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Ciência e Tecnologia Sexta-feira, 13 de Junho de 2025, 07:01 - A | A

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Exame

Exames de DNA ajudam a transformar vidas em Mato Grosso do Sul

Instituto de Análises Forenses já emitiu mais de 1,8 mil laudos de vínculo biológico nos últimos 10 anos

Elaine Oliveira
Capital News

“Ele só queria saber quem era o pai.” A frase simples resume o desejo de um adolescente que, criado apenas com o nome da mãe, aguardava há anos por uma resposta definitiva. O caso chegou ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e teve desfecho graças à atuação da Polícia Científica, que realizou gratuitamente o exame de DNA por meio do IALF (Instituto de Análises Laboratoriais Forenses).

O exame, autorizado judicialmente, é parte de uma política pública consolidada desde 1998, que garante acesso gratuito ao teste de DNA para pessoas beneficiárias da justiça gratuita. “Esse trabalho é possível graças a uma política pública que assegura o direito de origem a quem não teria como pagar pelo exame”, explica a perita criminal Josemirtes Prado da Silva, diretora do IALF.

De 2014 a 2024, o Instituto emitiu 1.858 laudos periciais em processos cíveis voltados à confirmação de vínculos biológicos, a maioria em ações de investigação de paternidade e maternidade.

“A triagem para verificar se a parte tem direito à gratuidade é feita pelo próprio juiz. Assim que o pedido é autorizado, damos andamento ao exame com total rigor técnico”, explica a diretora.

A tecnologia também avançou: hoje, o processo é mais preciso graças à ampliação de marcadores genéticos, novas técnicas de extração de DNA, informatização dos laudos e padronização conforme normas internacionais. Mas, para a diretora, o maior impacto continua sendo humano. “A tecnologia avançou, mas o que mais nos marca é o impacto humano que esse trabalho provoca.”

O laudo pericial pode significar muito mais do que a resolução de um processo. Para muitas famílias, representa o fim de uma disputa judicial, a garantia da pensão alimentícia, a inclusão do nome do pai no registro civil, ou mesmo o reconhecimento tardio de um vínculo afetivo.

“Já proporcionamos reencontros emocionantes entre pais e filhos após anos ou até décadas de afastamento. Situações assim mostram o valor real do que fazemos aqui”, conta Josemirtes.

O Instituto também atua em casos mais complexos, como quando o suposto pai é falecido. “Tivemos situações em que apenas o material ósseo, obtido por exumação, estava disponível — e mesmo assim conseguimos dar uma resposta definitiva”, relata.

Para a perita, o trabalho vai além da ciência: “Não se trata apenas de um exame, mas de garantir que cada pessoa tenha o direito de conhecer sua origem.”

Ao unir justiça e ciência, a atuação da Polícia Científica de Mato Grosso do Sul reafirma a importância do acesso universal à verdade biológica — especialmente quando o nome do pai não vem de uma fala, mas de um laudo.

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