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Cotidiano Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2014, 16:54 - A | A

Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2014, 16h:54 - A | A

“Rolezinho” divide opiniões de campo-grandenses nas ruas e nas redes sociais

Anahi Zurutuza - Capital News (www.capitalnews.com.br)

As opiniões sobre o “rolezinho” em Campo Grande são as mais diversas. Há quem defenda o movimento, que, no princípio, tinha o objetivo de “incomodar mesmo”, de levar para dentro dos shoppings, símbolos do consumismo e da elite brasileira, um pouco do que é a juventude das periferias do País. Mas, há, também, quem acredite que o encontro é desculpa para “fazer algazarra” e promover atos de vandalismo, em resumo, “falta de ter o que fazer”.

O Capital News entrevistou homens e mulheres nas ruas da Capital, nesta sexta-feira, dia 24. Além disso, o tema é recorrente nas redes sociais, principalmente, depois que a Justiça do Mato Grosso do Sul proibiu o encontro, marcado para este domingo, no Shopping Campo Grande.

Sobre o “rolezinho”, o mototaxista, Osmir Prado, 50 anos, que trabalha no ponto situado em frente ao centro comercial, acredita que a polícia tem de agir para coibir o movimento.

Ele afirma que jovens sempre se reúnem na frente do shopping e que, em alguns, fins de semana, funcionários e outros frequentadores, em algumas situações, até se sentem intimidados. “Rolezinho tem todo o fim de semana neste shopping. A polícia não tinha que vir só no domingo não, tinha de monta é uma base aqui. Tem fim de semana que eles (grupos de jovens) ocupam essa escada e ninguém passa”, referiu-se à escada situada atrás do ponto de ônibus da Avenida Afonso Pena.

Já para Patrícia Lima Pereira, 25 anos, o “rolezinho” é um movimento legítimo. “Na minha opinião, todo mundo tem o direito de se manifestar. A gente sabe que o jovem de baixa renda realmente não tem muita opções de lazer, não tem onde se divertir. Sou contra o vandalismo, mas não contra o rolezinho”.

A operadora de telemarketing Fabiana Silva da Cunha, 23, e a professora Keila Alves, 37 anos, têm opiniões parecidas com a de Patrícia. “Eu acho que vivemos numa democracia e quem quer tem o direito de participar”, afirma Keila. “Jovens têm de ir para as ruas mesmo, mostrar que estão aí e têm necessidades. Acho que o rolezinho é uma forma de liberdade de expressão”.

O estudante de direito, Maurício Rohr Mota, 21 anos, acha que o “rolezinho” é “falta de ter o que fazer”. “Não consigo enxergar um objetivo claro nisso, pelo menos, no que pude acompanhar até agora”.

Polêmica nas redes

Nas redes sociais, a polêmica continua. Pessoas criticam o movimento e dizem que jovens deveriam promover os “rolezinhos do bem”, para doar sangue, combater a dengue, etc.

Mas, os defensores do movimento também não ficam para trás. Hoje, o Fórum de Juventudes de Campo Grande divulgou nota oficial pelo Facebook dizendo que recebeu com “espanto e incredulidade” a notícia da decisão judicial que proibiu o encontro.

“O Fórum de Juventudes é favorável a todo o rolê que preze pela manifestação pacífica e justa, que se utiliza da união das vozes em prol de um bem comum, de direitos e de justiça social”, diz a nota.

O Fórum afirma que não concorda que quem utiliza os encontros para praticar vandalismo ou qualquer outro ato criminoso. Mas, acredita que o movimento não poderia ser proibido com o argumento que situações violenta podem vir a acontecer. “Ao mesmo tempo acreditamos ainda mais na premissa do Direito que versa que “todos são inocentes até que se prove o contrário”. Tal presunção não combina com a decisão judicial proferida”, continua.

A nota termina com trecho da música do grupo O Rappa: “a minha alma tá armada e apontada para cara do sossego. Pois paz sem voz, não é paz é medo”.

"Rolezinho"

Na página do Facebook criada para organizar o “rolezinho” na Capital, até a manhã de hoje, 1.235 pessoas haviam confirmaram que estarão no domingo, no Shopping Campo Grande, para o encontro, que está marcado para às 16h20min. A página no entando não está mais disponível na internet.

O movimento, realizado por jovens moradores em periferias dos grandes centros urbanos, tem se espalhado pelo país. Com medo dos atos de vandalismo, as administrações dos shoppings do País começaram a proibir a entrada de menores de idades desacompanhados dos pais.

Em Campo Grande, conforme informações divulgadas nas redes sociais, jovens querem protestar contra a criminalização da pobreza e racismo.

Com expressões como “Demorô CG!” e “expor as contradições hipócritas da elite brasileira racista!” foram convidados, até hoje, 11.077 pessoas haviam sido convidadas para o “rolezinho” na Capital até agora.


 

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