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Rural Sábado, 25 de Outubro de 2008, 12:40 - A | A

Sábado, 25 de Outubro de 2008, 12h:40 - A | A

Palestra debate os reflexos climatológicos na produção nesta segunda-feira

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

O Sindicato Rural de Campo Grande promove nesta segunda-feira (27), a partir das 19h30, um debate sobre os reflexos climáticos na produção para a safra 2008/2009.

Além das previsões de chuvas para os próximos meses, também será apresentada aos produtores uma inédita palestra sobre raios, fenômeno atmosférico que segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) têm provocado prejuízos anuais da ordem de R$ 1 bilhão ao país. O evento será realizado no auditório do sindicato rural, localizado na rua Raul Pires Barbosa, 116, na Capital. Embora gratuito, é necessária à confirmação de presença.

Dentre os convidados para o debate, está o professor Natálio Abrahão Filho, que abordará o tema: "Previsão para a safra de verão em MS a partir de novembro a março de 2009". O pesquisador falará sobre as previsões de chuva para os próximos três meses, veranicos e os fenômenos atmosféricos globais que influenciam o plantio no Estado.

Abrahão adianta que os índices pluviométricos devam ficam dentro das médias históricas. "A tendência é de que não haja prejuízo nem por excesso e nem por falta de chuva", assegura. Ele também destaca que os produtores poderão seguir o zoneamento estabelecido pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), porém, faz uma ressalva: "Nosso trabalho é somente fornecer ferramentas, informações para capacitar o produtor em sua projeção futura, mas a decisão final cabe a ele", pontua.

 

Apresentando-se pela primeira vez a produtores rurais do Estado, o físico, pesquisador e doutor em Geofísica Espacial pelo Inpe em 2005, Widinei Alves Fernandes, conduzirá a palestra: "Raios em Ms e suas Influências nas Propriedades Rurais". O palestrante tem experiência na área de Geociências, com em Eletricidade atmosférica, e atua principalmente no desenvolvimento de sensores de campo elétrico e no estudo da influência das queimadas sobre as características dos raios.

Segundo Fernandes, sua intenção é esclarecer e orientar os produtores, apresentando conceitos básicos sobre os relâmpagos, seus tipos, a distribuição espacial e temporal, os sistemas de detecção, efeitos provocados no solo, atmosfera, aspectos sobre a prevenção e de que forma os produtores rurais podem ter acesso aos estudos atuais sobre o tema. Após a palestra, será sorteado entre os participantes uma publicação sobre o tema.

"A idéia é informar, o Brasil é um dos países que possui uma das maiores incidências de raios do mundo, e o nosso Estado é está entre os de maior número de ocorrência, portanto, estudar e conhecer este fenômeno é importante", revela o pesquisador.

Poluição - Embora a ciência ainda não tenha um modelo definitivo para explicar como uma nuvem de tempestade torna-se eletrificada. O grupo de pesquisadores brasileiros, do qual Fernandes faz parte, já demonstrou indícios de que uma atmosfera poluída - onde há queimadas por exemplo - pode modificar o modo como a nuvem se torna eletricamente carregada, alterando as características dos relâmpagos. Fenômeno que pode ocorrer no Pantanal.

De acordo com as pesquisas, apesar do Estado concentrar grande número de raios, na região do Pantanal exista baixa atividade elétrica. Contudo, com o crescimento do desmatamento e queimadas na região, esta característica atmosférica pode mudar.

"A incidência de raios está relacionada ao aquecimento global, e a elevação da temperatura em meio grau pode aumentar em até 20% as ocorrências de raios em todo o planeta", explica.

Outro dado interessante observado pelas pesquisas sobre raios no Estado, demonstra que Campo Grande concentram a maior incidência dos fenômenos. E o motivo, nos ajuda a entender os reflexos do desmatamento. Fernandes explica que isso se dá pela formação de calor dos núcleos urbanos - o município é o maior do Estado - o que, propicia a formação de tempestades.

"Com o desmatamento, podem ser criadas ilhas de calor, além do que a própria queimada aumentar a incidência dos raios", explica.

 

Prevenção - Para o pesquisador primeiro é preciso reconhecer quais são as áreas de risco. Dentre elas estão as áreas abertas: campos de futebol ou golfe; estacionamentos abertos e quadras de tênis; proximidade de árvores isoladas; estruturas altas, tais como torres, linhas telefônicas e linhas de energia elétrica; topos de morros ou cordilheiras; topos de prédios; em rio ou mar, em canoa ou nadando; portar objetos elevados, como varas e canos longos.

 

Nestes casos, Fernandes diz que é preciso procurar abrigo, dentre eles, destaca os carros - não conversíveis - ônibus ou outros veículos metálicos não conversíveis; em moradias ou prédios, de preferência que possuam proteção contra raios; em abrigos subterrâneos, tais como metros ou túneis; em barcos ou navios metálicos fechados; e em desfiladeiros ou vales.

 

Dentro de casa deve-se evitar usar o telefone, a não ser que seja sem fio; ficar próximo de tomadas e canos, janelas e portas metálicas; e tocar em qualquer equipamento elétrico ligado a rede elétrica.

Onde há trovão, vem raio - O físico revela ainda que quando ouvimos um trovão, isso significa que o raio gerador do barulho ocorreu a aproximadamente 30 quilômetros do local. Então, como o fenômeno tem área de ação de até 100 km, quem ouviu estará sujeito a próxima descarga, ou seja, o raio cai na mesma área, e até no mesmo lugar. "Duas ou mais vezes".

"Se caiu neste dado lugar, isso significa que dentre a vizinhança toda este é o melhor lugar, ou seja, se a tempestade elétrica continuar, ou forma-se novamente, a região estará sujeita ao próximo raio", conclui.

Mais informações: Fone (67) 3341-2151

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