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Reportagem Especial Terça-feira, 23 de Agosto de 2011, 13:24 - A | A

Terça-feira, 23 de Agosto de 2011, 13h:24 - A | A

Campo Grande 112 anos: população diz o que a cidade tem de melhor e de pior

Valquíria Oriqui - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Prestes a completar 112 anos, o que Campo Grande tem de melhor e de pior? Trânsito, segurança pública, área social, atenção aos idosos, lugar para namorar, oportunidades para trabalhar e estudar. São variadas as opiniões encontradas nas ruas pela reportagem do Capital News.

A enquete com a população é a primeira das reportagens alusivas ao aniversário da cidade, comemorado no próximo dia 26, sexta-feira. Até lá, outras matérias jornalistas retratarão a cidade e ainda o perfil de quem a transforma: o campo-grandense.

Morando em Campo Grande, há mais de 30 anos, Tereza da Silva Costa, de 65 anos, vê no coração da cidade um dos pontos negativos. Ela lamenta o estado da Praça Ary Coelho.

“Não dá nem vontade de passear nessa praça, está muito suja. Se você comprar um saquinho de pipocas tem que dividir com as pombas, que acabam vindo comer dentro do saquinho. Fora o banheiro que é imundo. Deveriam construir um banheiro público e colocar alguém para tomar conta”, reclama a trabalhadora de serviços gerais em um prédio da Avenida Afonso Pena.

Divorciada e mãe de seis filhos, Tereza destaca que a Capital possui diversos pontos positivos, um deles é o cartão integração. “Com o cartão eu consigo pegar alguns ônibus e chegar ao meu destino pelo preço de uma passagem”, destaca ela.

Elisabethe Magalhães, de 60 anos, se diz apaixonada pela Cidade Morena. “Eu nasci e fui criada aqui, não saio daqui por nada”, diz Elisabethe ao destacar que um dos pontos positivos da cidade é a atenção que se tem com a “Melhor Idade”.

“A terceira idade dos dias de hoje não fica mais sedentária dentro de casa. Existem distrações para essas pessoas, como trabalhos manuais e academias”, completa Elizabethe.

Um fator negativo apontado pela trabalhadora de serviços gerais é a existência de mendigos nas ruas. “A cidade podia ter um abrigo para essas pessoas. Construir um lugar com hortas e granjas para que pudessem trabalhar, pois tem muita gente com estudo por aí”, afirma ela.

A jovem Adriely Pereira da Silva, de 21 anos, cursa o terceiro colegial do ensino médio. Ela também destaca a Praça Ary Coelho como um dos pontos negativos da cidade. Porém, ela vê na Praça do Rádio uma opção de lazer. Nascida em Campo Grande, ela assegura que não pretende ir embora tão cedo.

A costureira Deilde Maria Camargo, de 66 anos, chegou na Capital sul-matogrossense há 47 anos. Com a marca do tempo visivelmente estampada no rosto, dona Deilde reclama da falta de uma fábrica em Campo Grande. “Falta uma fábrica grande aqui pra gente poder trabalhar”, diz a trabalhadora ao destacar o bairro em que mora, o Tarsíla do Amaral, como um dos pontos positivos da Cidade. “Eu adoro o meu bairro!”.

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Deilde Maria Camargo, 66 anos
Foto: Deurico/Capital News

A jovem Juliana de Jesus Ferreira, de 18 anos, não reside em Campo Grande, mas costuma passear sempre por aqui. Para ela, as oportunidades de estudo e trabalho são os aspectos positivos da cidade. O ponto negativo é a falta de segurança.

“O índice alto de violência deixa as pessoas assustadas em andar de noite pelas ruas da Capital”, comenta a jovem que reside em Ribas do Rio Pardo, mas que pretende cursar psicologia em uma universidade de Campo Grande.

O Parque das Nações Indígenas, um dos cartões postais de Campo Grande, é destacado por Abadia Felizola dos Santos, de 27 anos, como um dos lugares mais gostosos de passear. “Eu gosto de passear com minha família no Parque das Nações, já que Campo Grande ao tem muitas opções de lazer”, destaca ela.

A antiga rodoviária é apontada pela mulher, como um dos pontos negativos da Capital. “O local está feio e dá medo de passar por lá. Não oferece segurança para a população que circula por ali. Lá está cheio de pessoas drogadas e mulheres da vida”, enfatiza Abadia que nasceu em Campo Grande, é casada e mãe de cinco filhos.

Antônio Eli, de 58 anos, trabalha há 10 anos vendendo sorvete na Praça Ary Coelho. Para ele, Campo Grande sofreu influência de Curitiba (PR). “Lúdio Coelho trouxe as influências de lá par cá”, diz ele ao relembrar de quando sentava na Praça para namorar a atual esposa, escutar música ambiente e desfrutar da fonte colorida.

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Antonio Eli, 58 anos
Foto: Deurico/Capital News

O mesmo local que traz boas lembranças para o trabalhador, a Praça Ary Coelho, também é local de tristeza. “Hoje tem muitas crianças drogadas por aqui. Elas cometem curtos para alimentar o vício. A polícia prende hoje e solta amanhã”, comenta ele ao dizer que o local será valorizado após o processo de revitalização.

Antônio Blema, de 73 anos, nasceu em Santa Catarina, mas mora em Campo Grande há um bom tempo. Para ele, um dos pontos negativos na cidade é a quantidade de pessoas drogadas e embebedadas a luz do dia. “Tem gente vendendo droga durante o dia aqui na praça e a polícia não faz nada”, desabafa ele.

Apesar disso, Blema destaca como ponto positivo o fim do manuseio do dinheiro dentro dos ônibus de Campo Grande. “Este cartão vai acabar com os assaltos que vêm ocorrendo dentro dos ônibus, além do motorista não ter mais que desempenhar duas funções”, afirma o homem que mora em Campo Grande com a esposa há 10 anos e que não pretende se mudar daqui.

Anderson Pereira Peró, de 21 anos, destaca o trânsito de Campo Grande como um dos fatores negativos na cidade. “A pressa e a falta de respeito das pessoas faz com que o trânsito se encontre na situação que está hoje”, diz ele.

Em contrapartida, ainda no trânsito, Peró destaca algo bom: a questão do Cartão de Integração. “Com o cartão não precisamos mais andar com dinheiro no bolso, sendo assim, o número de assaltos aos ônibus tende a diminuir”, diz Peró, que veio de Aquidauana para Campo Grande com a família há quatro anos.

Marcos Roberto Velasque dos Santos, de 30 anos, considera Campo Grande uma cidade arborizada. “Gosto do clima daqui, da vegetação, acho bem arborizada”, diz ele. Um dos pontos negativos destacados por Marcos é a questão do número reduzido de veículos para o transporte coletivo.

“Acho que tem poucos ônibus disponíveis para atender as linhas da Capital. Além disso os veículos ficam lotados e a passagem é muito cara. Acho que uma Capital como Campo Grande poderia ter mais veículos disponíveis para a população”, desabafa Roberto que mora em Campo Grande com a família há quatro anos.

O adolescente João Pedro, de 15 anos, ao ser questionado sobre um dos pontos negativos da Capital, destaca a atuação dos policiais. “Eles não respeitam os menores. Muitas vezes chegam perto da gente, nos revistam e chegam até a bater na gente, e não adianta reclamar que é pior”, diz o adolescente ao ressaltar o Horto Florestal como um dos pontos positivos da Cidade.

O mototaxista Edilson dos Santos, de 32 anos, trabalha no trânsito de Campo Grande há 10 anos. Para ele, este é um dos fatores negativos na cidade. “O campo-grandense não sabe dirigir. A cidade é sinalizada, mas a população não conhece a sinalização, por isso está do jeito que está. Além disso, as pessoas são mal educadas”, afirma o trabalhador que não pretende se mudar daqui.

Apesar disso o trabalhador acha que a cidade é limpa, bonita e bem organizada. “Campo Grande não tem favelas, isso a torna uma cidade bonita e diferente. A tendência dessa cidade é só crescer”, destaca.

Paulo Fialho de Souza, mais conhecido como Mestre Mato Grosso, de 51 anos, veio da Bahia para Campo Grande quando ainda era criança. Paulo guarda recordações boas e nem tão boas da vida que construiu aqui.

Para ele, a antiga rodoviária é um dos pontos negativos, pois o local causa uma sensação desagradável espiritualmente. “Eu estava com muitos alunos quando resolvi abrir uma academia ali. Depois de um tempo perdi todos os alunos”, conta ele.

O Mercadão Municipal é um dos lugares positivos destacado pelo Mestre, que, além de trazer lembranças de uma época ruim, época em que para matar a fome ele dependia da boa vontade das pessoas, traz também lembranças boas. “Na Bahia eu estava morrendo, aqui eu estou vivendo”, desabafa o Mestre de Capoeira.

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Paulo Fialho de Souza, Mestre Mato Grosso, 51 anos
Foto: Deurico/Capital News

O melhor é o povo
Durante a enquete realizada no Centro de Campo Grande, a reportagem do Capital News encontrou a primeira dama da cidade, Maria Antonieta Amorim Trad.

Ao ser questionada sobre os pontos positivos da cidade, Antonieta foi direta. “A população! Eles são o que há de melhor nesta cidade”. Sobre os aspectos negativos, a primeira dama diz que não há. “Não tenho pontos negativos para destacar. Campo Grande tem só pontos positivos, e o que pode ser recuperado e melhorado está sendo feito”, garante a primeira dama.

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Maria Antonieta Amorin, primeira dama de Campo Grande
Foto: Deurico/Capital News

Cidade planejada no verde
Campo Grande foi fundada por colonizadores mineiros, que vieram aproveitar os campos de pastagens nativas e as águas cristalinas da região dos cerrados. A cidade foi planejada em meio a uma vasta área verde, com ruas e avenidas largas.

Relativamente arborizada e com diversos jardins por entre as suas vias, apresenta, ainda nos dias de hoje, forte relação com a cultura indígena e suas raízes históricas. Por causa da cor de sua terra (roxa ou vermelha), recebeu o carinhoso apelido de Cidade Morena.

A Capital Morena conta atualmente com quase um milhão de habitantes e, segundo pesquisa feita em 2006 pela revista Exame, Campo Grande é a 28ª melhor cidade do Brasil em infraestrutura.

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