Sexta-feira, 23 de Maio de 2008, 08h:55 -
A
|
A
Preço do trigo vai continuar em alta
Da Redação
Apesar da cotação elevada, não há projeções que indiquem redução do preço do trigo. Inclusive, atualmente, o custo no Norte do Paraná - cerca de R$ 770 a tonelada - na entressafra está bem superior ao praticado nos Estados Unidos, que já está colhendo (cerca de US$ 270 a tonelada negociada na Bolsa de Chicago). "A safra está avançando nos Estados Unidos e temos déficit no mercado interno. Se houver uma boa safra no Brasil e na Argentina o preço pode até cair, mas não há parâmetros técnicos que indiquem quedas ou elevações muito bruscas", avalia Lucílio Alves, pesquisador do Centro de Estudos em Economia Aplicada da Escola de Agronomia Luiz de Queiroz.
Na sua avaliação, as medidas anunciadas pelo governo - suspensão até o final do ano da cobrança do PIS/Pasep sobre o pão, o trigo e a farinha e do frete da marinha mercante nas importações - não teriam efeito sobre a cotação do trigo no mercado interno. Neste caso, a regra é a velha lei do mercado: oferta X procura. "Temos uma dependência externa e sempre irá faltar trigo produzido no Brasil", analisa.
Para a Federação dos Agricultores do Estado do Paraná (Faep) algumas das medidas anunciadas pelo governo são até interessantes para os agricultores. No entanto, seriam mais válidas se as importações de insumos também fossem desoneradas. "só faria com que caísse o custo de produção, é uma medida mais viável à produção porque o que precisamos é aumentar a oferta de trigo no mercado", comenta Pedro Loyola, economista da Faep. Segundo ele, os preços vão continuar em alta, devido ao aumento dos preços das commodities agrícolas e dos fertilizantes.
"Estamos com uma nova realidade de preços. O custo de produção dos alimentos subiu muito e isso vai chegar aos consumidores", afirma Loyola. Na avaliação da Faep falta uma política agrícola que estimule o plantio de trigo, como um seguro agrícola eficiente e uma política consistente de renda. "Por vários anos os triticultores tiveram prejuízos. Neste ano o governo já adotou algumas medidas para estimular o plantio e se no ano que vem houver uma sequência os agricultores irão ampliar a área. O governo tem que parar com "operação tapa buracos, tem que investir em produção sustentada", diz.
Nesta safra o Paraná plantou cerca de 996 mil hectares de trigo, área 19% maior do que a registrada no período anterior. A estimativa é de uma produção de 2,6 milhões de toneladas - um aumento de 34% sobre a colheita passada. "Alguns locais estão sem chuvas há mais de dez dias e a safra está na fase de germinação. A expectativa de colheita pode não se confirmar, tudo vai depender do clima", diz Otmar Hubner, engenheiro agronômico do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. (Fonte: Folha de Londrina)