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ENTREVISTA Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014, 08:00 - A | A

Sexta-feira, 26 de Setembro de 2014, 08h:00 - A | A

Entrevista com o candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul pelo PSDB Reinaldo Azambuja

Fernando Hassessian - Capital News (www.capitalnews.com.br)

O Capital News publica a partir desta quinta-feira uma série de entrevistas com os candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul. A segunda entrevista publicada é com o Deputado Federal e ex-prefeito de Maracaju Reinaldo Azambuja (PSDB).

Agropecuarista, Reinaldo Azambuja foi prefeito de Maracaju por dois mandatos (1996 a 2004). Em 2006 foi eleito Deputado Estadual e em 2010, Deputado Federal. Em 2012, foi candidato à prefeitura de Campo Grande, tendo alcançado mais de 25% dos votos.

Você se sente preparado para ser governador do Estado? Por quê?

Reinaldo Azambuja - Eu me sinto preparado para governar o Mato Grosso do Sul e promover a verdadeira mudança no nosso Estado, especialmente nos setores de Saúde, Segurança e Educação, porque tenho experiência administrativa, bons projetos e respeito as prioridades dos sul-mato-grossenses. Fui prefeito de Maracaju e minha gestão foi aprovada por 93% da população. Também fui deputado estadual e estou terminando o mandato de deputado federal. A nossa proposta de governo foi construída com base nos anseios da população, depois de ouvir mais de 200 mil pessoas em todo o Estado, por meio do projeto Pensando MS.

Como governador quero ter a oportunidade de transformar a administração pública e recolocar o Estado no rumo do desenvolvimento, caminho que estávamos trilhando 36 anos atrás e que perdemos em razão de governos incompetentes e políticas públicas ineficazes. Há pelo menos 28 anos, o PT e o PMDB se revezam no poder e frustram os anseios e sonhos da nossa gente. Sou candidato para fazer uma mudança de rumo: vamos fazer um governo transparente, ético, participativo. Nossa prioridade vai ser melhorar a vida das pessoas.

Quais serão os critérios para a nomeação do secretariado?

Reinaldo Azambuja - Os principais critérios para nomeação dos secretários serão a competência e a experiência e, obviamente, o pré-requisito é a honestidade. Para integrar o meu governo, os secretários têm de ser ficha limpa.

Quais são as principais carências de Mato Grosso do Sul e como o senhor pretende solucionar isso?

Reinaldo Azambuja - Em primeiro lugar, o setor de Saúde precisa de uma verdadeira transformação. Muitas pessoas morrem por omissão do Estado e por omissão do Governo Federal. Aqui, segundo dados do Tribunal de Contas do Estado e da União, não se investiu nem o mínimo exigido pela lei e isso é uma vergonha.

O primeiro compromisso do meu governo é colocar na saúde os recursos necessários para promover essa transformação. Temos de investir no mínimo os 12% do Orçamento exigidos pela Emenda Constitucional 29. Os municípios que são polos regionais têm que estar suficientemente estruturados para fazer diagnóstico e atendimento de média complexidade, ou seja, aquele que demanda profissionais especializados e recursos tecnológicos, mas também ações de prevenção e tratamento. Como os polos regionais não funcionam, a estrutura de Campo Grande fica superlotada.

Além de ser parceiro dos municípios nos investimentos em Saúde, vamos conduzir a formação de consórcios municipais para que os municípios consigam comprar remédios e equipamentos e contratar serviços com custos menores. Vamos diminuir a fila de cirurgia, implantar o Centros de Diagnóstico para diminuir a fila de exames existentes hoje.

Outra deficiência em nosso Estado é a área de Segurança. Aqui, mais uma vez vimos o descaso do governo do PT, que abandonou as nossas fronteiras e permitiu a entrada de armas, drogas e criminosos de todos os tipos em nosso Estado. Viaturas e equipamentos estão sucateados e os policiais se sentindo desvalorizados. A consequência foi o aumento da violência também nas cidades. Precisamos reforçar o policiamento na fronteira e, também, é essencial o apoio do governo federal. Precisamos integrar as ações das polícias militar e civil e aumentar o efetivo. Vamos investir na capacitação dos policiais, em tecnologia para a prevenção de crimes e maior efetivo das forças de segurança, além de melhorar a remuneração desses servidores.

Educação é uma das três prioridades da nossa futura administração, porque é a base de tudo. Com educação de qualidade, podemos ter uma saúde melhor, pessoas melhor qualificadas para o trabalho, menos violência. Educação vai além de kit escolar, vai além de uniforme e de computador. Claro que o governante que assumir vai distribuir material, uniforme, tênis, computador e merenda. Isso é o básico, mas o que precisamos é melhorar a qualidade da educação. Entre os nossos compromissos, está a qualificação dos profissionais.

Não se melhora a educação sem investir na formação continuada dos professores e no uso de métodos para tornar o ensino mais atrativo. Nós vamos ajudar os municípios a atender essa demanda. Vamos, também, implantar as escolas de Tempo Integral nas regiões mais carentes, onde os níveis de violência são elevados, e priorizar o ensino técnico para qualificar mão de obra sul-mato-grossense, além de modernizar e equipar as escolas rurais.
Também vamos fortalecer o papel da Universidade Estadual (UEMS), com o objetivo de aumentar o número de cursos e vagas e ampliar a pesquisa científica e tecnológica no Estado.

Você pretende formar um governo de aliança, com a participação de vários partidos ou pretende impor um ritmo próprio de trabalho?

Reinaldo Azambuja - Ninguém consegue governar sozinho, por isso, vamos ter a participação de outros partidos no governo. Cada um dos partidos que se aliaram a nós assina as nossas propostas, que foram estruturadascom um alto grau de participação popular. É com essa responsabilidade que os nossos aliados vão nos ajudar a governar. Isso não quer dizer que haverá partilha de cargos ou qualquer espaço para o tradicional aparelhamento existente hoje nos governos.Vamos fazer diferente: vamos, juntos, abrir o poder público para que a população discuta seus problemas, opine e compartilhe responsabilidade sobre as ações de governo.

Qual será seu posicionamento diante da classe política em todo o estado (prefeitos, deputados estaduais e federais, senadores) e com o Governo Federal – Seja quem forem os eleitos nestes cargos?

Reinaldo Azambuja - Vamos fazer um governo de diálogo, harmonia e respeito à independência entre os Poderes. O objetivo de todos os agentes políticos deve ser um só: servir à população. O embate político precisa acontecer durante a eleição para que o eleitor possa decidir qual modelo de governo ele quer e quais são as melhores propostas. Depois da eleição, o governador eleito passa a ser governador de todos os sul-mato-grossenses, independentemente de partido. Essa maturidade é essencial para a democracia. Qualquer governo estadual responsável dialoga com o governo federal e com os deputados federais, estaduais e senadores. E tenho certeza de que os deputados e senadores também não vão deixar de atender a população de Mato Grosso do Sul.

Qual seu plano para socorrer os municípios mais afetados pelos sucessivos cortes no FPM?

Reinaldo Azambuja - O Fundo de Participação dos Municípios é uma transferência constitucional importante e a sua queda prejudica os pequenos municípios. A distribuição dos recursos é feita principalmente de acordo com o número de habitantes. A dependência desse recurso é maior porque Mato Grosso do Sul hoje possui grandes ‘bolsões’ de pobreza. Vamos construir um Estado em que as regiões se desenvolvam por igual. Não podemos mais admitir a concentração da riqueza na região do Bolsão, na divisa com São Paulo, enquanto outras regiões estão abandonadas. Para você ter uma ideia, das 40 empresas exportadoras e importadoras do Estado, 30 estão em Três Lagoas. Vamos criar incentivos diferenciados para levar indústrias e desenvolvimento para as regiões menos desenvolvidas de Mato Grosso do Sul. Com uma lei tributária diferenciada, podemos levar mais oportunidades ao povo do interior para que o Estado se desenvolva por completo. Mudando os incentivos, Mato Grosso do Sul será uma terra de oportunidades. Nosso Estado tem sido duramente penalizado nos últimos anos pelo governo federal, sob o comando do PT. Mato Grosso do Sul está entre os mais prejudicados no pagamento da dívida com a União, na partilha do Fundo de Participação dos Estados e sofrer grandes perdas causadas pela Lei Kandir, mas não adianta ficar reclamando. O governante tem que olhar para as pessoas e usar os recursos para reduzir as desigualdades. Vamos governar para todos.

Todos os candidatos apresentaram propostas para a saúde e educação, mas ambas continuam sempre mal avaliadas. Por que sua proposta vai dar resultado?

Reinaldo Azambuja - Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que não basta ter hospitais. É preciso que eles funcionem.Tem hospital que está abandonado. Em muitos não há médicos. Os problemas no setor de saúde são gravíssimos e é fácil explicar porque vivemos esse caos. O governo do PT e o governo do PMDB investem pouco em saúde. Dos 27 Estados da federação, Mato Grosso do Sul é o 25º em aplicação na saúde. O governo estadual investiu apenas 8,44% da receita em saúde em 2013, abaixo dos 12% determinados pela legislação, conforme relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Nos últimos dois anos, o governo do PMDB deixou de investir meio milhão de reais na Saúde, de acordo com o Tribunal de Contas do Estado. O Governo Dilma, do PT, faz a mesma coisa. Ao longo dos últimos 12 anos, o Ministério da Saúde deixou de aplicar quase R$ 94 bilhões no SUS (Sistema Único de Saúde). Quem diz isso é o Conselho Federal de Medicina. Esse valor é superior ao que Estados e municípios gastam em um ano com a saúde pública.

Nossa proposta vai dar resultado porque vamos investir, com eficiência, os recursos necessários e vamos priorizar esse setor. Vamos equipar os hospitais regionais nas cidades polos que já tem os prédios e onde não tem, vamos construir e estruturar os serviços de saúde. Assim, vamos acabar com a “ambulancioterapia” que existe hoje, porque atualmente, pacientes de todo o Estado são levados para a Capital por conta das deficiências dos hospitais regionais das outras cidades.

Sobre o setor de Educação, precisamos investir para melhorar a qualidade do ensino. E não tem como fazer isso sem investir no professor. Hoje, o professor precisa se desdobrar para atender várias turmas, inclusive em escolas diferentes, para conseguir uma remuneração digna. No entanto, para o ensino ter qualidade, o professor precisa de recursos para se capacitar e tempo para preparar as aulas e até mesmo para investir em seu próprio crescimento cultural.

Nossa educação precisa evoluir muito. Dentre as minhas propostas para melhorar a qualidade da educação está o apoio sistemático para a implantação de Escolas de Tempo Integral, principalmente nas regiões onde os índices de violência são elevados. Além disso vamos discutir o uso das escolas no contraturno das aulas para projetos de esporte e cultura e, assim, vamos combater o uso de drogas e a violência. Temos ainda problemas como a superlotação das salas de aulas, falta de investimento em tecnologia nas escolas e a insegurança dos professores convocados, que podem ser mandados embora a qualquer momento. Outro problema é que temos um grande número de crianças fora dos Ceinfs, das antigas creches. Temos falta de Ceinfs em todos os municípios, inclusive aqui na Capital. O Estado tem que ajudar os municípios a suprir essa lacuna.


Qual seu planejamento para a geração de empregos no Estado?

Reinaldo Azambuja - Em primeiro lugar, é preciso promover qualificação profissional para que os empregos aqui gerados sejam ocupados por nossa gente, principalmente aquelas vagas com melhores salários. Vamos instituir política de incentivos fiscais diferenciada para cada região e, assim, pretendemos atrair novos empreendimentos. Vamos reduzir a alíquota de ICMS para combustíveis e outros segmentos-chave para aumentar a nossa competitividade e acabar com o ICMS garantido para micro e pequenas empresas. Também vamos adotar o limite federal para o Supersimples, de R$ 3,6 milhões. Além disso, vamos fortalecer as empresas que já estão instaladas no Estado. Diversificar a matriz econômica é primordial para garantir o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, que hoje está atrasado em relação aos demais Estados, até mesmo quando comparamos com os nossos vizinhos do Centro-Oeste. E para isso, precisamos investir no desenvolvimento do potencial de cada região. Esse conjunto de ações, aliado a investimentos em logística de transporte, vai criar novas oportunidades de emprego e renda.

Qual a forma de impulsionar o desenvolvimento da indústria e do agronegócio no Estado?

Reinaldo Azambuja - Um ponto essencial para alavancar o desenvolvimento da indústria e do agronegócio é melhorar a logística de transportes, investindo em parceria com o governo federal nas ferrovias, hidrovias, portos e duplicação das principais rodovias. Garantir o desenvolvimento por igual das regiões, sem distorções regionais como observamos hoje, é tão importante quanto alavancar a economia. No nosso governo vamos mapear as regiões, como já fizemos em parte com o Pensando MS, identificando as principais demandas e potenciais para traçar uma política regionalizada de incentivos fiscais. O agronegócio é forte na Grande Dourados, mas ainda não tem a devida atenção do Estado; a industrialização avança no Bolsão, mas teremos que buscar soluções para a falta de qualificação dos trabalhadores, enfim, no nosso governo vamos despertar esse Mato Grosso do Sul que queremos e que hoje está adormecido.

Algumas regiões estão literalmente abandonadas, com estradas ruins, produção sem crescimento significativo e economia estagnada. No caso do porto, o governo do PT preferiu destinar dinheiro, através do BNDES, para a construção de porto em Cuba e de rodovias na Bolívia e virou as costas para projetos importantes no País, como Porto Murtinho.

O mapeamento que fizemos de todo o Estado, o Pensando MS, serviu para traçar uma política regionalizada. Vamos promover um desenvolvimento sustentável e equilibrado entre as regiões de Mato Grosso do Sul, com ética, transparência e seriedade na aplicação dos recursos públicos e sempre levando em consideração as peculiaridades locais.

A energia do gás que corta o estado está sendo bem administrada? Como pode ser melhor aproveitado, principalmente nos polos industriais do Estado?

Reinaldo Azambuja - O gás deveria estar sendo usado como energia alternativa para baratear os custos de produção e aumentar a competitividade do setor produtivo, em especial, da indústria.

No entanto, como não há uma política de desenvolvimento no estado, ficamos apenas vendo o gás passar por terras sul-mato-grossenses e não promover a melhoria das nossas condições de vida e de produção.

A atual gestão do uso do gás só deixa um rastro de déficit crônico na balança comercial do estado.

No nosso governo, discutiremos com o setor produtivo uma política dedesenvolvimento para a indústria, para o agronegócio, para o comércio e serviços. Mas uma política que gere mais empregos, trabalho, renda e aumente a competitividade das nossas empresas. Neste sentido, é estratégico investir na diversificação da matriz energética. Por essa razão, é urgente e necessário redefinir a política de uso do gás natural.

Qual seu planejamento para as áreas de cultura, lazer e esporte, e como resgatar o futebol de Mato Grosso do Sul?

Reinaldo Azambuja - Defendemos um percentual mínimo de 1,5% do orçamento estadual para a área de Cultura. Épreciso identificar, estimular e divulgar nossos valores culturais para todo o País. Por sermos um estado muito jovem, nossas raízes musicais, por exemplo, assim como as demais áreas da cultura, precisam de um diagnóstico detalhado para que possamos definir a linha mestra de uma nova política de incentivos. E nós vamos fazer esse estudo com quem faz cultura. É preciso valorizar e estimular os artistas locais e promover eventos para divulgar nossos potenciais. Também vamos encurtar as fronteiras culturais dentro do próprio Estado, promovendo um intercâmbio das diversas artes entre as cidades.

Em relação ao esporte, também é preciso mais investimentos. Mas não é apenas o futebol que deve ser incentivado. O Laço Comprido, que é oficialmente um Esporte Regional de Mato Grosso do Sul, é um rico instrumento de valorização e divulgação da nossa cultura. Este é apenas um exemplo, mas existem inúmeros esportes, coletivos, individuais, paradesporto, que requerem apoio para que sua prática seja difundida e solidificada, como canoagem, atletismo, ciclismo, artes marciais, esportes equestres e outros que tem conquistado o sul-mato-grossense, como o baseball e futebol americano. Não podemos nos esquecer, ainda, do esporte de rendimento, aquele que é praticado por atletas profissionais. Essa é uma vertente esportiva que está muito aquém do cenário nacional no nosso Estado. Isso por causa da falta de investimentos. Precisamos resgatar o esporte aqui no Estado como ferramenta de inclusão social, prevenção à saúde e para contribuir com a redução da violência e fortalecimento de valores como respeito ao próximo, disciplina e trabalho em equipe.É claro que quando falamos em ampliar o investimento para o esporte, isso inclui também o futebol, que é uma paixão nacional.

Vídeo

O Capital News convidou todos os candidatos ao governo de Mato Grosso do Sul a participarem da rodada de entrevistas e apresentarem suas propostas ao leitor. A partir desta quinta-feira, publicaremos as entrevistas de todos o convidados que nos atenderem em tempo hábil.

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