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Política Quarta-feira, 17 de Março de 2021, 15:54 - A | A

Quarta-feira, 17 de Março de 2021, 15h:54 - A | A

Sessão Ordinária

Vereadores debatem medidas restritivas e ampliação de leitos na Capital

Debate ocorreu por meio de live transmitida pelas redes sociais da Casa de Leis

Lethycia Anjos
Capital News

Divulgação/CMCG

Vereadores debatem medidas restritivas e ampliação de leitos na Capital

Lives foram retomadas nesta quarta-feira

Devido o avanço da pandemia de coronavírus em Campo Grande, vereadores debateram, na primeira live do ano da Câmara Municipal, a adoção de medidas mais restritivas para diminuir  contágio e a ampliação de leitos de UTI nos hospitais, visto que o sistema de saúde da capital encontra-se em colapso.  Neste mês, a pandemia completa um ano na Capital, mostrando um cenário bastante preocupante, com 79,4 mil casos confirmados, 465 pessoas internadas e 1.624 óbitos. 

 

O debate foi iniciado pelo pelo vereador e presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, Dr. Sandro Benites (Patriota), o parlamentar fez um retrospecto da pandemia. Segundo o vereador, de março a junho, a cidade havia controlado as notificações. Contudo, nos meses de julho e agosto, as notificações e internações aumentaram. “Mas, não tivemos colapso da saúde, a ponto de fecharmos hospitais e as pessoas não conseguirem entrar”, afirmou Benites. 

 

Dados do boletim repassado pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), e apresentados na live pelo vereador Victor Rocha (PP), vice-presidente da Comissão de Saúde, mostram que das 465 pessoas que estão internadas em Campo Grande, 210 estão em leitos de UTI (117 leitos públicos e 93 leitos privados), 255 estão em leitos clínicos (100 em leitos públicos e 155 em leitos privados).

 

Victor Rocha citou algumas ações implementadas nos últimos dias, como a implantação de 44 novos leitos de UTI pela prefeitura, abertura de seleção para contratação de 40 enfermeiros e 30 fisioterapeutas, além de planejamento de ampliação de unidades para se tornarem mais resolutivas. De acordo com o vereador foi apresentada ainda, em reunião na Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), a sugestão de adoção do tratamento precoce da Covid-19, logo no aparecimento dos primeiros sintomas. No começo do ano os vereadores aprovaram um projeto que autoriza a prefeitura a realizar compra emergencial, Também foi aprovada a proposta que ratifica protocolo de intenções firmado entre municípios com objetivo de adquirir vacinas para combate à pandemia do coronavírus.

 

Em relação às medidas restritivas, o vereador Prof. André Luís (Rede), especialista em Doenças Tropicais e Saúde Internacional, enfatizou a necessidade da criação de um gabinete de segurança com intuito de discutir ações de enfrentamento à pandemia na Capital. “A pandemia é um fenômeno mundial, em que todos estamos apanhando e aprendendo. Nova Zelândia e Portugal, países que tiveram registros mais leves inicialmente, também enfrentaram agravamento. Existem testes que não estão detectando novas cepas e a tendência é haver agravamento”, ressaltou o parlamentar, salientando que os jovens representam a maioria dos infectados atualmente.

 

O parlamentar reforçou a preocupação com o transporte coletivo, visto que os ônibus seguem lotados em determinados horários, contribuindo no contágio do vírus. “Estamos tratando o corona como se fosse noturno, pois só não se pode sair depois das 20h. Mas ele está em todos os ambientes e horários”, afirmou Prof. André Luís. 

 

Otavio Trad (PSD), vereador presidente da Comissão de Legislação e Justiça da Câmara, divulgou informações relacionadas aos decretos municipais em vigor devido à pandemia. Trad relembrou que no mesmo período no ano passado, a prefeitura de Campo Grande foi uma das primeiras a adotar medidas restritivas, como fechamento de parques e praças e suspensão do comércio, contudo não chegou a ser implementado na cidade.  “Estamos tendo agravamento em todo País, os leitos de UTI estão mais escassos e há uma sensação de impotência do ponto de vista da saúde pública. Recentemente, tivemos decreto do Governo estadual que trouxe um pouco de polêmica referente à questão econômica. Há preocupação com a questão financeira, afinal, estabelecer medidas restritivas é diferente um ano depois da pandemia, em que a população já tem tido dificuldades financeiras”, ressaltou Trad via assessoria.   

 

Conforme Decreto estadual o toque de recolher é válido das 20h às 5h de segunda a sexta-feira, em todos os municípios de Mato Grosso do Sul. No final de semana, os estabelecimentos de atividades consideradas não essenciais estão autorizadas a funcionar das 5h às 16h. 

 

Sobre um possível Lockdown no estado, o vereador Tabosa (PDT) ressaltou que “vidas não voltam mais” e defendeu a necessidade de “fechar tudo no mínimo dez dias e o poder público cuidar das pessoas que neste período vão ficar nas suas casas”. O parlamentar disse ainda que 300 leitos de UTI são insuficientes. “Pessoas estão nas UPAs. Nossos servidores, heróis da saúde, estão no limite. Vai chegar o momento em que eles não vão aguentar. Não vão fazer mais nem plantão”, alertou via assessoria. 

 

Dr. Loester (MDB) relembrou que anteriormente defendia o lockdown, mas reconheceu a dificuldade da aplicação da medida. “Temos que procurar meios para não chegar neste ponto. O que não podemos fazer é jogar toda a culpa no prefeito. O mundo não estava preparado para a pandemia. Temos que ter melhores condições. Se for necessário lockdown temos que dar força para resolver essa situação”, explicou. 

 

A vereadora Camila Jara (PT), contestou os protocolos de classificação de gravidade dos casos de Covid, e diante aos números atuais, questionou se Campo Grande deveria adotar medidas restritivas mais restritivas. “O vírus já está em circulação e por isso estamos tendo mutações que estão atingindo os mais jovens. Por que não olhamos exemplos de alguns municípios brasileiros ou até de outros países, como Canadá e Nova Zelândia?. Temos que avaliar essas experiências que deram certo. Nas Upas encontramos pessoas com e sem Covid juntas no mesmo espaço. Se protocolo indicar que precisamos fechar, temos que fechar, mas  precisamos falar do amparo para as pessoas que não tem condições. Temos exemplo de cidades que estão tendo auxílio para essas pessoas e isenções aos empresários”, enfatizou a vereadora.  

 

Para o  vereador Dr. Sandro Benites há dificuldades na adoção de lockdown, visto que o vírus está circulando e as pessoas precisam ir no mercado, na padaria, na farmácia, entre outros. O vereador  avalia que no Brasil grande parte da população precisa “trabalhar num dia para comer no outro”. Benites também enfatizou a importância da vacinação.  “Precisa ter consciência coletiva que pertence a uma cidade, a uma nação. Hoje, a pessoa pode ter dinheiro que não consegue leito de UTI, todos os sistemas estão entrando em colapso”, disse via assessoria. 

  

A live foi transmitida por meio das redes sociais e o público participou encaminhando perguntas, que foram respondidas pelo vereador Dr. Sandro Benites. 

 

Uma das perguntas foi relacionada às escolas particulares, que mesmo com o agravamento da pandemia, continuam abertas, conforme as medidas de biossegurança. O vereador respondeu que,  “as crianças têm proteção natural em relação ao coronavírus. Tem imunidade e receptor diferente, tanto que quintuplicamos o número de UTI adulto e a UTI pediátrica e neonatal até reduzimos. As crianças estão protegidas”. 

 

Estudantes de medicina, que atuam na na linha de frente de combate ao coronavírus, cobraram dos parlamentares um posicionamento sobre o fato de ainda não terem sido vacinados. Benites explicou que houve conversa com o secretário municipal de Saúde, José Mauro de Castro, onde foi decidido que todos seriam imunizados. 

 

Durante a sessão, um cidadão questionou a desativação do Hospital de Campanha, no ano passado. O vereador salientou que, “todos no Brasil foram desativados porque precisamos de UTI, então (o hospital de campanha) não resolve porque não é o que precisamos no momento. Foi erro estratégico que não pode ser repetido agora”.

 

A população também questionou a necessidade de fortalecimento da atenção básica de saúde. “Nos primeiros sintomas, deve-se procurar o médico. Tem dor de cabeça, diarreia, fique de olho aberto, principalmente se for diabético. Nem sempre há falta de ar. Homem grisalho ou calvo antes dos 50 anos também é grupo de risco. Sedentarismo e obesidade também. Profissionais da saúde precisam passar por treinamento para essas orientações”, respondeu o vereador.

 

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