Com o início da COP30, em Belém (PA), o papel da agricultura brasileira na agenda climática global volta ao centro das discussões. Para a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), o setor rural é peça estratégica no cumprimento das metas nacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa e na busca pela neutralidade climática até 2050.
Enquanto setores como o energético e o industrial enfrentam mais limitações no curto prazo, o agro se destaca pelo potencial de capturar carbono em larga escala, aliando produtividade à conservação ambiental. A nova meta climática do Brasil, apresentada na COP29, prevê redução das emissões líquidas entre 59% e 67% até 2035, em comparação com os níveis de 2005.
Segundo Lenise Castilho, analista do Departamento Técnico do Sistema Famasul, a agricultura é o setor que oferece as soluções mais efetivas e mensuráveis para mitigação das emissões. “O sistema de plantio direto, por exemplo, reduz a emissão de CO₂ e aumenta o estoque de carbono no solo. Já o uso de inoculantes biológicos em substituição parcial aos fertilizantes químicos diminui significativamente a liberação de óxido nitroso (N₂O), um gás de efeito estufa com potencial 265 vezes maior que o do CO₂”, destacou.
Entre as práticas que fortalecem esse papel estão o plantio direto, a rotação de culturas, a recuperação de áreas degradadas e o uso de bioinsumos. Outro destaque é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), tecnologia que amplia o sequestro de carbono e melhora o uso do solo. Pesquisas da Embrapa apontam que sistemas integrados podem alcançar saldo de até 51,3 toneladas de CO₂ equivalente por hectare em quatro anos.
Mato Grosso do Sul é líder nacional na adoção da ILPF, com mais de 3 milhões de hectares sob esse modelo. “O setor rural é protagonista na transição para uma economia de baixo carbono, mantendo a produção de alimentos, fibras e energia dentro de um modelo sustentável”, reforça Lenise.
Na safra 2025/26, o país deve cultivar 49,07 milhões de hectares de soja, 3,6% acima da safra anterior — avanço que ocorre, sobretudo, sobre pastagens degradadas. Em Mato Grosso do Sul, a expectativa é de 4,8 milhões de hectares, com 99,9% da área sob plantio direto, evidenciando o compromisso do estado com práticas conservacionistas.
No âmbito estadual, a Famasul atua na disseminação de tecnologias de agricultura de baixo carbono, por meio do Senar/MS, que oferece capacitações, treinamentos e assistência técnica sobre sistemas integrados, plantio direto e recuperação de pastagens. A instituição também fortalece a articulação com o setor público e incentiva o acesso a programas como o PSA Pantanal, voltado à preservação ambiental.
A atuação reforça o protagonismo do produtor rural sul-mato-grossense na transição para uma agricultura sustentável e competitiva, alinhada às metas globais de neutralidade de carbono.
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