Terça-feira, 30 de Abril de 2024


Reportagem Especial Domingo, 14 de Janeiro de 2024, 08:34 - A | A

Domingo, 14 de Janeiro de 2024, 08h:34 - A | A

Reportagem Especial

Parteira: Profissão de doação e amor

Ofício atravessou gerações, mas enfrenta preconceito e pouco reconhecimento

Renata Portela
Especial para o Capital News

Acervo Pessoal

Parteira: Profissão de doação e amor

Caroline tem orgulho em dizer que não passou por nenhuma intercorrência

Quando pergunto a Caroline o que a fez se tornar parteira, ela me diz que não foi ela quem escolheu “vem muito forte na gente”, enfatizou. Era criança quando começaram os primeiros sinais da sua vocação, conta ela. O mais forte foi quando viu a mãe dar à luz a irmã mais nova numa fazenda onde a família morava no Pantanal.

Hoje, Caroline Abreu Figueiró, de 46 anos, tem 150 afilhados e mais de 700 crianças que ajudou trazer ao mundo. Ela tem orgulho em dizer que é a única de Mato Grosso do Sul a estar no grupo das parteiras do Brasil representando o Estado. Nascida em Campo Grande, além de parteira é também terapeuta metavolutiva, nutricionista biometafísica.

Recebi a missão em sonho

A Carolina fala que embora soubesse “para o que veio ao mundo” travava uma luta interna, por medo do que as pessoas pensariam. No entanto, com o passar do tempo, começou a atender como doula e na sequência, mulheres começaram a procurá-la para que ela fizesse o parto. “Por mais que eu relutava, começou a vir muito forte essa questão da parteira. Para se ter ideia, recebi a missão em sonho”, detalha.

Acervo Pessoal

Parteira: Profissão de doação e amor

A pequena Manu acompanha de perto a mãe nos atendimentos as grávidas

Assim que aceitou o propósito, Carolina buscou especialização, ela conta que andou pelo Brasil e foi até a Índia para buscar conhecimento. O nascimento mais importante para ela foi em 2016 quando veio ao mundo a Manuela, sua filha mais nova. A parteira fez o próprio parto, relembra, e de lá para cá, a pequena, que hoje tem 7 anos, acompanha a mãe em todos os partos e diz que vai seguir o caminho dela.

Em 2011, o governo federal incluiu o trabalho das parteiras tradicionais como elemento de saúde comunitária. Isso porque, o cuidado integral da mulher precisa considerar a vivência e o estímulo aos vínculos de segurança.

Esses laços são muitas vezes construídos mulheres que, além do atendimento de porta em porta, também atuam em comunidades. A atuação delas fortalece a rede de autocuidado comunitário, que auxilia na redução da mortalidade.

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Parteira: Profissão de doação e amor

Caroline tem orgulho em dizer que não passou por nenhuma intercorrência

Dia 20 de janeiro é celebrado o Dia Nacional da Parteira, a data tem como objetivo exaltar a importância dessa profissão, uma das mais antigas do mundo. Embora todos saibam do seu valor, muita gente banaliza o trabalho dessas mulheres uma vez que cresce o número de parto cesáreas no Brasil.

A Organização Mundial de Saúde recomenda que somente 15% dos partos sejam não naturais, mas os números estão muito acima do indicado. De acordo com dados do Ministério da Saúde cerca de três milhões de partos acontecem anualmente no Brasil, desse total, um milhão 680 mil são cesáreas.

Nós somos mulheres muito fortes, somos mulheres que trazem a luz, não só a da vida.

Embora os desafios que essas guerreiras enfrentam sejam muitos, Carolina não abre mão desse ofício e quando pergunto a ela o que é ser parteira: Ela responde “É amor, é um grande desafio, porque nós vivemos no fio da navalha. Nós somos mulheres muito fortes, somos mulheres que trazem a luz, não só a da vida. Nós, parteiras tradicionais, estamos conectadas com a espiritualidades”, finalizou.

Acervo Pessoal

Parteira: Profissão de doação e amor

Nascimento Manu

Acervo Pessoal

Parteira: Profissão de doação e amor

Ser parteira é amor, mas também é um grande desafio

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Parteira: Profissão de doação e amor

Caroline após o parto, com um dos seus afilhados

Acervo Pessoal

Parteira: Profissão de doação e amor

Carolina durante um dos atendimentos

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Tiago 28/01/2024

Muito boa essa matéria parabéns a quem fez, continue com esse trabalho maravilhoso leio sempre o jornal gosto muito.

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Cláudia Abreu 16/01/2024

Reportagem maravilhosa, tenho muito orgulho de fazer parte desta história! Com certeza esta mestra do conhecimento merece todos os nossos aplausos! Tenho muita sorte e sou infinitamente feliz por ela ter me escolhido como mãe!♥️????????????????????????????????????

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Marcia 15/01/2024

Que lindo trabalho você tem feito Carol e minha sobrinha neta de parteira mirim. Que Deus abençoe sempre e te proteja !!! Toda a minha admiração !!! ❤️❤️❤️❤️❤️

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Marcia Cândido 15/01/2024

Caroline é uma alma designada a transbordar amor. Esse resgate de uma tradição tão antiga que esteve em desuso pelas mulheres, voltou a ter um olhar de admiração e busca por essa experiência. Estar unida ao obstetra e a parteira é uma nova opção de se ter um parto perfeito. Amo esse Ser que só me dá orgulho, vi crescer e florescer!!! Deus te abençoe minha sobrinha querida !!!

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GIANI MARIA GRANDO 14/01/2024

Minha avó era parteira, assim como a Caroline, ajudou muitas mulheres a trazer seus filhos à luz de uma nova vida. O parto é um momento mágico, mas de muita insegurança para as mulheres. Ter esse olhar feminino e de apoio, com conhecimento técnico sobre todas as possíveis intercorrencias de um parto, garante segurança às mulher em trabalho de parto. Este espaço de conforto, segurança e empatia, criado por uma parteira, é fundamental para que a magia deste momento possa acontecer. Eu sempre digo: nada do que o ser humano inventou é melhor do que as criações de Deus. Não existe cesariana que possa ser melhor que um parto natural, quando isso é possível! Parabéns Carol, por ter seguido o chamado da sua alma! Deus se manifesta em vc a cada parto que realiza! Que seu trabalho possa ser cada vez mais valorizado e que as parteiras possam voltar a cumprir suas missões com o maior número possível de mulheres! Nós e nossos filhos merecemos ;)

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Roberto de Abreu 14/01/2024

Espetacular essa reportagem …????????✨

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6 comentários

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