O proprietário da empresa MDR, Mamede Dib revelou que o prefeito Alcides Bernal teria pedido que ele assinasse um documento reincidindo o contrato que ele tinha com município até janeiro de 2014 para o fornecimento de alimentos secos, como arroz, feijão, farinha para Centros de Educação Infantis (Ceinfs) e Centros de Referência de Assistência Social e abrigos.
A informação foi apresentada nesta terça-feira (23), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que apura a inadimplência da Prefeitura de Campo Grande com fornecedores e prestadores de serviço da Capital.
“O prefeito me chamou no gabinete, e deu um documento e disse, assina que te pago, o documento era uma recisão do contrato. Eu assinei no desespero, nem o que estava escrito eu sei, mas ainda não recebi”, comentou Dib.
O caso
Dib comentou que em 2011 venceu a licitação e sempre seguiu as exigências do contrato, como a licença do Inmetro e do Ministério da Agricultura. No final do ano passado, ele conseguiu um aditivo de doze meses, prorrogando o contrato até janeiro de 2014, mas demorou cerca de 90 dias para receber os primeiros pagamentos deste ano.
Ele até chegou a procurar o prefeito para conversar, pois a Prefeitura não fazia mais pedidos por meio requisições. Em 29 de janeiro fez um pedido de informações, mas ficou sem resposta.
O empresário comentou que o Prefeito começou a desqualificar seus produtos para que ele reincidisse o contrato. “A melhor defesa do prefeito foi o ataque, ele começou ir desqualificar minha empresa, alegando que havia falta de pontualidade e má qualidade dos produtos que eu fornecia. E lógico que ele queria trocar, se nós temos todos os requisitos da licitação, ficou nítido que eles queriam trocar a fornecedora” comentou.
O pagamento dos três primeiros meses do ano veio somente 90 dias depois, cerca de R$ 550 mil. Ele contou que não agüentava mais pagar juros de dívidas e atrasos com funcionários e fornecedores.
O fornecimento de alimento foi mantido ainda nos meses de abril e maio, a dívida ainda está em aberta no valor de R$ 415 mil. Em decorrência dos atrasos, ele demitiu 40 funcionários da empresa.
O prefeito teria justificado os atrasos dizendo que o contrato aditivo era irregular. “Mas por que ele não cancelou o contrato em janeiro”, questionou Dib, apresentando um documento de autorização de fornecimento de alimentos assinado pela secretária Thais Helena.
Licitação
O empresário acusa a Salute, empresa que venceu a nova licitação para o fornecimento de alimentos aos Ceinfs de ter sido favorecida no pregão.
De acordo com o empresário na abertura dos preços do pregão, a Salute jogava os valores R$ 0,30 abaixo das outras propostas. “A Salute jogava 30 % mais barato que os concorrentes, chegando a ficar até mais barato do que o preço de custo das mercadorias”, comentou.
O vereador Elizeu Dionízio (PSL) pediu que a CPI oficie o Prefeito pedindo informações sobre essa recisão e questione quem forneceu os alimentos para o Ceinfs , Cras e abrigos nos meses de junho e julho, quando não havia nenhum fornecedor contratado. A dúvida é se a Salute forneceu os alimentos.