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Rural Sexta-feira, 07 de Novembro de 2008, 13:10 - A | A

Sexta-feira, 07 de Novembro de 2008, 13h:10 - A | A

Projeto vai certificar boi orgânico de MS

Criado em pasto sem agrotóxico e sem adubação química, o boi orgânico pode ser uma das grandes oportunidades para Mato Grosso do Sul no mercado internacional. A carne, que tem maior competitividade, menor custo de produção e é mais saudável do que a do “bovino tradicional”, segundo a Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), é muito consumida na União Européia, Estados Unidos e Japão.

Hoje algumas propriedades rurais do Estado já criam e engordam o animal em sistemas agroecológicos. Mas para entrar com força no mercado orgânico, precisam comprovar que atendem às normas e exigências dos órgãos certificadores. Capacitar para esta adequação é a principal proposta do projeto “Apoio à Certificação da Pecuária Orgânica no Pantanal”, que o Sebrae e a ABPO lançam no dia 11 de novembro, às 7h30, na Capital.

Participam do projeto 16 fazendas pantaneiras, que, juntas, ocupam 87 mil hectares de terras e somam mais de 38 mil cabeças de gado. Destas, nove tiveram certificação no passado. Com o projeto, a expectativa é que no primeiro ano todas estejam com o selo e até 2010 haja um aumento de 20% no rebanho de gado certificado e o Estado consiga a inserção no mercado norte-americano.

“Os produtores vão receber, através do projeto, apoio técnico, financeiro, comercial e sustentável para efetivarem todas as mudanças necessárias. A legislação exige, por exemplo, que as propriedades tenham um protocolo interno de compromisso sócio-ambiental, envolvendo os funcionários na educação, cultura, lazer e preservação do Pantanal”, explica o gerente de agronegócio do Sebrae/MS, Carlos Alberto do Valle.

Além do interesse econômico em agregar valor à pecuária do Estado, o incentivo ao boi orgânico, segundo Carlos Alberto, visa proteger a Reserva da Biosfera do Pantanal, que é a terceira maior do mundo. “Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de gado do Brasil e esta é a principal atividade econômica na planície pantaneira. Se convertermos o rebanho na região aos sistemas de produção agroecológica evitaremos os prejuízo a este ecossistema”, diz.

Sutentabilidade

Para inserir produtos no mercado internacional as principais barreiras sempre foram as alfandegárias e as sanitárias, mas atualmente, crescem também as sociais e ambientais aos produtos provenientes do campo.

Estudo da International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM) mostra que em 2007 havia quase 31 milhões de hectares certificados como orgânicos no mundo, em mais de 100 países. A maior área está na Austrália, com 11,8 milhões de hectares. O mercado destes produtos cresceu muito principalmente na Europa e na América do Norte. Nos Estados Unidos a carne orgânica foi a que teve maior crescimento no setor: 51%.

No Brasil, a pecuária tradicional enfrenta um dos maiores problemas ambientais que é a degradação de pastagens. No Pantanal são ainda maiores os impactos negativos. Este cenário, segundo o consultor técnico da ABPO, Marcelo Rondon de Barros, demonstra o potencial de mercado para a carne orgânica. . “A implantação da pecuária orgânica certificada traz a real possibilidade de se manter um sistema produtivo que permita a preservação do Pantanal”.

Para ele, “se o Estado provar que tem capacidade de produzir sob o rigoroso padrão das certificadoras internacionais, também demonstrará que pode combater a aftosa, se tornando área livre desta doença”.

Sistema agroecológico

A produção do boi orgânico vai além da cria e engorda do gado com sal mineral e em pasto sem agrotóxico e adubos químicos. Ela deve estar de acordo com a legislação ambiental do País e ser socialmente correta, respeitando também as leis trabalhistas, como registro dos empregados e a não utilização de mão-de-obra infantil. Também prevê a garantia de moradia aos funcionários das propriedades rurais, com água potável e fossa asséptica, e os filhos de trabalhadores devem freqüentar a escola.

Nos cuidados com a saúde do rebanho, são permitidas todas as vacinas para doenças, incluindo contra a febre aftosa. A prevenção é a palavra de ordem e os remédios homeopáticos são utilizados até mesmo contra moscas e parasitas.

Serviço

O lançamento do projeto “Apoio à Certificação da Pecuária Orgânica no Pantanal” acontece no dia 11 de novembro, às 7h30, no Sebrae/MS, em Campo Grande, situado à Avenida Mato Grosso, 1661, Centro. Participam do encontro dirigentes de entidades de fomento ao agronegócio, técnicos e produtores rurais.

 

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