O presidente da Santa Casa de Campo Grande, Wilson Teslenco informou que no último dia antes da troca de comando do hospital, a junta interventora autorizou a compra de um medicamento genérico de R$ 46 mil por trimestre, por outro que custava R$ 500 mil, mais de dez vezes a mais. A informação foi declarada durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Estadual da Saúde, realizada na tarde de ontem (10), na Assembleia Legislativa.
Wilson afirma que conseguiu suspender parte da entrega, evitando um prejuízo de R$ 1,6 milhão, sem necessidade.
Outro problema elencado por Teslenco foi a terceirização dos serviços, e de funcionários, em que a Santa Casa passou de 2 mil trabalhadores para 3 mil durante o período administrado pela prefeitura e pelo governo do Estado.
“Quando deixamos a direção da Santa Casa tínhamos dois mil colabores. Com a intervenção, esse número subiu para três mil. As terceirizações triplicaram. Foram mais de 1000. Isso vai significar um grande desafio. Para dispensar os funcionários precisa de dinheiro. É um desfio bastante grande recuperar a Santa Casa”, destacou.
Sofrendo com a falta de leitos no Hospital, Teslenco afirmou que após a intervenção da junta interventora o hospital desativou 120 leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), passando de 750 para 630.
Para o presidente da comissão, deputado Amarildo Cruz (PT), o depoimento de Teslenco foi fundamental para que os membros da CPI saibam sobre a real situação enfrentada pelo maior hospital do Estado. “Com esse conhecimento, agora temos que trabalhar para não permitir que a unidade, única a atender emergências de alta e média complexidades, responsável por acolher tanto pessoas de baixo poder aquisitivo quanto as mais ricas, feche suas portas”, defendeu.
CPI da Saúde
A CPI que averigua possíveis irregularidades no repasse de recursos do SUS (Sistema Único de Saúde) para unidades hospitalares de Campo Grande, Corumbá, Paranaíba, Dourados, Três Lagoas, Jardim, Coxim, Aquidauana, Nova Andradina, Ponta Porã e Naviraí. A oitiva aconteceu na tarde desta segunda-feira (10/6) no plenarinho da Casa de Leis.
A CPI da Saúde terá 120 dias para concluir os trabalhos de investigação, podendo ser prorrogada apenas uma vez, por mais 60 dias. A Comissão Parlamentar de Inquérito decidiu investigar os cinco últimos anos de contratos entre os municípios e o SUS.
Denúncias - O presidente da comissão, lembra que a população já pode contribuir com denúncias pelo e-mail [email protected].
As reuniões ordinárias da CPI da Saúde em Mato Grosso do Sul serão realizadas todas as segundas-feiras, a partir das 15h, sempre abertas à população. A CPI é composta pelos deputados Amarildo Cruz (PT), presidente; Lauro Davi (PSB), vice-presidente; Junior Mochi (PMDB), relator; Mauricio Picarelli (PMDB), vice-relator e Onevan de Matos (PSDB).