulatórios e cobranças por responsabilidade social, boas práticas trabalhistas deixam de ser custo e passam a ser estratégia para evitar passivos e fortalecer a competitividade do negócio

O agronegócio brasileiro avança em tecnologia, logística e abertura de mercados, mas a profissionalização do setor precisa ir além da produção e da exportação. A gestão de pessoas no campo continua sendo u m dos maiores pontos de fragilidade jurídica e de risco reputacional para empresas do agro. Muitos passivos trabalhistas nascem da informalidade, da falta de controles básicos e da ausência de uma cultura de compliance nas propriedades rurais e agroindústrias.

Para quem contrata, gere e responde legalmente pela operação — produtores, empresas e cooperativas — o desafio está em transformar a relação com o trabalhador rural em um eixo estratégico de proteção e eficiência. Isso significa aplicar boas práticas que vão desde o registro formal e o controle de jornada até treinamentos, canal de denúncias e políticas claras de conduta.

Compliance trabalhista no agro: prevenir é mais barato que indenizar

Implantar uma gestão trabalhista estruturada no campo é uma das formas mais eficazes de evitar litígios que, muitas vezes, custam caro e afetam o nome da empresa. Um único processo pode gerar multas, embargos e dificultar negociações comerciais, especialmente diante de grandes compradores nacionais e internacionais cada vez mais atentos ao cumprimento da legislação e às práticas de ESG.

Um programa básico de compliance rural deve incluir:

Mapeamento das funções e rotinas dos trabalhadores;
Auditorias periódicas de documentos e condições de trabalho;
Capacitação dos gestores e encarregados sobre os direitos e deveres das partes;
Monitoramento da jornada e controle do trabalho intermitente ou sazonal;
Prevenção ativa contra assédio, discriminação e más condições de moradia ou transporte.

Essas medidas não são “burocracia”, mas ferramentas de segurança jurídica. Além de prevenir passivos, melhoram o clima organizacional, reduzem o turnover e demonstram compromisso com a sustentabilidade social da cadeia.

Mais produtividade, menos risco: o retorno está na prevenção

O campo moderno exige gestão moderna. E isso inclui a visão estratégica sobre quem faz o agro acontecer: a equipe contratada. Investir em uma estrutura legal sólida, em procedimentos claros e no fortalecimento da cultura de respeito ao trabalhador rural é, mais do que uma obrigação, uma decisão inteligente para proteger o negócio, os ativos e a reputação.

O futuro do agro não depende só de tecnologia ou mercado. Depende também da capacidade de empresas e produtores de fazerem a coisa certa no presente — com segurança jurídica, previsibilidade e responsabilidade na gestão das pessoas.


*Daniela Correa
Advogada especialista com mais de 20 anos de experiência em Direito Empresarial, com ênfase em Tributário, Trabalhista, Societário e Compliance, com atuação no consultivo e contencioso estratégicos.

 

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